Gênero, sexualidade e o envelhecer

É o tema do momento, da vez, de uma vida inteira. A maioria dos homens héteros que conheço gosta de falar em futebol, bebidas, carros e mulheres. Não necessariamente nesta ordem. À medida que envelhecem, chegam a disputar cargos de gestão, potência e tamanho dos carros, quantidade de cerveja, conquistas amorosas, entre outros temas. Previsível? Difícil sair disso? Coisa de gaúcho? De brasileiro? Infelizmente não vejo grandes mudanças de cenário.Homens envelhecem e não fazem ginástica, não fazem prevenção de doenças, não gostam de ir ao médico, resistem em ir à academia, não gostam de fazer exames. Trocam suas esposas por mais novas. As mulheres? Elas se cuidam desde a adolescência, associam vaidade e saúde, cuidam da família, cuidam dos pais...  Aprendem a ficar sozinhas. E quem cuida delas? Pois é. E, ainda assim, vivem mais que nós, homens.

Mulheres e a idade

Eu trabalho com o processo do envelhecer desde minha graduação em Educação Física na UFSM, Tive a sorte de ter sido aluno do professor José Francisco Silva Dias, o Mestre Juca. E desde a década de 1990, a maioria das mulheres que conheço não quer dizer ou esconde a idade. Etarismo, idadismo, ageísmo: são os preconceitos em relação à idade, ou seja, o medo, a fobia e a negação do processo de envelhecimento. Todos querem envelhecer, mas ninguém que parecer velho.

Paradoxo do nosso tempo. As mulheres são fortes. As mulheres sofrem. Quando se unirem, dominarão o mundo. Torço por isso. Já começaram. Oxalá!

Diálogos intergeracionaisNão é uma tarefa fácil, mas eu não desisto. Por uma questão de afinidade, proteção e/ou de sobrevivência ainda vivemos separados. Em academias, há horários específicos para a terceira idade. Já existem academias específicas para os idosos. Conviver e misturar é difícil, é complexo. O que você acha? Os grupos de convivência para idosos são um exemplo em Santa Maria e na região central do RS, sobretudo na Quarta Colônia. Se sou contra? Obviamente que não. Mas eu penso no futuro, na convivência da sociedade como um todo, no respeito, na cordialidade, no diálogo saudável entre as gerações.

Gays envelhecem?

Esta foi uma das minhas questões de pesquisa de Tese de Doutorado em Educação, na UFRGS, defendida em 2013. Minhas conclusões mostraram mais aspectos negativos do que positivos. Medo da solidão, excesso de medicação, culpa e homofobia foram relatos constantes de meus informantes brancos de classe média. Imagina os demais. Homens gays sofrem do chamado envelhecimento precoce, a partir dos 30 anos. Refletir sobre o envelhecimento LGBT é uma questão social, de saúde, de educação, de todos. Dupla, tripla vulnerabilidade. Profissionais e clínicas estão preparados para atender esta população?Sei que a questão é muito mais complexa, começa na família, nas escolas. Estamos avançando, ainda que a passos lentos. Democracia e Direitos Humanos precisam sair do papel.


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