Foto: Vinicius Becker
Maurício busca passar para a pequena Valentina o amor pelo Inter-SM

O domingo (10) será duplamente especial para milhares de pais que compartilham um mesmo sentimento: a torcida pelo Inter-SM e o afeto pelos filhos. No Dia dos Pais, o Alvirrubro entrará em campo pelo jogo de ida do duelo decisivo pelo acesso contra o Veranópolis.
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Não é segredo para ninguém que a torcida por um clube de futebol é, em geral, passada de geração para geração, dos pais para os filhos. Para alguns torcedores, o jogo deste domingo será apenas mais um capítulo em uma história que se escreve há décadas entre arquibancadas, amizades e cantos apaixonados. Mas, para outros tantos, ele terá um elemento a mais: uma paixão que virou herança familiar e um afeto que um pai compartilha com quem mais ama.
Amor desde os sete dias de vida
O amor geracional pelo Inter-SM é parte fundamental da vida de Maurício de Souza Antunes, 37 anos. Torcedor ativo na Baixada desde os cinco anos de idade, quando era levado pelo avô, e membro da torcida Fanáticos da Baixada há anos, da qual já foi até presidente, o auxiliar de loja estará em Veranópolis para apoiar a equipe no Estádio Antônio David Farina.
Desta vez, no Dia dos Pais, será também a primeira experiência dele com a filha Valentina, de apenas dois anos, fora do estádio alvirrubro. Mas na Baixada, a história é diferente. Em comparação, a pequena começou a acompanhar o Inter-SM mais cedo do que o próprio pai:
– A Valentina nasceu em julho. Uma semana depois, com sete dias, ela já foi na Baixada comigo e com minha esposa, no bebê conforto – relembra o pai.

Desde então, a filha virou o amuleto e a companhia de todas as partidas na casa alvirrubra. Como membro da Fanáticos, Maurício chega cedo para ajudar na montagem do material da torcida e no tradicional churrasco. E a pequena não fica de fora:
– Ela consegue conviver, fazer amizade, ser querida por todos ali. Ela vive o antes, o durante e o pós-jogo. Isso é o que mais me emociona ao falar da minha filha. Ela realmente é nossa parceira – conta Maurício, que leva Valentina e ainda conta com a companhia da esposa Letícia na torcida.
Mesmo assim, a rotina mudou depois da chegada da filha. Para levar Valentina, há certos cuidados.
– Hoje já saio de casa com todas as coisas delas organizadas e com logística planejada. A rotina mudou muito na questão da atenção. Alguns cantos da torcida a gente também não estimula, nós tentamos cantar as músicas mais emotivas, para que ela pegue o sentimento. O “vamos subir Inter” já está na cabeça dela, ela já canta – conta Maurício.
E o sentimento que o pai quer passar para a filha é muito maior do que apenas torcer para o Alvirrubro:
– Eu espero que ela possa continuar o trabalho da Fanáticos e da direção atual, que é um trabalho de amor e dedicação. Que ela possa aprender com as derrotas tanto quanto com as vitórias. E que ela saiba que a Baixada é um lugar para todas as pessoas, mas que é preciso de educação e estudo até mesmo para ir ao estádio. Que o esporte traga coisas boas e motivação para ser uma boa cidadã – espera o pai.
Superando estigmas
Para Juliano Oliveira Culau, 39 anos, o Inter-SM é mais uma forma de fortalecer a relação entre pai e filho. Tricolor de coração, ele conta que, sempre que possível, levava o filho Rafael, 11 anos, para assistir o Grêmio em Porto Alegre. Mas a distância da capital fez Juliano retomar um hábito de criança: acompanhar o Inter-SM no Estádio Presidente Vargas.
– Esse ano decidi levar ele na Baixada para ele conhecer e seguir o time da nossa cidade. E foi um gosto que cresceu muito nele, o Rafael está gostando muito de assistir as partidas. Em dia de jogo a gente já sabe que vai ter toda uma programação, uma rotina diferente – conta o pai.
Apesar de não ter ligação com o Inter de Porto Alegre, alguns torcedores gremistas ainda nutrem um estigma em relação à torcida pelo Inter-SM, tanto pelas cores como pelo nome e cânticos. Porém, milhares de torcedores alvirrubros e gremistas buscam superar este estereótipo.
– Nunca vi problema no nome e nas cores. Realmente conheço muitos gremistas que não têm o hábito de frequentar a Baixada por essas razões. Mas é algo que procuro passar para o meu filho: não tem nada a ver. O Inter de Santa Maria é o time da nossa cidade – avalia Juliano.
Para ele, acompanhar o Alvirrubro no estádio é mais uma oportunidade de conversar sobre futebol com o filho e de estreitar esse laço.
– Cada vez mais a gente fica unido nessa parte. É muito bom ter meu filho comigo para acompanhar o clube.
Da torcida ao rádio: paixão de pai para filho
Para Eduardo Carvalho, 60 anos, a relação familiar com o Inter-SM foi também fortalecida desde pequeno. Ele lembra dos tempos em que morava na esquina da Rua Visconde de Pelotas com a Rua Olavo Bilac:
– Meu pai me levou bem pequenininho, então sempre ia nos jogos. Fui crescendo com isso. Vi Inter-SM e Vasco, que para mim foi o ápice, entre tantos outros jogos também. Vi o Ernestina marcar um gol de pênalti no Danrlei do Grêmio – relembra Eduardo, que confessou até matar aula para ver o Alvirrubro jogar.
Em 2010, com o nascimento do filho Dimas, nada mudou, mesmo morando em Cachoeira do Sul. Com dois anos de idade, o filho foi com o pai até a Baixada, em um dia de muita chuva, segundo Eduardo.

Desde então, os dois pegam a estrada até Santa Maria para seguir apoiando o Inter-SM. E Dimas claramente herdou a paixão do pai:
– Ele sabe tudo: jogos, classificação, escalação. É meu companheiro e isso é tudo de bom, fortalece cada vez mais (a relação).
Assim como a paixão, o gosto por ouvir a partida no rádio é outra coisa que Eduardo passa para o filho. Com a Rádio CDN no ouvido, a cobertura esportiva do Grupo Diário cativou o jovem alvirrubro:
– O Eduardo adora o Marion e o bordão “se for pro gol, me chama que eu vou”. Eu acho uma transmissão limpa, objetiva e não engessada: brinca e diverte, mas fala o que está acontecendo – conta Eduardo sobre o narrador. No fim da partida contra o Bagé, na última terça-feira (5), ainda encontrou o repórter Gilson Alves em uma lancheria:
– Ele é muito querido, tirou foto com o Dimas. Nossa relação com a CDN é muito forte. É Inter-SM na primeira divisão e é a CDN, não adianta! – bradou Eduardo, repetindo o bordão do repórter.
União que adia até cirurgia
Em outra ocasião, o Diário já havia contado uma história que simboliza a força do vínculo entre pai e filho. Publicada em 16 de maio deste ano, a reportagem mostrou a relação de Nelson Leal de Souza e do filho William Rocha de Souza com o Inter-SM. Desde que William tinha apenas quatro anos, pai e filho não deixaram de acompanhar o Alvirrubro na Baixada, organizando a vida em torno da tabela de jogos e até adiando compromissos importantes, como uma cirurgia, para estarem juntos nas arquibancadas.
Confira: Torcida que adia até cirurgia: amor pelo Inter-SM une pai e filho há mais de 30 anos
A expectativa
Pelo acesso, a esperança é grande entre os pais. Maurício afirma que a expectativa chega a tirar o sono. Ele deve ir para Veranópolis com a Fanáticos, na viagem que marcará a primeira com a pequena Valentina.
– É de não conseguir dormir. Com certeza ela vai estar presente no estádio também no jogo da volta, o que vai ser ainda mais emocionante. Acho que só temos que colher a união entre clube, torcida e jogadores que plantamos desde o começo.
Assim como Maurício, o pai Eduardo e o filho Dimas também estarão no jogo de ida. Os dois devem sair de Cachoeira do Sul às 7h de domingo, rumo a Veranópolis.
A confiança no acesso também está alta entre Juliano e Rafael:
– Sabemos que vão ser dois jogos extremamente difíceis, mas temos muita confiança no grupo de jogadores e no técnico. Tanto eu quanto meu filho estaremos sempre pelo Internacional de Santa Maria.
Se neste domingo o Inter-SM buscará a vantagem fora de casa, o que já está garantido para muitos torcedores é a vitória naquilo que o futebol tem de mais bonito: a capacidade de aproximar, emocionar e marcar vidas.
