Foto: Beto Albert
Nelson (à esq.) leva o filho William (à dir.) à Baixada desde 1994

A estreia do Inter-SM na Divisão de Acesso de 2025, neste sábado (17), é mais que apenas o início da caminhada do clube santa-mariense na competição deste ano. Para a sua torcida, é retomar uma rotina que é aguardada há meses.
+ Receba as principais notícias de Santa Maria e região no seu WhatsApp
Ir à Baixada para o jogo do Alvirrubro vira a programação de um dia inteiro para milhares de torcedores. Vários alimentam essa paixão desde a infância, mesmo nos altos e baixos momentos do clube.
Para o servidor público federal, Nelson Leal de Souza, 60 anos, a Baixada foi o primeiro estádio que frequentou. Natural de Viamão, na Região Metropolitana, foi apresentado ao Inter-SM pelo pai, em 1978. Desde então, nunca mais deixou de acompanhar o clube.
– Eu tenho a satisfação de ter visto aqueles grandes times de 1981 e 1982, que foram o ápice. Chegamos no "Brasileirão Série A", ganhamos do Inter e do Grêmio na Baixada, assim como goleamos o Vasco, por 3 a 0, em 82. Depois vieram as derrotas, que são normais. As decepções também fazem parte – conta.
Nelson, assim como fez seu pai, levou o filho ao Inter-SM, ainda mais cedo. Em 1994, com apenas quatro anos, William Rocha de Souza, hoje com 35 anos, começou a frequentar a Baixada, sempre ao lado do pai. O afeto fraterno se transformou em uma torcida fanática pelo Alvirrubro.
– O significado (da paixão pelo clube) está na essência do que é ser um torcedor de um clube de futebol, que é fazer parte do clube, não só quando ele está em evidência, mas em qualquer jogo. A gente está aqui não importa o adversário, não importa o horário, se está fazendo chuva ou sol – afirma William.
Torcedor de um time só
É comum que, mesmo no interior do Estado, a torcida da população se divida entre a dupla Gre-Nal. Em Santa Maria, Nelson resiste à influência dos clubes de Porto Alegre: torce apenas para o Inter-SM.
– Eu entendi que o time da Capital não precisava de mim. O Inter-SM, sim, precisava da minha torcida, da minha energia. Passando a observar os benefícios que a dupla Gre-Nal levava tanto da parte da arbitragem, como da imprensa da Capital, isso se intensificou – relata o servidor público.
Já William torce também para o Inter de Porto Alegre, mas afirma que a prioridade é o Inter de Santa Maria. O pai conta orgulhoso que, para o filho, o Alvirrubro vem antes da torcida pelo clube da capital gaúcha:
– Nos três jogos (antigos) contra o Inter de Porto Alegre, ele torceu muito pelo nosso Inter-SM. E não só ele. A maioria esmagadora da torcida do Alvirrubro torce em primeiro lugar para nós, tanto os colorados como os gremistas – avalia Nelson.
Compromisso inadiável
O fanatismo, em seu bom sentido, de Nelson e William pelo Inter-SM molda a vida dos dois. Perder uma partida do Alvirrubro na Baixada não é uma opção, mesmo se a fase não é boa.
– A nossa vida gira em torno dos jogos, os compromissos são em torno dos jogos. Nós pegamos a tabela para ver os dias das partidas, para não marcar outro compromisso que vá atrapalhar. Para nós, estar aqui (na Baixada) é a melhor coisa. Estar aqui com o meu pai e dar aquele abraço na hora do gol. Isso é o verdadeiro significado. O resultado é a última razão – diz William.
Nem mesmo a família contesta a paixão dos dois.
– Os meus próprios familiares já sabem: se tem um aniversário no domingo de jogo, eles sabem que a gente só vai chegar depois do jogo. Se é um almoço, eles sabem que a gente sai mais cedo. Eles podem não frequentar a Baixada, mas eles têm aquele pensamento positivo, de torcer para o Inter-SM também – garante Nelson.
Ir aos jogos se tornou a prioridade de pai e filho. O exemplo mais impactante disso é que o Inter-SM adiou até mesmo uma cirurgia. Em 1998, quando tinha oito anos, William precisava passar por um procedimento simples, sem riscos.
O médico sugeriu agendar para uma sexta-feira. Ele só não contava que no domingo, 5 de abril, o Alvirrubro enfrentaria o São Paulo, de Rio Grande, em jogo decisivo para avançar para a segunda fase do Gauchão daquele ano e se manter na elite gaúcha. O tempo de recuperação após a cirurgia impediria William de estar no Presidente Vargas.
– Eu falei para o médico: "Desculpa, não vai dar. Vamos deixar para segunda-feira, nós temos um compromisso inadiável domingo, na Baixada". A gente veio para o jogo, vencemos e comemoramos no gramado. Segunda-feira ele fez a cirurgia, com a vaga garantida para o Gauchão Série A de 1999 – relembra Nelson.
Dupla inseparável
A torcida pelo Inter-SM é o principal elo entre pai e filho. Juntos, os dois acompanham o clube há mais de 30 anos. Para William, a torcida pelo Alvirrubro é o fator que mais intensificou a relação entre os dois e que, segundo ele, fez do pai também seu melhor amigo.
– Obviamente que ele é o melhor pai em todas as outras coisas, mas o Inter-SM fez com que a gente intensificasse muito essa relação de pai e filho. Hoje, eu não consigo me imaginar na Baixada sem estar com ele. Toda vez que eu penso em Inter-SM, penso no estádio, vem o meu pai na minha cabeça. É inevitável – conta o filho de Nelson.
E se depender de William, o legado deve seguir na família. Atualmente, o contador de 35 anos mora em Porto Alegre, mas garante que vai fazer de tudo para que o futuro filho seja torcedor do Alvirrubro.
– Não importa onde ele morar. Pode morar na China, onde quer que seja. Eu vou mostrar para ele, vou levar nos jogos. E aí, obviamente, vai depender dele. Tudo que é forçado não é de verdade. Mas eu vou sempre incentivar, vou sempre contar as histórias minhas e do meu pai. Vou levar desde pequeno, isso já está estabelecido – afirma William.
Expectativa alta
Para a disputa da Divisão de Acesso de 2025, os dois demonstram confiança no clube. Nelson, entretanto, apela mais para o histórico.
– Eu sou meio místico. Quando caímos pela primeira vez, em 1989, no ano seguinte nós fizemos um timaço, com jogadores de primeira divisão. O que aconteceu? Não subimos. Em 1991, eu não tinha expectativa nenhuma de subir, e subimos. 2006 a mesma coisa: era um timão, com Tiago Duarte e Josiel. A expectativa era imensa, o que aconteceu? Não subimos. Em 2007, quando não se tinha essa expectativa, subimos. Aconteceu o mesmo no ano passado, quase subimos. Então, agora, este ano, acho que vamos conseguir – lembra o servidor público.
Já William coloca a “pressão” nos jogadores do elenco atual.
– Na Divisão de Acesso, é claro que tem que ter qualidade, mas os jogadores precisam entender o quão importante é o acesso para o clube, para a cidade, para a região e para a torcida, que é apaixonada pelo Inter-SM. Do lado de fora a gente vai estar apoiando. Eles podem contar conosco e a gente conta com eles também, para que dentro de campo não falte garra, determinação e vontade.
Em relação à estreia, contra o Lajeadense, neste sábado, a sincronia de pai e filho continua até no palpite. Nelson e William apostam em vitória alvirrubra por 2 a 0.
Serviço
Inter-SM x Lajeadense
Sábado (17), às 16h30min
1ª rodada - Divisão de Acesso
A Rádio CDN 93.5 FM, TV Diário (526 Claro Net) e Youtube do Diário de Santa Maria anunciam a cobertura da partida. A pré-jornada começa a partir das 15h.
Ingressos:
• Cadeiras – R$ 120 / meia: R$ 60
• Pavilhão B – R$ 60 / meia: R$ 30
• Arquibancadas – R$ 30 / meia: R$ 15
• Visitante – R$ 30 / meia: R$ 15
Menores de 10 anos não pagam ingresso. Idosos, mulheres e estudantes pagam meia-entrada do valor total mediante comprovação
Pontos de venda:
• Compra online: https://intersm.eleventickets.com/#!/home
• Secretaria do Estádio Presidente Vargas (Rua Ana Nery, 390);
• Pratik Esportes (Av. Rio Branco, 872);
• Lucão Lanches Bonfim (Rua Venâncio Aires, 821);
• J. A. Ferramentas (Av. Ângelo Bolson, 357);
• Beltrame Materiais de Construção (ERS-509, 4060, km 06, em Camobi);
• Ferragem Visconde (Rua Visconde de Pelotas, 1548);
• Casa de Carnes Adilson Moraes (Av. Paulo Lauda, 425).