Gustavo Duarte

Vida Real

Realmente, as coisas mudam: situações, fases, pessoas e nós que nos acostumemos com isso. Adaptar, transformar, ressignificar, esquecer, não guardar mágoas, esse é um caminho produtivo, leve, difícil, mas possível. Quando eu estava em um cargo de gestão, e era/estava “chefe” de meus colegas, um deles me chamava de senhor e sempre se demonstrava muito gentil comigo, às vezes até demais, forçando uma amizade inexistente. Depois que saí do dito cargo, mal me cumprimenta. Vida real.


Amizades virtuais-reais

Cheguei aos “mil amigos” em uma rede social. Uau! O que isso significa? Praticamente nada, apenas mais pessoas cuidando da minha vida. Contém ironia. Desses mil amigos, eu acredito que conto nos dedos das mãos com quem realmente posso contar, desabafar, dar risadas, apoiar e ser apoiado. Quanto mais feliz e “bem-sucedido” você é, menos amigos você tem. Vida real. O amigo que se afastou reclama que você não o convida mais para nada. E ele, convida? Não, pois é. Mais tecnologia, mais solidão. E, com o passar do tempo, com o avançar da idade, a coisa só piora. Por outro lado, ficamos mais seletivos, preferimos qualidade a quantidade.


Viver para ser velho

Velho(a) natural, ainda existe? Raridade. É só uma difícil escolha. Quando me acomodo com minha calvície e com o formato do meu nariz, “os outros” me lembram a todo o momento: “quando vai fazer um implante?” “Você poderia corrigir seu nariz”. “Por que você não pinta a sua barba?” O que fazer? Afastar-se? Discutir? Sigo tentando ser filtro, não esponja. Sigo tentando esquecer a guardar. Viver é esquecer, ainda bem. Envelhecer é uma revolução, sem dúvida. Na corda bamba, nos apoiamos em várias bengalas: amigos, vaidade, comida, bebida, trabalho. Se tirar a família e o trabalho da sua vida, sobre alguma coisa? Sobra o quê? Eu já passei por isso. Foi desesperador, foi libertador. Viver para ser velho. Vida real.

Copo meio cheio, meio vazio

Quando a pessoa começa a reclamar da vida, dos outros, de tudo, eu procuro me afastar, me suga a energia, me deixa cansado e irritado. Muito quente, muito frio, a família que incomoda, os colegas invejosos... Será mesmo? É muito engraçado, quando vou contar um fato negativo ou uma doença para um amigo e, logo em seguida, ele reclama: “E eu, tenho uma dor mais forte, isso não é nada!” Deliro, silencio, me afasto. Ouvir é uma dádiva! Falar é terapêutico, sim. O problema é quando todos só querem falar e, ainda ao mesmo tempo, e não têm paciência de ouvir. Tempos complexos. Mas eu sempre prefiro ver o copo “meio cheio”. Sempre pode ficar pior, portanto, fique esperto, no bom sentido: vivo, atento, aberto ao mundo para trocar, aprender, respeitar o diferente, apostar. Sobretudo trabalhar nos seus projetos.

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