Foto: Arquivo Pessoal
O professor é uma das referências nacionais quando o assunto é mobilidade urbana
Engenheiro civil formado pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) em 1985, ele é referência em mobilidade urbana. Casado com a professora Eni Teresinha Marchesan Félix, além da trajetória digna da admiração dos colegas e das centenas de alunos que formou, ele tem no filho, Carlos José Marchesan Kümmel Félix, 28 anos, seu foco de amor e orgulho.
Especialista em Engenharia de Produção pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro, ele deixou o serviço público para buscar mais conhecimento. Dali em diante, mestrado e doutorado foi pouco para um mestre que se emociona nas formaturas e conquistas dos alunos, a quem dedica amizade. Aos 60 anos, em uma conversa regada de emoção, o ex-secretário de Mobilidade Urbana de Santa Maria e representante do Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV) resume esta entrevista em duas palavras: gratidão e legado.
Diário - "Carrego uma grande alegria de viver". Como define a primeira expressão que menciona na entrevista?
Carlos José Antônio Kümmel Félix - Para mim, essa conversa iniciou antes. Com o convite do Diário, revirei minhas memórias para definir o que dizer. Ao rever momentos importantes, percebi o quanto sou feliz pelo caminho que trilhei. Sou grato pela minha família, colegas e amigos. Todos me ajudaram a ser quem sou.
Diário - "As pessoas podem ser transformadas pelo conhecimento". De onde vem essa convicção?
Carlos Félix - Da estrutura que recebi na infância. Nasci em Palmeira das Missões. Filho do comerciário Carlos José Félix e da professora Norma Margarida Kümmel Félix, eu e minha irmã, Mônica Margarete, recebemos em casa inspiração para estudar. Venho de uma família que tem honestidade, persistência e dedicação como principais valores. Ao longo dos anos, aprendi que conhecimento, sabedoria e educação transformam comportamentos, estruturam o ser e nos dá condições inexoráveis de evoluir.
Foto: Arquivo Pessoal
Com o filho Carlos na Arena do Grêmio, em Porto Alegre
Diário - "Fazer algo por alguém ou por um lugar é a minha essência". Construir, não só no sentido literal da engenharia, é a sua missão?
Carlos Félix - Sim. Dedico a minha vida a deixar algo concreto por onde passar. Colaborar com a sociedade é a melhor maneira de retribuir o que recebemos, onde quer que estejamos.
Diário - "Na engenharia, aprendi mais do que uma profissão. Aprendi a buscar soluções e planejar melhorias". Antes de lecionar, exerceu a profissão?
Carlos Félix - Fui engenheiro de obras por muitos anos, o que me capacitou a resolver conflitos com tranquilidade. O trabalho de engenheiro é difícil, solitário e pesado. Exige muito. Já havia feito um ano de curso em Porto Alegre, quando passei em um concurso para a UFSM. Aqui, tentei conciliar trabalho e estudo. Devido aos conflitos de horário, pedi demissão ao reitor Armando Vallandro e priorizei a formação acadêmica.
Diário - "Desde criança, enxergava Santa Maria como um lugar bom para morar". Tinha familiares na cidade?
Carlos Félix - Os Kümmel têm raízes no Coração do Rio Grande. Quando vínhamos visitar os parentes, eu contemplava tudo o que a cidade oferecia. Gosto até do vento de Santa Maria, onde me sinto acolhido e feliz.
Foto: Arquivo Pessoal
Com a esposa Eni e o filho Carlos
Diário - "Em 1986, estava formado e sem trabalho". Continuou estudando?
Carlos Félix - Sim. Fui para o Rio em busca de especialização em mobilidade urbana e departamento de trânsito e transporte. Lá, comecei a trabalhar, conheci importantes referências e acompanhei vários projetos. Retornei a Palmeira das Missões com a bagagem cheia de experiências. Até então, não tinha trabalhado como engenheiro de obras. Em 1989, surgiu uma oportunidade em Panambi, uma cidade extremamente industrial. Na Construtora Rehn, aprendi a ser engenheiro. Fiz de tudo: construção, barragens, pavimentação, pavilhões industriais, obras agrícolas, silos e muito do que a gente vê nas estradas do Estado. Sou professor na área de mobilidade e sistema de transportes, mas conheço todas as áreas da nossa profissão.
Diário - "Surgiu vaga para professor na Furi, em Santo Ângelo, e aceitei". Lá "nasceu" o professor Félix?
Carlos Félix - Exatamente. Já casado e com filho, passei no concurso e fomos para Santo Ângelo. Em 1992, passei no concurso para professor da UFSM e assumi a função no Departamento de Transportes no Centro de Tecnologia (CT). Como vice-chefe, depois chefe do departamento de transportes e coordenador, procurei contribuir para que a Engenharia Civil fosse um dos maiores cursos da Universidade. Criamos, ainda, o Encontro Nacional de Estudantes de Engenharia Civil (Enec). Tenho orgulho dos meus colegas e grupos de pesquisa, além da vasta oportunidade de qualificação oferecida em nossos laboratórios.
Foto: Arquivo Pessoal
O filho também é formado em Engenharia Civil
Diário - "Meu filho é o meu grande orgulho." A Engenharia Civil ainda lhe reservouum outro presente.
Carlos Félix - Ter meu filho como colega de profissão, por escolha dele, é claro, foi uma agradável surpresa. Não consigo definir o que senti naquela formatura. À época, eu era coordenador do curso e patrono. A turma de Carlos tinha o meu nome. Muitas situações marcaram aquele momento. No instante de declarar, como coordenador, a frase que oficializa a profissão, tive a honra de dizer "com muito orgulho, meu filho". Tenho muita fé. Pedi a Deus para me ajudar a viver aquele momento.
Diário - "Mobilidade urbana é uma questão abrangente e muito séria ." Que ações destaca na área?
Carlos Félix - Como integrante do ONSV, instituição dedicada à diminuição de acidentes no país, tenho abraçado vários movimentos relacionados