Foto: Tales Trindade (Diário)
Fotografia aérea mostra como está o local um ano depois da tragédia.
Nesta quarta-feira (1°) completa um ano do deslizamento de terra no Morro Cechella que matou mãe e filha e desalojou outras tantas famílias. O Diário revisitou a Rua Canário, no Bairro Itararé, e conversou com a população que ainda reside no local e com outras que, atualmente, são beneficiadas por programas sociais da prefeitura e do governo federal. A Rádio Central Diário de Notícias (CDN, 93.5 FM) entrevistou ao vivo com o secretário de Habitação e Regularização Fundiária da prefeitura de Santa Maria, Wagner Bitencourt, que apontou as medidas realizadas em relação às residências um ano.
+ Receba as principais notícias de Santa Maria e região no seu WhatsApp
Bitencourt reforçou que há um estudo técnico que aponta a Rua Canário como local de risco, enquadrado na classificação R4 (risco muito alto). Segundo ele, as avaliações devem continuar e as classificações de risco também podem ser revisitadas com alterações.
– Nós vamos devolver a rua para o morro. Já existem laudos que mostram que a localidade é imprópria para habitação. O parcelamento de solo não é regular. Aqui, não há como fazer obras de infraestrutura que sejam suficientes para manter a vida das pessoas. Por que vamos arriscar? As pessoas chegam e nos questionam "Vocês vão fazer estudos? Não vão parar de fazer estudos?" E nós respondemos que não vamos parar de estudar a área. Enquanto tiver o morro, teremos que fazer o estudo para dizer das reais condições. E os estudos aqui não são favoráveis para habitação. Temos exemplos de outras localidades que já foram reclassificadas para R3, local onde as pessoas podem voltar para as suas casas. Aquela classificação de R4, não arriscaremos perder mais vidas. Não dá para trabalhar com achismo com a insegurança – afirma o secretário.
Quanto às famílias retiradas do local, 135 famílias estão no Aluguel Social ou na Compra Assistida. Os dados completos podem ser conferidos aqui.
– Certamente,não estamos na velocidade que gostaríamos, mas analisando a conjuntura das cidades atingidas pela calamidade e a resposta em termos de realocar as famílias e prover habitação, Santa Maria vem em uma marcha acelerada. Esse assunto é muito delicado, muito sensível. E certamente estamos colhendo muitos aprendizados, com esse momento passado que ainda vivemos. A questão da habitação é muito séria. Não podemos investir sonhos onde o solo não sustenta os nossos sonhos. A Rua Canário é imprópria para habitação. Temos diversas áreas de risco ainda no nosso município que precisamos trabalhar e precisamos lembrar a comunidade de que a vida é mais importante. Não dá para se arriscar nesta situação – ressalta Bitencourt.
O secretário ainda rememorou o momento em que recebeu a notícia do deslizamento de terra há um ano e o valor do investimento feito para garantir habitação às famílias:
– Há um ano, eu recebia ligação em que me falavam que o morro estava descendo. E não dá tempo. É muita insegurança. A nossa ideia é prover habitação. O aprendizado maior é que aquilo que está pronto é mais fácil de resolver. A prefeitura vai trabalhar intensamente para comprar imóveis e reduzir ao máximo as habitações em áreas de risco. E ela (habitação) é uma matéria cara, gira em torno de R$ 200 mil apenas uma delas (moradia) de interesse social, e é um recurso que hoje se precisa trabalhar muito para que os cofres públicos tenham esse dinheiro disponível para poder alcançar.
Vítimas do deslizamento na Rua Canário em 1° de maio de 2024
- Liane Ulguin da Rocha – Casada e mãe de três filhos, Liane, 45 anos, era decoradora. Ela foi encontrada nos escombros da casa no dia seguinte ao deslizamento
- Emily Ulguin da Rocha – Estudante do Ensino Médio, Emily completaria 18 anos no dia 6 de maio. Ela foi encontrada na mesma tarde em que ocorreu o deslizamento
Confira detalhes sobre habitação para moradores em áreas de risco aqui.
Confira detalhes sobre o Plano Municipal de Redução de Risco aqui.
Veja a entrevista completa abaixo