2021 teve o primeiro semestre com mais mortes na história de Santa Maria

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Pedro Piegas (Diário)

Santa Maria registrou, pela primeira vez, uma redução da população em um semestre. Entre janeiro e junho de 2021, a cidade teve o maior número de mortes para o período na história. Ao mesmo tempo, o número de nascimentos é o menor desde 2003. As informações são da Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado do Rio Grande do Sul (Arpen/RS).

O nome dado ao aumento da população é crescimento vegetativo. Quando há mais mortes que nascimentos, ocorre o chamado crescimento vegetativo. Segundo o presidente da Arpen/RS, Sidnei Hofer Birmann, é raro que esses fenômenos aconteçam simultaneamente. Ele acredita que ambos são consequências da pandemia, ainda que de maneira diferente.

- Esse fenômeno significa uma redução de população. É muito sutil, é uma vez na história. A pandemia é responsável tanto pelo aumento das mortes quanto pela redução dos nascimentos - afirma.

Não diretamente pela Covid-19, a pandemia afetou a taxa de natalidade. Birmann associa a instabilidade sanitária e econômica causada pela crise como causa para esses dados.

- Mais mortes não são novidade. Mas, quanto aos nascimentos, isso se dá pelo momento em que vivemos. No ano passado, no início da pandemia, o número foi normal. Caiu bastante em razão da pandemia, questão de saúde pública mesmo, com pessoas mais apreensivas, principalmente pelo risco das mulheres na gestação com a Covid. A questão financeira é importante nesta dimensão, em relação a emprego, trabalho e planejamento familiar - analisa.

NÚMEROS
Os cartórios santa-marienses registraram 1.740 óbitos até o final do mês de junho. O número, que já é o maior da história em um primeiro semestre, é 48,7% maior que a média histórica de óbitos no município.

Em relação ao mesmo dado do ano passado, o número é 59,7% maior. Na época, a cidade já vivia a pandemia há quatro meses. Já com relação a 2019, ano anterior à chegada da pandemia, o aumento no número de mortes foi de 60,6%.

NASCIMENTOS
Com relação aos nascimentos, Santa Maria registrou o menor número de nascidos vivos em um primeiro semestre desde o início da série histórica em 2003. Até o final do mês de junho foram registrados 1.699 nascimentos.

O número é número 11% menor que a média de nascidos na cidade desde 2003, e 12,6% menor que no ano passado. Com relação à 2019, ano anterior à chegada da pandemia, o número de nascimentos caiu 24,8% no município.

CRESCIMENTO NEGATIVO
O resultado da equação entre o maior número de óbitos da série histórica em um primeiro semestre e o menor número de nascimentos da série no mesmo período resultou em um crescimento vegetativo negativo da população em um semestre no município.

A diferença entre nascimentos e óbitos seguia a média de 739 nascimentos. Em 2021, o número de óbitos superou em 41 óbitos os nascimentos no semestre, o que significa uma redução de 105,5% na variação em relação à média histórica. Em relação a 2020, a queda foi de 104,7%. Na comparação com 2019, foi de 103,4%.

PROJEÇÃO
Uma vez que a pandemia foi fator importante para os números atuais, a atenuação e final do momento pandêmico pode apresentar nova tendência. De acordo com Birmann, até pode haver uma mudança no segundo semestre, mas ainda tímida.

- Nós tivemos um primeiro semestre muito difícil. Foi o ápice da pandemia. Para que no segundo semestre houvesse mais nascimentos, a gestação seriam no primeiro semestre. Então, acredito que a variação dos efeitos da pandemia vá ser pequena - projeta.

Com avanço de vacinação e recuperação econômica, a normalidade neste sentido também pode ser retomada. É considerável que menos pessoas vão morrer pela Covid e mais crianças nasçam. O efeito não é de curto prazo, já que a imunização não é imediata, e gestações levam meses.