De forma pacífica após uma manifestação onde, formando um pequeno círculo, os cerca de 50 ocupantes leram textos de resistência, cantaram e fizeram agradecimentos uns aos outros, o prédio da Reitoria da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) foi desocupado.
A frase "Povo preto unido, é povo preto forte" e a clássica Um sorriso negro, de Dona Ivone de Lara, eram entoadas sob a emoção de alguns integrantes do grupo. Às 14h26min, após um abraço coletivo seguido de palmas, eles caminharam em direção ao prédio 74. O local é sede do diretório acadêmico do curso de Ciências Sociais. Foi lá que, no último dia 21, frases e suásticas nazistas, foram pichadas em uma parede junto do nome de três alunos negros, o que configurou o terceiro ato de racismo em quatro meses dentro da instituição e motivou a ocupação.
O pedido de reintegração de posse da Reitoria foi deferido no final da noite desta terça-feira, pelo juiz da 2ª Vara Federal, Jorge Luiz Ledur Brito. Desde a última sexta-feira, a Ocupação Antirracista-Reitoria/UFSM estava no local e, desde a última segunda, não era permitida a entrada de servidores.
Ao longo desta tarde, policiais federais faziam a vistoria dos andares da Reitoria. Segundo a assessoria de comunicação da UFSM, a normalização total dos serviços será retomada a partir desta sexta-feira. Porém, alguns servidores que estavam no campus já voltaram às atividades.
- Por mais que essas situações de racismo ainda aconteçam, elas tem de ser enfrentadas com bom senso, até o dia que entendam que somos todos humanos - relatou o servidor da universidade Valdomir Rodrigues dos Santos, que acompanhou a desocupação.
Durante todo o tempo, os ocupantes prezaram pela coletividade e não elegeram uma única representação para se manifestar.
Momentos antes da desocupação, um dos ocupantes teve um mal-estar e precisou de atendimento. As causas não foram informadas, mas, por volta das 14h, uma aluna fez um comunicado dizendo que ele já passava bem.