No meio do caos

Somos latino-americanos, brasileiros, gaúchos/as. As rápidas transformações da cena contemporânea nos atingem em cheio, nos atropelam. Além da contexto nacional, somos produto e efeito do contexto regional: conservador, patriarcal, misógino, homofóbico, racista. Explico: eu adoro meu estado, mas é preciso sermos críticos. É preciso muita paciência, consideração, calma e, sobretudo educação. Oremos. Batuquemos!


Famílias e novos arranjos

De quais famílias vocês se referem? É preciso se atualizar e não generalizar, é preciso sair da ignorância. É preciso evoluir. É preciso civilidade nas relações sociais e de convivência respeitosa. A grande maioria das famílias são chefiadas por mulheres, sem maridos, junto a seus filhos e/ou parentes. Muitas famílias se formam apenas com mulheres sozinhas, e seus cães ou gatos. Cada vez mais, pela crise financeira e mundial, avós, tios, primos também passaram a morar juntos, para poder pagar aluguel, para poder dividir despesas. Para poder sobreviver.


Quem educa quem?

Infelizmente, vivemos entre opostos. Antigamente, as crianças nem podiam falar à mesa, mal conversavam com seus pais, tinham uma ou duas roupas “para sair”, auxiliavam nas tarefas domésticas e imagina reprovar na escola, nem pensar! Hoje em dia as crianças têm celular já com 3 anos de idade, e vivem grudadas neles. Gritam, se atiram ao chão, sapateiam e dão um verdadeiro show se não recebem o que pedem. Enquanto pais e mães enlouquecem tentando controlá-los, sem sucesso, na maioria das vezes, avós e tias enfraquecem sua autoridade mimando, acobertando “artes” e tirando-os dos castigos. Antigamente se comia o que tinha à mesa. Hoje em dia, os pais perguntam às crianças o que elas querem comer. Oremos! Mesmo assim elas não comem o que pediram e as avós/tias logo trazem biscoito recheado para substituir o almoço. Deliro! Em ocasiões extremas, pais dão “gotinhas” para os filhos se acalmarem e eles tomar dois comprimidos de Rivotril para poder dormir. Triste, desesperador.


Amigos e conhecidos

Amigos nas redes sociais, estranhos na presencialidade, ninguém se cumprimenta. Hoje é assim. Quantidade, likes, aparências. Se a foto ou a postagem é bonita, importante ou rara, a maioria dos seus “amigos” não curtem. Alguns adultos jovens, até trinta anos, não conseguem interagir socialmente, mal sustentam um diálogo de qualidade, parece que não têm opiniões (ou conhecimento) sobre a realidade. Diante de um desafio ou obstáculo, adoecem. Afirmam que estão sendo perseguidos, que foram injustiçados. Mais medicação. Banalização da doença. Escondem-se atrás de diagnósticos. Tudo faz mal. Onde está a paciência, o processo, a frustração?


É preciso ver/buscar a beleza

Refiro-me às coisas simples, à poética do cotidiano mesmo. Cumprimentar as pessoas (a maioria delas está doente, sozinha), conversar olhando nos olhos, educadamente. Respeitar, considerar e acolher pais, filhos e amigos. É “só” isso que nós temos e é temporário, momentâneo. A vida é um sopro. Tomar café com amigos pode ser a melhor coisa que lhe aconteça e está tudo bem.

Sem comparações, sem regras, sem explicações, sem hierarquias. Abraços, elogios, paciência e consideração. Cada um/a no seu tempo. No final é você com você mesmo. No final a gente “morre”. Vida real. 



Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

imagem Gustavo Duarte

POR

Gustavo Duarte

Velhice e Sexualidades Anterior

Velhice e Sexualidades

O pior do ser humano Próximo

O pior do ser humano