com a palavra

Andreia Schorn fala sobre sua trajetória até se tornar diretora de escola em Santa Maria

18.406

data-filename="retriever" style="width: 100%;">

A história de Andreia Schorn, 48 anos, com Santa Maria começou antes mesmo de ela se mudar para a cidade. Nascida em Cruz Alta, a professora morou em diversas regiões do Rio Grande do Sul, mas sempre esperava que o destino a trouxesse para o Coração do Rio Grande. A oportunidade surgiu em 1989, quando ela foi aprovada para Educação Especial, na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Foi no centro do Estado que ela conheceu o companheiro de vida, Ricardo Tramunt, com quem teve dois filhos, Vitor Henrique Schorn Tramunt e João Gabriel Schorn Tramunt. Desde os 7 anos, Andreia sonhava em ser professora. 

Vestibular da UFN tem prova de redação diferente para curso de Medicina

Hoje, ela é diretora da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Sérgio Lopes. Andreia acredita que as mudanças necessárias para a sociedade devem ser pensadas para agora, e não apenas com o intuito de ações futuras. 

Diário - Qual a sua relação com Santa Maria? 

Andreia Schorn - Morei em algumas cidades gaúchas porque meu pai foi bancário e, seguidamente, era transferido. Quase toda a minha escolaridade foi feita em escola pública. Eu sabia que se quisesse continuar meus estudos teria que ser em uma universidade federal e a mais próxima estava localizada em Santa Maria. Quando chegou o momento de fazer o vestibular, escolhi o Coração do Rio Grande para ficar. Na mala, as apostilas de um cursinho popular e um colchão de espuma amarrado com barbante de varal. Creio que um dos meus dias mais felizes na cidade foi o momento em que ouvi meu nome no listão. Sempre erram a pronúncia do meu sobrenome. O radialista repetiu umas três vezes o "Schorn" e aqueles segundos me deram internamente a certeza de que Santa Maria seria o meu lugar no mundo. 

Diário - Você estudou na UFSM?

Andreia - Tive muitas dificuldades para me formar em um curso superior, primeiro por imaturidade ao escolher, inicialmente, carreiras que acabei por desistir e, depois, por questões financeiras. Me tornei mãe duas vezes em um intervalo de um ano. Nesse tempo, me mantive afastada dos estudos por quase 10 anos. Então, me concentrei em criar os meninos e trabalhei em creches particulares. Nesta trajetória, assumi meu primeiro concurso e me tornei professora de jovens e adultos pelo Estado. Em 2004, o Estado fez um convênio com a Universidade Franciscana (UFN), ainda Unifra, para que professores que não tivessem curso superior se formassem. O Estado pagava a metade do valor da mensalidade. O servidor pagava a outra parte. Ingressei, então, no curso de Pedagogia. Depois de quatro anos puxados, me graduei pedagoga pela UFN. Logo, tornei-me professora concursada também do município de Santa Maria. Essa nomeação é um divisor de águas na minha vida. Ela me trouxe muitas coisas maravilhosas. Em 2009, ingressei na rede municipal de ensino. Depois, em 2013, fui premiada como Educadora Nota Dez junto a uma turma de berçário nessa rede. 

Diário - E, então, fez as especializações na UFSM.

Andreia - Sim. Na universidade, cursei a primeira edição da especialização em Docência na Educação Infantil e o mestrado em Educação. 

Diário - O que a escola Sérgio Lopes e a comunidade da Renascença representam para você? 

Andreia - A comunidade da Renascença é a minha comunidade. Eu me sinto parte dela. Estou conectada com as lutas desse lugar. Tenho, efetivamente, lutado para que as esigualdades sociais diminuam por aqui. Meus colegas e eu estamos comprometidos com uma educação antirracista, inclusiva, que respeite meninos e meninas igualmente. Uma educação com a qual crianças, adolescentes e professores tenham autoria. Autoria esta que respeita o ritmo de cada um de aprender e entende que crianças e adolescentes são sujeitos de direitos, que precisam viver em uma escola onde suas vozes sejam consideradas e possam se expressar e se desenvolver com autonomia. Por meio das crianças e adolescentes que estudam na Sérgio Lopes, conheço as famílias que moram nesse lugar. Identifico-me com suas histórias. Mulheres de uma comunidade como a nossa lutam muito para conciliar maternidade, trabalho e sonhos. Sempre digo que tive oportunidades e professores que acreditaram em mim e me fizeram dar um passo adiante quando eu perdia as forças. É isso que, hoje, procuro fazer. Sempre quero inspirar as pessoas. Por isso, escrevo o que sinto, o que aprendi, o que vejo. Meu sonho ainda é escrever um livro sobre os meus olhares cotidianos quando estou na escola. 

Diário - O que espera do futuro para a educação no Brasil? 

Andreia - Estou um pouco cansada de falar no futuro. Quero uma educação pública, gratuita e de qualidade hoje. O nosso tempo é agora. A educação é um dos pilares mais importantes para o desenvolvimento de um país. É por meio dela que se formam cidadãos críticos e conscientes do papel na sociedade. Precisamos olhar hoje para a educação como um direito nosso. 

Diário - E o que pode ser feito por uma educação para todos? 

Andreia - Cabe a nós também reivindicar, cobrar, lutar, trabalhar e dar o nosso melhor para a busca dessa melhoria. Procuro estar sempre militando em todas as manifestações que surgem para defender a escola pública, a democracia e a liberdade. Não tem sentido ser professora se não lutarmos por uma educação para todos. E eu, enquanto educadora, faço isso nas escolas onde atuo. Quero que as crianças e os adolescentes que convivem comigo tenham o direito de sonhar e realizar.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Anterior

UFN divulga temas das redações do vestibular de verão

Prazo para pedir reaplicação de provas do Enem termina hoje Próximo

Prazo para pedir reaplicação de provas do Enem termina hoje

Educação