Vivemos em busca de sinais. Olhamos para a tela do celular e ansiamos pelos risquinhos do Wi-Fi, como se ali estivesse a chave do nosso pertencimento. Mas a verdadeira conexão acontece na qualidade dos encontros com os outros – e nos encontros consigo mesmo. Voltar para si deveria ser um exercício diário e constante de conexão e autocuidado. É no silêncio e na escuta que nos reencontramos; e, com eles, reconhecemos as raízes que insistem em se aprofundar, firmando presença.
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O primeiro gesto de plenitude é renascermos em nós, como se fosse o primeiro traço na tela da obra que chamamos de vida.
No cotidiano, estamos constantemente buscando sinais – não só os digitais, mas os afetivos, os espirituais, os que vêm da memória e da ancestralidade.
O que nos sustenta, de verdade, não é a velocidade das redes, mas a profundidade das conexões invisíveis que nos habitam.
Conexões na vida
Somos feitos de direitos e avessos, de internos e externos, de profundezas e superfícies. Mas somos, sobretudo, tentativas de conexão entre esses extremos.
Somos construtores que se compõem na travessia e que encontram sentido na partilha dos possíveis e dos impossíveis.
Cada encontro do cotidiano carrega a possibilidade de um milagre silencioso.
Mas conectar-se também é reconhecer o mundo ao redor: uma árvore que balança com o vento, um objeto que conta uma memória, uma música que nos faz visitar o passado, um tempero que resgata afetos...
Somos feitos de histórias que nos antecedem – fios invisíveis que tecem o nosso agora.
Conectar-se a esses fios é tecer sentidos, honrar histórias, praticar gratidão, perdoar o que veio antes, celebrar cada escolha herdada e, ao mesmo tempo, ousar criar novos enredos.
É nos encorajar a buscar novos rumos, que nos convidem a ser em plenitude e autenticidade.
Sinais para uma boa conexão
A tecnologia nos ensina que é necessário ressignificar o nosso tempo. Um aprendizado peculiar diz respeito às nossas conexões: nenhuma acontece sem que respeitemos suas etapas.
O sinal precisa ser transmitido, captado, decodificado, interpretado.
Para nos conectarmos de verdade, precisamos seguir alguns passos: escutar, acolher, compreender e retribuir com afeto.
Cada sinal é um movimento que fortalece a rede invisível que nos liga uns aos outros.
No cotidiano, isso se traduz em atitudes singelas: estar presente em uma conversa, olhar nos olhos, respeitar o silêncio alheio, acolher as diferenças.
Cada passo é uma frequência ajustada – como quem encontra um sinal acessível em meio a tantos bloqueados
Temos nos privado em nossas conexões, evitando que nos acessem e, assim, deixamos de acessar o outro.
Quando o fator tempo é alterado, nossos sinais silenciam. E, como num movimento de ruptura, buscamos aconchego eoutros sinais.
É preciso paciência e tempo para se reconectar – assim como o perdão, que necessita de um processo chamado tempo de espera e calmaria.Assim também funciona com a senha que nos devolve o acesso ao outro – e também a nós mesmos.
Fatores importantes para a conexão
Existem protocolos, distâncias e a ausência de interferências que precisam ser respeitados – assim como na vida, que nos exige certos cuidados.
Precisamos de “antenas” sensíveis para captar o que o outro nos transmite: gestos, palavras, silêncios e nuances de sentidos impregnados de afetos a serem demonstrados.
Precisamos de protocolos – as regras invisíveis do respeito e da empatia – que tornam possível a convivência
Às vezes, o excesso de pressa, a falta de tempo ou as paredes emocionais enfraquecem o sinal da presença.
É preciso, então, reduzir distâncias, derrubar barreiras, criar proximidade.
E, por fim, lidar com as interferências: os ruídos internos e externos, a correria dos dias, os medos que nos distraem daquilo que realmente importa.
Conectar-se é escolher a frequência da vida, é estar inteiro no instante, é criar vínculos fortes em uma relação de empatia e compreensão mútua.