Viver em prédio nem sempre é fácil. Afinal, é sempre complicado conciliar tantos interesses e temperamentos diferentes. Agora, imagine o seguinte cenário: 420 apartamentos distribuídos em 21 blocos com 20 apartamentos cada. E com um agravante: a maior parte dos condôminos não pagaria o condomínio em dia - contribuição indispensável para a manutenção de um prédio (leia quadro sobre os problemas do residencial). Essa é a realidade com a qual alguns moradores do Residencial Videiras, na Rua Venâncio Aires, no bairro Passo D'Areia, estão tendo de lidar.
A inadimplência da maior parte dos moradores do residencial, que foi construído pelo Minha Casa, Minha Vida e destinado a pessoas de baixa renda, já gerou uma dívida de quase R$ 200 mil com a Corsan. A companhia tem mantido o fornecimento de água. Contudo, a tendência é que em, no máximo, 15 dias a água seja novamente cortada se não houver pagamento:
- A Corsan teve uma decisão, que foi social, de manter a água para essas pessoas mesmo sem estar recebendo. Agora, a Corsan é uma empresa. Logo, precisa receber pelo serviço prestado - resume, Júlio do Espírito Santo, superintendente da Corsan-SM.
Na quinta-feira, o síndico do prédio, Luiz Pedroso, 55 anos, e um grupo de menos de 10 moradores estiveram reunidos com representantes da Caixa Econômica Federal, da Corsan, da prefeitura e do Legislativo para buscar uma solução para o problema. A reunião ocorreu na sede do Legislativo.
O tom de voz de desolação do síndico fica ainda mais acentuado quando ele relembra as tentativas de convocar uma reunião de condomínio com os moradores:
- O prédio tem mais de 2 mil moradores. Já tentei, por várias vezes, reunir todos. Mas ficamos no vácuo. Tentamos fazer as reuniões, por blocos, mas as pessoas nos ignoram.
O Diário falou com um especialista em direito imobiliário para que apontasse soluções ao impasse. Segundo ele, o que pode ser feito é de o condomínio, por meio de um regimento próprio, ou a empresa que administra o edifício ingressar com uma ação de cobrança dos inadimplentes.
UM CONDOMÍNIO DE PROBLEMAS
O 'Diário' conversou com o síndico do prédio, Luiz Pedroso, que apontou os principais problemas do prédio:
- O prédio foi entregue pela prefeitura, em 2011, a famílias com renda total de até R$ 1,6 mil, pelo Minha Casa, Minha Vida. Elas pagam prestações, por 10 anos. São 420 apartamentos. Deste total, só 100 a 120 donos pagariam o condomínio (a média de valor é de R$ 80)
- Segundo o síndico, há moradores que jamais teriam pago um mês de condomínio
- Até o momento, há um acúmulo de mais de R$ 197 mil em dívida com a conta de água. O montante é referente a, pelo menos, cinco meses de inadimplência. A conta de água varia entre R$ 25 mil a R$ 28 mil mensais
- Agora, o fornecimento de água está sendo mantido após decisão da Corsan que manteve o abastecimento mesmo com as dívidas existentes. Porém, a Corsan deve cortar a água daqui a 15 dias
- Há dívida, pelo menos, R$ 60 mil com duas empresas que teriam prestado serviço de portaria até meados de 2012
- A empresa que administra o condomínio já sinalizou que, em 60 dias, deixará de fazer a administração porque não recebe
- Como a maior parte dos moradores não paga o condomínio, o serviço de limpeza do prédio foi suspenso em 2012. Os próprios moradores têm feito a limpeza
O QUE DIZEM E FARÃO OS ENVOLVIDOS
Corsan
- Quer agilizar uma reunião no Ministério Público para que, assim, seja buscada uma solução, via judicial, de se resolver o impasse em torno do passivo de quase R$ 200 mil. Contudo, antes de tomar as próximas medidas, a Corsan diz que não fará nada enquanto não tiver uma sinalização de pagamento da dívida
- A companhia pretende incluir os moradores na chama tarifa social, o que reduziria o valor da taxa em, pelo menos, 60%. Co