Futuro do ensino

Ex-reitor da Universidade de Lisboa fala sobre os desafios da educação

Foto: Pedro Piegas (Diário)

"Não sabemos como será o futuro, mas sabemos que será muito diferente do que é hoje. E sabemos que a escola e a educação também serão muito diferentes". A afirmação é do professor António Manuel Seixas Sampaio da Nóvoa, da Universidade de Lisboa, Portugal, que esteve na cidade nos últimos dias participando de diversas atividades. Um dos compromissos ocorreu no início deste mês, quando recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Na ocasião, falou sobre como educar as próximas gerações. 

Em entrevista ao Diário, Nóvoa destacou alguns pontos que considera cruciais para a educação no Brasil, como os ambientes educativos, os programas e projetos em discussão e a formação dos professores.

- O caminho mais importante, hoje, na educação, é criar um novo ambiente. O ambiente típico de sala de aula, com os alunos sentados em suas carteiras, olhando para um professor dar sua aula com a ajuda de um quadro negro, já não serve mais para as atuais gerações - diz o ex-reitor de uma universidade com mais de sete séculos de história.

COLABORAÇÃO
Para Nóvoa, a preparação dos futuros docentes deve ligar a universidade e as escolas, e é preciso ampliar a ligação entre os dois meios para que os licenciandos possam ter contato com a prática pedagógica, com a realidade das escolas e, assim, internalizar a profissão.

- A formação do docente é uma preparação profissional. E, nesse sentido, é preciso que os professores que já estão atuando participem da formação dos seus futuros colegas. Ou seja, é preciso tornar a docência mais humana, mais colaborativa - ressalta.

IFFar tem 505 vagas abertas para cursos técnicos gratuitos na região

Sobre os projetos e programas em discussão no Brasil, como a educação domiciliar e as escolas cívico-militares, Nóvoa entende que é preciso promover uma transformação, desde que atendam à realidade.

- Essa mudança deve ocorrer em todos os níveis, desde a pré-escola até as universidades. O grande desafio é unir a dimensão tecnológica e digital com a educação humana. Há um autor que diz que a escola e a universidade são um lugar onde se educam humanos por humanos para o bem da humanidade. Por isso, é preciso preparar o professor, mas sem buscar soluções que são inúteis ao futuro - finaliza.

O QUE ELE PENSA SOBRE

O futuro professor - "A única maneira de estarmos preparados para o futuro é reforçarmos as capacidades e as competências dos professores, no conhecimento e na pedagogia, e sermos capazes de criar uma dimensão colaborativa. Isto é, passar de uma profissão que está sozinha na sala de aula para uma que colabore entre si"

Ambiente e tecnologia - "É preciso criar um ambiente educativo em que os alunos possam estudar, em que possam trabalhar uns com os outros, fazer atividades, realizar projetos, em que possa haver mais de um professor naquele espaço, acompanhando alunos. É preciso mudar o ambiente educativo e a maneira de organizar o espaço, o tempo e o trabalho dos alunos"

Os rumos da educação no Brasil - "A minha posição sobre escola é que ela funcione como um espaço público de educação, em que todos estejam envolvidos, onde haja um exercício de tutoria, de liberdade, de participação, de democracia"

Mudanças - "Tudo o que for no sentido de separar, de propor o regresso, tudo o que vai contra a democracia, a diversidade e as diferenças vai no caminho oposto ao que tem que ser as grandes transformações do século 21"

QUEM É

  • António Manuel Seixas Sampaio da Nóvoa nasceu em 1954, em Valença, Portugal
  • É formado em Teatro pelo antigo Conservatório Nacional de Lisboa. Na Suíça, obteve o diploma de estudos avançados em educação, concluindo doutorado pela Universidade de Genebra
  • De 1996 a 1999, atuou como consultor na área de educação para o então presidente da República, Jorge Sampaio
  • Após ser reitor da Universidade de Lisboa, de 2006 a 2013, lançou-se como candidato à presidência de Portugal em 2016, pleito no qual ficou em 2º lugar
  • A relação de Nóvoa com a UFSM começou no ano 2000, quando esteve em Santa Maria para um congresso de formação de professores

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

UFSM tem 7 vagas em concurso para professor Anterior

UFSM tem 7 vagas em concurso para professor

13 bolsas de pesquisa da UFSM são suspensas pelo CNPq Próximo

13 bolsas de pesquisa da UFSM são suspensas pelo CNPq

Educação