No Estado, pessoas com 60 anos ou mais representam 73% dos óbitos por dengue em 2024

Em situação de epidemia, o Rio Grande do Sul já registra 78 óbitos por conta da dengue em 2024. Nesta quinta-feira (18), a Secretaria Estadual da Saúde (SES) lançou uma nota informativa sobre o perfil das mortes registradas em quatro meses. O estudo aponta que pessoas com 60 anos ou mais representam 73% dos óbitos em decorrência da doença. Sintomas mais frequentes e as comorbidades mais relatadas também foram analisadas.

+ Receba as principais notícias de Santa Maria e região no seu WhatsApp

Levantamento

Os dados do levantamento são referentes aos primeiros 73 óbitos de 2024 e foram compilados pelo Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs). A Portaria Estadual 210/2022 classifica como de notificação compulsória imediata a notificação de morte suspeita por dengue, sendonecessário realizar o comunicado em até 24 horas para a vigilância epidemiológica municipal, regional e estadual.

Entre os fatores considerados na análise dos óbitos, estão os principais sinais de alerta da doença, que são descritos na nota como “aqueles quadros que indicam que a doença está ficando mais grave, estando a pessoa já internada ou não”.

Os mais comuns foram a plaquetopenia (diminuição do número de plaquetas no sangue) e a hipotensão postural e ou lipotimia (sensação de tontura, decaimento, desmaio), presentes em 53% e 47%. Também foram apontados no relato dor abdominal intensa (34%) e letargia ou irritabilidade (32%).

O documento faz um alerta sobre a dengue grave, que é caracterizada por quadros que apresentam choque ou desconforto respiratório em função do extravasamento grave de plasma, sangramento grave, ou comprometimento grave de órgãos como dano hepático importante, do sistema nervoso central (alteração da consciência), do coração (miocardite) e de outros órgãos.

Para os casos que evoluíram para dengue grave, os sinais e sintomas mais frequentes foram pulso débil ou indetectável (49%), extremidades frias (48%), taquicardia (42%) e hipotensão arterial (42%).

Comorbidades

Entre as doenças preexistentes mais relatadas, estão:

  • Hipertensão – 56% dos casos
  • Diabetes – 18%
  • Cardiopatia – 18%
  • Doença pulmonar obstrutiva crônica – 16%
  • Sem relato de comorbidade – 16%

Agravantes

Conforme o levantamento, as seguintes situações podem levar ao óbito por dengue:

  • O não reconhecimento dos sinais de alarme pela população e pelos profissionais de saúde
  • Procura tardia do paciente pelo serviço de saúde
  • Manejo clínico inadequado
  • Procura por várias vezes aos serviços de saúde
  • Dificuldade de acesso
  • Hidratação inadequada ou insuficiente
  • Ausência da classificação de risco para dengue (conforme fluxograma estabelecido pelo Ministério da Saúde)
  • Não realização de hemograma ou em número abaixo do indicado na classificação de risco,
  • Resultados de hemogramas em tempo inoportuno para auxiliar no manejo
  • Liberação de paciente antes do resultado

Sorotipos

No início de abril, o Cevs constatou a co-circulação de dois sorotipos da dengue em mais de 30 municípios gaúchos. O dado também foi analisado pela equipe, com a justificativa de que “a mudança de sorotipo geralmente ocasiona epidemias e aumento dos casos graves”.

Conforme o estudo, “25% dos óbitos tiveram DENV-1 identificados, 5% DENV-2 e os 70% restantes não foi possível identificação devido ao período de coleta da amostra não ser oportuno para realização da PCR”.

Leia também

Atendimento

Sobre o atendimento a casos de dengue no Estado, o estudo comprova que pacientes procuram atendimento médico, em média, duas vezes até a internação ou suspeição de dengue. Esses pacientes demoram em média 2,6 dias após o início dos sintomas para procurar o primeiro atendimento e, após, cerca de 4,4 dias até ocorrer a hospitalização. Os óbitos acontecem em média 8,3 dias após o início dos primeiros sintomas.

Entre os sintomas mais frequentes apresentados pelas vítimas, estão:

  • Febre – 62% dos casos
  • Dor muscular – 58%
  • Dor de cabeça – 43%
  • Náuseas – 43%

Entre as pessoas que vieram a óbito, 50 (dos 73 óbitos) buscaram o primeiro atendimento em hospitais e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). A análise também indica que os sintomas manifestados pelas vítimas, em outros agravos, não seriam indicativo de risco ou gravidade.

– Portanto, os usuários com suspeita de dengue exigem dos profissionais uma sensibilidade maior a fim de que sejam devidamente avaliados, mesmo com sinais e sintomas que, se não fosse a suspeita de dengue, não necessariamente seriam indicativos de intervenção precoce –afirma o diretor adjunto do Cevs, Marcelo Vallandro, reforçando que tanto o conhecimento dos profissionais quanto o diagnóstico e o manejo clínico impactam na evolução dos casos.

Orientações

O levantamento conclui que, embora o Estado registre casos de dengue desde 2007, a doença ainda é pouco conhecida por muitos profissionais de saúde. 

Portanto, a Secretaria Estadual da Saúde recomenda que gestores municipais organizem seus fluxos dentro dos serviços de saúde, capacitem todos os profissionais da área assistencial, disponibilizem exames indiretos em tempo oportuno e quantidade adequada nos serviços de saúde, além de comunicar a população, repetidamente, sobre o risco, sintomas, sinais de alarme, hidratação vigorosa e demais orientações sobre a dengue.

*com informações da SES

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Anvisa discute nesta sexta regulamentação de cigarro eletrônico Anterior

Anvisa discute nesta sexta regulamentação de cigarro eletrônico

Rio Grande do Sul confirma mais cinco mortes e sobe para 78 o número de óbitos por dengue Próximo

Rio Grande do Sul confirma mais cinco mortes e sobe para 78 o número de óbitos por dengue

Saúde