Foto: Gabriel Haesbaert (Arquivo Diário)
Raramente, isso acontece. Mesmo em plena colheita de grãos, quando a oferta cresce, a cotação da saca de soja segue em alta e atingiu expressivos R$ 77 pela saca nesta quarta-feira, na Cotrijuc, de Júlio de Castilhos, e na Cotrisel, de São Sepé. A arrancada dos preços ocorreu primeiro com as notícias de quebra na safra Argentina e, recentemente, em função das ameaças da China de sobretaxar em 25% a soja norte-americana e também da alta do dólar.
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A título de comparação, a saca de soja subiu 12,4% nos últimos 30 dias, pois estava em R$ 68,50 em 12 de março. Em comparação com janeiro, a alta acumulada este ano chega a 25%, já que a cotação mais baixa chegou R$ 61,50 no início do ano. Além disso, o aumento do preço da soja atinge expressivos 38% na comparação com a cotação da safra passada, há exato um ano atrás, quando a saca valia R$ 55,50 - ou seja, são R$ 21,50 a mais por saca em relação a abril de 2017.
Os analistas de mercado ainda não sabem exatamente o que vai ocorrer, já que além da variação em Chicago, que estava em leve queda ontem, o preço tem subido em função da alta do dólar nos últimos dias. Hoje, a tendência é de a soja começar o dia a R$ 76.
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O clima é de total incerteza porque não se sabe se a disputa comercial entre China e EUA seguirá. Há a suspeita de que seja só guerra de discursos e que os dois países cheguem a um acordo, pois eles podem sair perdendo se a disputa continuar. Se houver acordo e a China não sobretaxar a soja norte-americana, como vem ameaçando, os preços da soja tendem a cair aqui no Brasil daqui para a frente.
OTIMISMO NA REGIÃO
O clima é de otimismo entre os produtores de soja e nas cidades onde não faltou chuva e a produtividade está boa, pois a expectativa inicial era vender a soja a R$ 65 nesta safra. Mesmo quem tinha fechado contratos para entregar a soja a R$ 70 daqui a um mês ainda terá bom lucro. Até porque, segundo o gerente comercial da Cotrijuc, Luiz Cesar Moro, não se sabe qual será a cotação daqui a um mês.
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Ainda é pequena a parcela de produtores que tiveram perda significativa. Em geral, a boa renda da soja dará um fôlego para a economia da região e vai compensar outros problemas que prejudicam o consumo, como os atrasos salariais de Sartori e o baixo preço do arroz, que afetará a receita dos municípios produtores do grão. Como o agronegócio é um dos importantes pilares da economia da região, a safra de soja ajudará a região a ter um 2018 melhor do que em 2017, ao que tudo indica.