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Foto: Marcelo Oliveira/
O Edifício Cauduro, que ficou conhecido por sediar o antigo Hotel Jantzen e é um dos símbolos do centro histórico de Santa Maria, poderá voltar a ser ocupado nos próximos anos. O prédio, de quatro andares, inaugurado em 1941, fica na esquina da Avenida Rio Branco com a Rua Venâncio Aires e, desde a década de 1990, abriga apenas 6 lojas no térreo. Os seis donos do edifício pediram este ano para a prefeitura para recuperar a fachada e instalar dois novos elevadores.
A reforma da fachada e a instalação dos elevadores começarão assim que for dada a autorização do Executivo. Após o aval, o serviço deve levar dois meses para ser concluído. Além disso, os donos contrataram agora um escritório de arquitetura para fazer o projeto de reforma do edifício e definir qual o novo uso que será dado ao prédio.
Entre as hipóteses cogitadas, estão transformar o prédio em um hostel (pois cada andar do hotel tinha só um banheiro coletivo), em edifício de salas comerciais ou em prédio de apartamentos. Tudo dependerá da análise técnica sobre o que é possível construir no local, preservando o patrimônio histórico, e também do interesse comercial de explorar o espaço. Os donos estão abertos a propostas de empresas que queiram alugar o prédio.
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Dois dos proprietários estiveram na sexta no programa F5, na Rádio CDN e TV Diário. Deivis Scalcon e Cesar Cauduro afirmaram que, desde o início deste ano, aguardam a autorização do município para restaurar a fachada. Segundo eles, foi iniciada a limpeza da fachada do prédio, com lava-jato, durante o Carnaval passado - o serviço retirou a camada de sujeira que havia sobre o reboco e revitalizou o visual de parte do prédio. Mas a pintura não foi autorizada porque é preciso manter a identidade da fachada, cujo reboco é feito com micra, um revestimento brilhante. Foi preciso pedir um parecer da PUC para avaliar que tipo de reforma do reboco será possível ser feita sem mudar o visual da fachada. Os donos aguardam o aval da prefeitura para iniciar a reforma do reboco. A dificuldade é que esse reboco especial usa uma técnica dos anos 1940, em que os materiais são específicos e é difícil achar insumos iguais. Scalcon teme que, ao refazer partes do reboco, ele acabe ficando com tonalidade diferente da original.
Em 2017, as janelas de madeira de toda a fachada, que ameaçavam cair, foram trocadas por aberturas novas, de metal. Scalcon diz que os proprietários têm interesse em manter os detalhes do patrimônio arquitetônico do prédio, mas alega que a burocracia para receber autorização e executar qualquer obra acaba dificultando tudo.
Ele lembra que, há quase 10 anos, teve proposta para alugar dois andares do edifício para uma escola de informática, mas o município levou dois anos para dar resposta se podiam ou não ser feitas obras e a retirada de paredes internas para fazer salas de aula. A remoção das paredes, segundo ele, foi negada porque havia pinturas feitas na década de 1980 e que foram consideradas patrimônio histórico. Os donos não concordaram com a decisão, pois dizem que essas pinturas eram mais recentes, e não originais, da época em que o edifício foi construído, há cerca de 80 anos.
- Devido a essa demora, a gente perde oportunidades. A gente não quer incentivo fiscal da prefeitura, mas apenas pede que analisem os pedidos com mais agilidade - diz Scalcon.
Iplan diz que tentará agilizar análises
Quanto às críticas feitas pelos donos do prédio do Hotel Jantzen, o presidente do Instituto de Planejamento de Santa Maria (Iplan), Daniel Pereyron, diz que o órgão e o Conselho do Patrimônio Histórico Municipal (Comphic) têm atualmente um entendimento de que é preciso tornar mais flexíveis as regras para prédios históricos.
- O entendimento do Comphic e do Iplan é que o imóvel, se não tiver uso, ele acabará vindo abaixo.
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Ele diz que não sabe o motivo de ter sido negada, no passado, a remoção de paredes internas do Jantzen.
- O único que tem proteção interna é o prédio da SUCV, e também hall e as escadarias do Caixeiral. Quanto aos demais, a proteção é para manter a fachada.
- Não tenho como responder pelo passado, mas a própria legislação nova pode permitir novas formas de proteger o imóvel sem limitar sua utilização. A gente acredita que a remoção de divisórias internas não seja empecilho - diz.
Sobre a queixa de demora para análise dos projetos de reforma de prédios históricos, o presidente do Iplan respondeu o seguinte:
- A reestruturação da Secretaria de Licenciamento e Desburocratização vem para dar essa maior velocidade. A partir da próxima semana, pelos critérios de protocolo, não vai mais ser possível protocolar os projetos se estiverem incompletos. Isso diminui a quantidade de projetos que estão em análise.
Questionado sobre a intenção de os donos do edifício de fazer um projeto de reforma do prédio, Pereyron diz que esse é um passo importante:
- É uma maravilha, pois é um dos prédios históricos mais importantes da cidade, é o início da Avenida Rio Branco. A recuperação é crucial para a revitalização do centro histórico e para o Distrito Criativo. O Iplan está à disposição para tentar ser o mais ágil possível.