30 alunos estão sem transporte devido à má condição das estradas do Distrito de Santo Antão

Cerca de 30 alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Intendente Manoel Ribas, no distrito de Santo Antão, estão sem transporte escolar desde o dia 7 de junho. A empresa licitada e responsável pelo transporte, a Salgado Filho, alega que não existem condições de seguir trafegando em alguns trechos, por conta da má qualidade das estradas que ligam o distrito a outras localidades. Desde a última semana, alunos e comunidade escolar se movimentam para cobrar a melhoria dos acessos, assim como iluminação pública e resolução de problemas estruturais da escola.

Conforme os pais dos alunos, as estradas que deixaram de ter o transporte ativo foram a Gentil Dalla Lana, Divino, Antena, a estrada para Etelvina, o Rincão e a Santa Teresinha. Nesses percursos, os motoristas do transporte alegam a presença de buracos, pedras e galhos, além da facilidade em atolar no dia de chuva, que impedem o pleno funcionamento do serviço. A maioria das famílias afetadas não possui automóvel, o que implica no deslocamento a pé de alunos de 4 a 7 anos até a escola, em estradas de terra e sem acostamento.

— As crianças estão vindo [a pé] até um trecho, crianças desde 4 e 5 anos, se arriscando de passar um outro veículo e atropelar eles, ou até um cachorro pegar. Eu, como mãe, quero ter a tranquilidade de que meu filho está sendo levado e trazido com segurança — relata a mãe Juliana Mayer da Rosa, 36 anos.

Por conta dos deslocamentos a pé, a falta dos alunos é ainda maior em dias de chuva. De acordo com a diretora da escola, a professora Luciane Mafini Schlotlfeld, praticamente todos os alunos afetados deixam de comparecer às aulas em dias de chuva forte, impossibilitados por conta do trajeto arriscado na estrada com lama.

— Nossa preocupação é que os alunos não faltem, e que todo esse processo de reformulação da estrada ocorra o mais rápido possível, em função de que o ano letivo está em decorrência, e existe muita lacuna de aprendizagem em razão do tempo que os alunos ficaram na escola — afirma a diretora.

Alunos se mobilizam

Com cartazes, alunos da escola se mobilizam em busca de melhorias no transporte, na iluminação e na estrutura da escola

Na manhã da última sexta-feira, cerca de 20 alunos organizaram uma mobilização na área coberta da escola. Com cartazes, os estudantes pediam por melhorias na estrada, no transporte, na estrutura da instituição e até mesmo quanto à possibilidade de fechamento da unidade de Estratégia Saúde da Família de Santo Antão, negada pela secretaria de Saúde.

Entre os alunos, estava Erica Silveira, moradora da estrada do Divino. Afetada pela falta de transporte, ela carregava o cartaz com a frase “O transporte não passa na minha rua por causa da rua quando chove”, que relata o problema sofrido diariamente por ela, que depende que o pai a leve até um ponto de encontro para pegar o ônibus pela manhã. À tarde, ela retorna sozinha para casa.

— Quando chove, e a rua fica alagada, o motorista não consegue me pegar. Eu preciso ir até um ponto pra pegar, só que preciso que meu pai me leve, só que às vezes o motorista não me espera. Quinta eu quase perdi e sexta eu perdi, meu pai teve que me trazer. Depois eu volto sozinha pela rua embarrada — conta a aluna.

Quanto à estrutura, a escola apresenta rachaduras nas paredes, causadas pela instabilidade do solo em que foi construída. Segundo a secretaria de Educação, a busca de terreno para construção de uma nova estrutura já está em andamento, e deve ser resolvida em cerca de 30 dias.

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O que diz a empresa e a secretaria

Em contato com o gerente de pessoal da empresa Salgado Filho, Gesiel Esmeiro, foi informado que as estradas do Distrito de Santo Antão não possuem “condição de trafegabilidade”, e por isto alguns locais de acesso às residências dos alunos não podem ser transitados pelos micro-ônibus. Ainda, foi informado que a empresa “presa pela segurança dos funcionários e alunos”, e que por este motivo o funcionamento do serviço de transporte escolar só deverá ser retomado após as melhorias da estrada.

Um dos motoristas que deixou de fazer alguns percursos do Distrito foi Luís Eduardo Oliveira Bastos, reclama do acesso de todas as localidades, principalmente na estrada da Antena, que possui galhos de árvores que encostam no micro-ônibus ao desviar de buracos, causando até a quebra de vidros das janelas:

— É muita buraqueira, árvore pegando nas janelas e quebrando os vidros, quebram as molas, e amortecedores. É muito ruim o acesso. No Divino eu já atolei duas vezes e foi muito sacrifício para sair. É péssima a estrada — afirma o motorista.

Reparos nas vias já estariam em andamento e previstas em cronograma para serem executadas, segundo o secretário de desenvolvimento rural Rodrigo Menna Barreto. O atraso na execução das obras seria em função do clima instável, mas que deve ser retomada nesta semana, a partir da estrada do Divino.

— Nós estamos em um período bastante chuvoso, e para fazermos qualquer intervenção nas estradas a gente precisa de dois a três dias de sol. As nossas pedreiras são no interior, então em período de chuva é complicado — justifica o secretário.

Eduarda Costa, [email protected]

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