“O técnico mais desejado da Divisão de Acesso 2024”. Foram com essas palavras que o presidente do Inter-SM, Pedro Della Pasqua, definiu a contratação do técnico Daniel Franco, 52 anos, que irá comandar o Alvirrubro na temporada atual.
Na terceira reportagem da série “Personagens da Baixada”, você conhece a história do treinador que conquistou duas das últimas três edições da competição e recusou outros clubes para estar no Estádio Presidente Vargas. A menos de um mês para a estreia do Inter-SM na Divisão de Acesso, o Diário apresenta quem são os nomes que trabalham diariamente para colocar o Alvirrubro de volta na elite do futebol gaúcho.
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Vida dedicada ao futebol
Natural de Minas do Leão, no Rio Grande do Sul, Daniel Franco vive o futebol desde os onze anos de idade, quando teve a oportunidade de fazer um teste no Inter. Ele foi aprovado e teve uma carreira de 21 anos como atleta até se aposentar aos 33 anos de idade após problemas com lesões de ligamento no joelho.
– Na verdade minha relação com o futebol vem de antes de eu ingressar na base do Inter. Antes de sonhar em ser alguém no esporte eu já vivia com uma bola nos pés. Fugia de casa para jogar no campinho do bairro – relembra o treinador.
Com uma carreira invejável, o ex-lateral-esquerdo passou por todas as categorias de base do Inter e jogou no time profissional. No Beira-Rio conquistou a única Copa do Brasil do time, em 1992, além de dois Campeonatos Gaúchos, em 1991 e 1992. Depois passou pelo Corinthians, onde voltou a conquistar a Copa do Brasil, em 1995, além do Paulistão, no mesmo ano, e a Copa Bandeirantes, em 1994.
Daniel Franco ainda defendeu as camisas de Atlético-MG, Bahia, Avaí e Fortaleza. Também teve passagem pela Europa quando atuou pelo FC St. Pauli, da Alemanha. Pela Seleção Brasileira sub-20, foi campeão sul-americano em 1991.
– Quando eu parei de jogar estava saturado da profissão. Fiquei dois anos sem consumir nada de jogos. Fui estudar e com o incentivo da minha esposa voltei ao futebol. Trabalhei como avaliador técnico de todas categorias no Inter, depois fui auxiliar-técnico da base até me tornar treinador – conta.
Em 2013, Franco teve sua primeira oportunidade como técnico na casamata do 15 de Novembro de Campo Bom. Em 2015, foi auxiliar de Roger Machado no Novo Hamburgo durante o Gauchão. O time fez uma boa campanha e foi eliminado nos pênaltis pelo Grêmio nas quartas de final. No segundo semestre, foi efetivado e comandou a equipe no vice-campeonato da Copa FGF.
Depois disso, Daniel passou por vários clubes do Rio Grande do Sul e outros estados. Em 2021 conquistou o primeiro título da Divisão de Acesso com o União Frederiquense. Dois anos depois, em 2023, veio a segunda taça com o Santa Cruz.
– Eu me considero um treinador em evolução, que vem buscando seu espaço a cada momento. Os trabalhos têm mostrado isso – afirma o comandante.
A certeza no primeiro contato
Daniel Franco é um homem guiado pelo coração e pela fé. Antes de aceitar um novo desafio ele analisa todos os aspectos, mas também procura paz interior para entender qual é o melhor caminho a seguir. Foi assim com o Inter-SM.
– Minha primeira conversa com o Pedro levou pouco mais de uma hora. Ele foi muito sincero e transparente das suas ideias para o clube. Falou da minha participação nesse projeto e aquilo foi me motivando. Enquanto conversávamos, meu coração se encheu de alegria ao ser convidado para representar a cidade e o clube nesse momento importante – relembra o treinador.
Na semana seguinte, os dois se encontraram em Santa Maria e, antes de acertarem os detalhes finais, fecharam um acordo. Um projeto de reestruturação para além do campo foi o que motivou o acerto:
– Nosso trabalho está fluindo em cima dessa energia boa que encontramos aqui. Tenho certeza que as coisas vão acontecer de uma maneira bem legal.
Após vencer a Divisão de Acesso de 2023 com o Santa Cruz, a visibilidade de Franco aumentou ainda mais. Ele contou à reportagem que cerca de 70% dos clubes já haviam feito consulta para que ele assumisse em 2024. Com o interesse do Alvirrubro, o treinador encerrou os diálogos com as outras equipes.
– Eu já tinha dito para minha esposa: “um dos times que eu gostaria de treinar na Divisão de Acesso é o Inter-SM, acho que as ideias estão boas lá”. E isso se confirmou após o contato do presidente e a vontade ficou maior de estar aqui – afirma.
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Longe do favoritismo?
Na temporada de 2024, o Alvirrubro terá um dos maiores investimentos dos últimos anos, de acordo com o presidente Pedro Della Pasqua. O planejamento do clube começou com antecedência em outubro do ano passado, quando Daniel Franco foi contratado. Ao todo, 28 atletas já foram anunciados. A maioria passou por campeonatos estaduais no primeiro semestre.
O alto investimento e a preparação colocam o clube em evidência no Estado. Daniel Franco não gosta de trabalhar com a ideia de ser favorito.
– Eu trabalho com atitudes, com entrega e apresentação. A partir do momento que apresentarmos o bom futebol dentro de campo, aí sim nos tornamos favoritos. Precisamos viver essa competição intensamente dia a dia – reforça.
Apesar disso, o comandante reconhece que a comissão técnica e os atletas têm a responsabilidade de entregar o melhor em campo pela estrutura que está sendo oferecida pela direção do clube.
– Aceito a responsabilidade, mas vamos batalhar no campo para sermos realmente favoritos – afirma.
Quando questionado sobre a pressão por bons resultados na Baixada, o ex-lateral é enfático: “Não me sinto pressionado. Eu me sinto motivado”. A experiência como treinador e ex-atleta traz tranquilidade para o profissional trabalhar.
Etapas para vencer
Daniel Franco afirma que algumas características do projeto do Inter-SM são semelhantes ao União Frederiquense de 2021, quando ele conquistou o título.
– Não temos vaidades. Todos estão em busca do mesmo objetivo e todos vão colaborar para entregar o melhor. A união de todos os setores do clube nos torna mais fortes.
Ao todo, se conquistar a vaga para o Gauchão de 2025, o Inter-SM disputará 20 partidas pela Divisão de Acesso. Além de todo o trabalho interno no clube, o sucesso depende da comunidade:
– O torcedor é fundamental na nossa campanha. Um clube só se torna grande quando uma torcida apoia do início ao fim. Pode criticar? Claro que pode. Mas primeiro vamos apoiar.
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