com a palavra

Padre Alexsandro Miola fala sobre a atual conjuntura do ensino de Santa Maria

Gabriele Bordin

Fotos: Arquivo Pessoal

Nascido na cidade de Verê, região sudoeste do Paraná, Alexsandro Miola é padre palotino. Entre os anos 2003 e 2017, ele fez o curso de Licenciatura em Filosofia e, entre 2007 e 2010, estudou Bacharelado em Teologia, ambos na Faculdade Palotina (Fapas).
Sempre em busca de aperfeiçoamento, entre os anos 2013 e 2017, o padre cursou Ciências Contábeis no então Centro Universitário Franciscano (Unifra), atual Universidade Franciscana (UFN). Aos 34 anos, atualmente, Miola trabalha como diretor do Colégio Antônio Alves Ramos (Pallotti) e da Gráfica Pallotti e também ajuda em celebrações e cursos de formação de lideranças em algumas paróquias de Santa Maria e da região.

Diário - Onde o senhor passou a infância e a adolescência? 
Alexsandro Miola - Os primeiros anos da minha vida foram vividos em família, junto aos meus pais, Rauli Miola e Angelina Gesser Miola, e à minha irmã, Tatiane Miola, em uma área rural de Verê. Com meus pais, aprendi inúmeras atividades do campo, entre elas, produção de leite, agricultura e pecuária. Comecei os estudos em uma escola municipal rural, onde a professora atendia, simultaneamente, alunos de quatro séries. Na sequência, realizei as demais séries no Colégio Estadual Arnaldo Busato, da minha cidade natal.

Diário - Por que escolheu dedicar-se ao sacerdócio e como iniciou a formação religiosa? 
Padre Alexsandro - Ao finalizar o Ensino Fundamental, recebi o convite para ingressar no Seminário dos Padres e Irmãos Palotinos na cidade de Palotina (PR). Assim, em 1999, aos 14 anos, aceitei a nova missão e iniciei um processo de discernimento vocacional. A partir dali, dediquei para viver com intensidade as diversas etapas da formação religiosa. Muitas pessoas me ajudaram neste processo, entre eles, professores, familiares e amigos. Durante este período, amadureci vocacionalmente e, então, decidi ser padre.

Diário - O senhor também é professor. Por que decidiu abraçar a área da educação?
Padre Alexsandro - Os palotinos desenvolvem diversas atividades, as quais chamamos de apostolado. A área da educação está incluída neste funcionamento como um lugar de missão. Desse modo, logo após ser ordenado sacerdote, em 2011, fui convidado pelos meus superiores a realizar o trabalho de gestão do colégio. Desde, então, minha atividade esteve direcionada para o gerenciamento destas entidades. Neste contexto, não atuo diretamente em sala de aula. Minha tarefa consiste em trabalhar para que a instituição possa continuar cumprindo a missão da melhora maneira possível. Para isso, é necessário ter uma estrutura física adequada e também um grupo motivado a desenvolver seus processos.

Diário - E como define a experiência na gestão de uma das escolas mais tradicionais da cidade?
Padre Alexsandro - O "Patronato", como carinhosamente é chamado, teve origem em 1929. Logo, são 90 anos de existência. Estar à frente desta instituição é um privilégio e, ao mesmo tempo, um grande desafio. Todos os dias, temos a oportunidade de vivermos novas aprendizagens. No entanto, dispomos de uma equipe de profissionais, professores e colaboradores apaixonados pela missão de educar. Essa devoção é fundamental para enfrentarmos a rotina. Nossa principal missão é oferecer às famílias que confiam em nosso trabalho uma educação humanizadora, ou seja, com foco no desenvolvimento científico dos nossos alunos, tudo isso conjugado a valores, princípios e práticas que fundamentam a construção de uma sociedade justa e fraterna.

Diário - Qual é a sua relação com Santa Maria? Como percebe as questões relacionadas à prática da fé no Coração do Rio Grande?
Padre Alexsandro - Estou em Santa Maria desde 2003. Praticamente metade da minha vida passei na cidade que tão bem me acolheu. No que diz respeito à fé, tenho convicção que ela é um tesouro importante em nossa vida. Pessoas que cultivam a fé ou a espiritualidade conseguem viver com maior equilíbrio.
O nome Santa Maria revela uma identidade religiosa, uma tradição inerente à comunidade local. O Coração do Rio Grande tem marcas geradas pela história de instituições que tinham, e ainda têm, como referência o aspecto religioso. O cultivo da fé está dentre os desafios destes novos tempos, sobretudo por parte dos jovens. Compreender, acolher e integrar os jovens é um dos objetivos para a igreja. No atual contexto, temos em nossas comunidades e movimentos jovens de fé, comprometidos com a vida e valores do Evangelho.

Diário - O que deve ser prioridade na formação de crianças e jovens?
Padre Alexsandro - Uma palavra que costumo usar diariamente é equilíbrio. Quando perdemos essa característica as consequências podem ser funestas. Passamos por um momento em que as pessoas experimentam certo desequilíbrio, como, por exemplo, atitudes referentes à intolerância no trânsito, a diferenças, impaciência, ausência de compaixão com as necessidades alheias, dificuldade em lidar com frustrações, entre outros. Nascemos humanos. Mesmo assim, precisamos de um ambiente que nos ajude a nos humanizarmos. A família e a escola têm esta missão. Quando falamos em uma educação humanizadora, desejamos preparar crianças e jovens capazes tecnicamente, contudo, sem descuidar de atitudes básicas que revelam nossa humanidade como o respeito, diálogo, ética, solidariedade e compreensão. A prioridade de nosso escola é oferecer uma educação socializadora e capaz de equilibrar as diversas dimensões da vida.

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