Fotos: Gabriel Haesbaert (Diário)
Criada há 75 anos, a Associação Beneficente Santo Antônio, em Júlio de Castilhos, trabalha para manter crianças na escola e auxilia os pequenos, no turno inverso, com reforços escolares e oficinas de atividades complementares. Atualmente, a casa atende 87 crianças e adolescentes.
A diretora da entidade, Andréia Dalla Nora Siqueira, conta que os atendidos são jovens em situação de vulnerabilidade social e destaca que uma das exigências para participar das atividades da associação é a frequência escolar:
- Tentamos dar para eles uma visão de futuro e mostrar que há esperança, que a vida deles pode ser melhor. Pelo cenário em que muitos se encontram, desistir da escola é um caminho fácil. Por isso, insistimos com a presença deles na escola, que frequentem as aulas - diz Andréia.
Os atendidos vão à associação no turno inverso da escola e também ganham alimentação. A entidade oferece cinco refeições para as crianças e adolescentes: café da manhã, lanche, almoço, lanche e jantar.
Para servir os jovens, a entidade aceita doações de alimentos ou de verba. Mas a ajuda não é bem-vinda apenas para este setor. Doações de materiais de limpeza, equipamentos, ou até de itens que possam ser usados nos projetos (como instrumentos musicais), são muito bem-vindos, de acordo com a diretora da instituição.
VOLUNTÁRIOS
Outro recurso que a casa está sempre de portas a abertas para receber, são os voluntários, mesmo que sejam de outras cidades. O músico Bruno Schultz, 24 anos, é integrante do Atoque, de Santa Maria, e vai a Júlio de Castilhos uma vez por semana, por uma parceria com o Centro de Referência de Assistência Social (Cras) municipal e a entidade, para dar aulas de percussão.
Ele, que tem formação em bacharelado e não em licenciatura, diz que a experiência tem sido ótima, principalmente, ao perceber a emoção das crianças com as aulas:
- Eu não sou formado em licenciatura, não sou professor, mas receber o carinho deles é sensacional - conta Bruno.
PROJETOS
Além de aulas de reforço escolar, a Associação Santo Antônio conta com 10 projetos de atividades extracurriculares:
- Musicalização - Bruna Aguiar
- Fazendo Arte - Monitora Eliane Gubiane
- D.T.G Gurizada do Sul - Monitor Uilian Alves
- Aulas de Percussão - Cras (com Bruno Schultz)
- Padaria Pães de Santo Antônio - Monitora Silmara Piffer de Quadro
- Inclusão Digital - Sem monitor
- O Som do Violão - Monitor Dalceu Muller
- Viajando na leitura - Silvia Alves
- Projeto leitura Prosa & Verso - Com a voluntária Lourdinha Pereira
- Desenvolvendo a capacidade de leitura e compreensão de textos - Com a voluntária Evelise Biavaschi
HISTÓRIA
A entidade tem 75 anos e usa como sede um prédio histórico de Júlio de Castilhos:
- A Sociedade Beneficente Santo Antônio, também conhecida como Centro Social, foi fundada em 15 de novembro de 1943
- O principal objetivo é atender crianças carentes em situação de risco social e familiar
- O estatuto social da entidade foi reformulado para atender ao novo Código Civil, porém, a única mudança foi a denominação de Sociedade para Associação Beneficente Santo Antônio
- O lema da entidade é "Compromisso com a vida, compromisso com o futuro"
- O prédio usado como sede da instituição é histórico na cidade de Júlio de Castilhos e tem mais de 100 anos
- Segundo a diretoria da entidade, o casarão abrigou um convento e também já foi sede da prefeitura
- Como a edificação é antiga, precisa constantemente de reparos e pequenas reformas
- A casa se mantém com doações (de materiais, de verba e de mão de obra dos voluntários)
- A entidade atende 87 crianças e adolescentes em turno inverso ao escolar
- A atual presidente da entidade é Zenaira Rattes Duzac
- A vice- presidente é Marciane Ceolin Dalla Corte
- A entidade tem como presidente de honra Mirian Link Waihrich
- Já a diretora é Andréia Dalla Nora Siqueira
- Atualmente, a casa conta com 11 funcionários, dois voluntários e dois monitores
- O laboratório de informática da Associação Beneficente Santo Antônio está sem monitor, no momento
- A casa serve cinco refeições por dia às crianças e adolescentes atendidos: café da manhã, lanche, almoço, lanche e jantar
- Para fazer doações (em material ou verba), ou para ser voluntário, contate a diretoria da instituição pelos telefones (55) 3271-1452 ou (55) 98449 -1270
FESTA COMO FONTE DE RENDA
Além das doações e auxílio da comunidade castilhense, a Associação realiza, anualmente, a festa de Santo Antônio. A deste ano está marcada para 9 de junho, durante todo o dia.
A presidente da casa, Zenaira Rattes Duzac, diz que a festividade ocorre sempre em junho com a verba que arrecada a diretoria se organiza para manter a entidade por um ano, até a próxima festa.
Cerca de um mês antes da festividade, algumas pessoas da comunidade se tornam voluntários temporários para auxiliar a associação com a produção de itens que serão comercializados. E as crianças fazem parte deste processo, pois os artesanatos que produzem ao longo do ano também são vendidos durante a festa. Os pães, bolachas e doces, que os jovens aprendem a fazer na oficina da Padaria Pães de Santo Antônio também vão para as bancas de venda e a verba entra nos rendimentos de manutenção anual da casa.
ATRAÇÕES ARTÍSTICAS
Para incentivar as crianças, os ensinamentos das aulas de artes, como música e dança, integram as atrações artísticas da Festa de Santo Antônio. O professor de danças tradicionalistas, Uilian da Silva Alves, conta que as apresentações não ocorrem apenas no dia da festa, pois os jovens costumam ser convidados a participarem de eventos da cidade. Contudo, é de comum acordo, entre professor e alunos, que a apresentação na Festa de Santo Antônio é a que "dá mais frio na barriga".
GERAÇÕES
Alguns dos atendidos têm um legado familiar na Associação, como é o caso de Marian Vitória de Matos, de 9 anos, que conta que os irmãos dela frequentavam a casa. Ela diz que gosta muito de dançar, assim como os irmãos faziam na entidade, mas "agora eles são grandes e não vão mais na associação, só quando tem a festa".
A pequena que faz parte do grupo de danças tradicionalistas, gosta de dançar para a família, mas fica mais apreensiva. Ainda assim, Marian diz que só vai sair da Associação Santo Antônio quando estiver grande como os irmãos.
Dez anos depois: de atendido a funcionário da instituição
Há casos em que os jovens deixam de ser atendidos pela casa e passam a auxiliar outras crianças e adolescentes, como fez Valcir Júnior de Moraes, 16 anos, que é Jovem Aprendiz da associação. Ele conta que entrou na entidade com 5 anos e praticava as atividades extracurriculares, como a oficina de pães, bolachas e doces, ministrada por Silmara Piffer de Quadro, há 9 anos.
Ela conta que Valcir gostava de participar da oficina e que ele tinha bastante energia.
Como Jovem Aprendiz, Valcir auxilia os professores e monitores, bem como a diretoria quando necessário. Ele reconhece que trabalhar na casa é bastante diferente do que ser um dos atendidos. Além de auxiliar nas atividades, parte da função de Valcir é cuidar das crianças quando necessário:
- É bastante coisa para fazer. É bem diferente. Eu estava (como atendido) na casa até o ano passado, este ano vim para trabalhar. É diferente, mas estou gostando bastante - diz o Jovem Aprendiz da associação.
A diretora Andréia Dalla Nora Siqueira, conta que Valcir era uma criança agitada e que agora ele entende melhor o cenário geral da instituição. Andreia lembra de uma situação recente em que algumas crianças aprontaram e que procurou Valcir para buscar conselho:
- Perguntei para ele o que deveríamos fazer, como conversar com as crianças e ele me pediu desculpa porque agora entendia o quanto de trabalho ele deu quando era atendido - conta a diretora, entre o riso e a emoção.