Quando a decisão do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) da UFSM de cancelar o vestibular se tornou pública, o tema se tornou o assunto das discussões pela cidade. Fora dos muros da instituição e das salas de aulas de escolas e cursinhos pré-vestibulares, a preocupação é com o caráter de impulso ao desenvolvimento regional, que a UFSM tem desde a sua criação.
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O presidente da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Santa Maria (Cacism), Luiz Fernando Pacheco, acredita que essa função não existe mais:
_ O Cepe sepultou a função regional da UFSM. Sem ouvir a comunidade, que sustenta a instituição com impostos, eles tomaram uma decisão arbitrária, como se a universidade pertencesse ao Cepe e fosse uma empresa. E o pessoal que está fazendo cursinho? Que já está se preparando? É uma falta de respeito decidir assim algo que já vale daqui a seis meses e mexe tanto com a vida das pessoas.
O presidente do Fórum das Entidades Empresariais, Evando Zamberlan, concorda com Pacheco, pelo menos inicialmente:
_ Ainda estou assimilando essa informação, não temos todas as informações. Mas, por enquanto, vejo isso como nocivo para a cidade. O vestibular é uma cultura santa-mariense há mais de 50 anos, há muita coisa envolvida e que será abalada. Pode ser que futuramente mude de opinião, mas por enquanto é esta a avaliação.
O fato de que a concorrência pelas vagas, pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), ser nacional, entre todos os estudantes que fizerem o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), também é apontado como um outro prejuízo à região.
Pensando na classe que representa, o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Santa Maria, Jacques Eskenazi Neto, engrossa o coro dos descontentes. Para ele, o faturamento dos lojistas deve ser abalado com a mudança, como já foi quando o vestibular passou de janeiro para dezembro.
_ Nós, comerciantes, até estávamos contentes que fomos chamados para participar de uma audiência pública sobre a data do vestibular. O que estava sendo discutido era que voltaria para janeiro e metade das vagas seriam preenchidas pelo Sisu. Estava ficando bom. Mas de repente a decisão é outra. A UFSM é soberana, não podemos intervir, mas o que é decidido lá afeta uma grande quantidade de pessoas _ dis Eskenazi.
Outro ponto mencionado por Eskenazi foi a incerteza da situação dos cursinhos pré-vestibulares, que geram empregos e trazem estudantes para a cidade, mesmo antes da aprovação.