A Pró-Reitoria de Extensão da UFSM, que teve papel decisivo na criação dos geoparques Quarta Colônia e Caçapava e também na conquista do selo da Unesco, seguirá com projetos e pesquisas nessas duas regiões, mas investirá também em uma nova proposta. É a implementação do Território Imembuy, que vai englobar os dois geoparques, Santa Maria e outras cidades da região, num projeto de desenvolvimento regional do Centro do Estado. Não será um novo geoparque, mas buscará a aproximação de 37 cidades para desenvolver o turismo e a cultura, segundo o pró-reitor de Extensão da UFSM, Flavi Lisboa.
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A exemplo do que foi feito com os geoparques, a universidade fará projetos de pesquisa e extensão para identificar potencialidades turísticas e culturais e desenvolvê-las, por meio da aproximação entre os setores públicos e privados para fazer trabalhos, investimentos e até obras em conjunto.
O nome do projeto se chama Território Imembuy justamente pela importância de Santa Maria na região, já que é a maior cidade e por poder ser o elo de ligação, recebendo turistas para visitirem outros municípios, como nos dois geoparques.
– A gente pensou em conectar essas grandes iniciativas: o geoparque Caçapava e o geoparque Quarta Colônia, a atuação da UFSM em Santa Maria, o Distrito Criativo de Santa Maria, a unidade da UFSM em Silveira Martins, o nosso campus de Cachoeira, e enxergando Candelária como porta de entrada a essa região que tem uma vocação paleontológica grande. E enxergando essas outras iniciativas, que o IFFar está levando à frente do projeto Geoparque Raízes de Pedra, que envolve seis cidades com auxílio da UFSM. Como a gente conecta tudo isso? Como vamos deixar fora, no trecho de Santa Maria a Caçapava, a cidade de São Sepé? São Sepé não pode ficar fora dessa possibilidade de desenvolvimento – afirmou.
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O que vai ser feito na região?
Mas como seria esse trabalho na prática, para criar o Território Imembuy? Entre as ações que podem ser feitas estão cursos de extensão da UFSM para preparar pessoas para receber melhor os turistas, qualificações para produção de alimentos ou até produtos turísticos, como lembranças e comidas com identidade da região. Pode ser feita ainda a discussão para definir estratégias conjuntas de órgãos públicos e empresas para explorar essas potencialidades, investir em obras e até parques temáticos, se houver vontade de empreendedores.
Outra etapa seria ajudar na qualificação dos pontos turísticos, identificando as falhas e, depois, orientando a fazer placas de identificação e melhorias de acessos. Um exemplo disso pode ser o sítio da Alemoa, que fica ao lado do Trevo do Castelinho, onde foi achado, em 1935, um importante fóssil de dinossauro, o Staurikossaurus pricei. Flavi cita que ali poderia ser construída uma estrutura para receber turistas, com informações sobre a importância do local. Hoje, nada disso existe ali. Ele ressalta que poderia ser criado um roteiro turístico para que os turistas pudessem visitar vários pontos importantes da região, que é o berço dos dinossauros mais antigos do mundo, segundo os cientistas e o Livro dos Recordes.
– Sobre o Monumento Natural Sanga da Alemoa, esse espaço foi um lugar de descoberta de fósseis em Santa Maria e hoje se explora muito pouco isso. Na Quarta Colônia, estão os fósseis mais antigos do triássico. Mas nós temos fósseis em todo esse território. Nesse trecho de Candelária para cá, são fósseis quase do mesmo período. Para a organização do geoparque, precisava uma delimitação geopolítica do território e precisava estar organizado, por isso o foco ficou na Quarta Colônia. Mas podemos pensar numa rota turística paleontológica que comece por Candelária até a Quarta Colônia. Santa Maria pode ter um potencial a ser explorado. Podemos ter um centro interpretativo ali na Sanga da Alemoa, para exibir fósseis que foram ali achados. Isso nos unifica e nos aproxima da Quarta Colônia; nos conecta com Mata, que tem floresta fossilífera (madeira petrificada); com Caçapava, que tem fósseis de preguiças gigantes de 15 mil anos. Podemos pensar em formas de articular melhor os potenciais da região e se valer disso para atrair o turista – diz.