surto de toxoplasmose

Ministério da Saúde recomenda que barragem do DNOS deixe de ser fonte de abastecimento de água em Santa Maria

Dandara Flores Aranguiz


Foto: Charles Guerra (Diário)
Barragem do DNOS foi apontada como local de risco de contaminação e será monitorada

O Ministério da Saúde enviou, na última terça-feira, um relatório à Vigilância em Saúde de Santa Maria e à Superintendência Regional da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) com diversas recomendações relacionadas ao abastecimento de água na cidade. O documento foi elaborado pela equipe de técnicos do Programa Nacional de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Vigiagua) do ministério, que, de 16 a 20 de julho, estiveram em Santa Maria fazendo vistorias no sistema hídrico (barragens, reservatórios, centro de controle operacional e estação de tratamento) como estratégia de prevenção de novos casos de toxoplasmose.  

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Barragem do DNOS deve deixar de ser usada no abastecimento

O Diário teve acesso ao documento que aponta uma série de sugestões aos órgãos responsáveis pela fiscalização (veja mais abaixo). Dentre as recomendações feitas pelo Ministério da Saúde, duas chamam a atenção: uma delas visa à possibilidade de, futuramente, descartar a barragem do DNOS - que fornece 30% da água para Santa Maria - como fonte de abastecimento na cidade. Segundo o documento do Ministério da Saúde, ficou constatado que, diferentemente do Sistema Ibicuí-Mirim (composto pelas barragens Rodolfo Costa e Silva, em Val de Serra, e Saturnino de Brito, em São Martinho da Serra), o DNOS contém "em suas margens, contribuição agrícola, moradias irregulares e regulares sem sistema de coleta de esgoto sanitário, com descarte inadequado de resíduos sólidos e esgoto no corpo hídrico".

- Acreditamos que é um ponto que merece monitoramento intenso. Detectou-se que uma das fragilidades da rede de abastecimento de Santa Maria é lá, por falta de saneamento básico da população, por falta de uma política de controle, etc. O risco de uma mínima falha nesse sistema ocorrer e contaminar uma população é muito grande. E pode ocorrer falha - relatou Alexandre Streb.

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A Corsan diz já ter um projeto em andamento para utilizar preferencialmente a água das outras duas barragens e transformar a barragem do DNOS em uma reserva técnica para emergência.  

- Esse projeto consiste em fazermos uma adução da barragem Rodolfo Costa e Silva. São 22 quilômetros de extensão, saindo de Val de Serra e chegando na ETA. Nós temos 14 quilômetros prontos e faltam executar mais oito. É uma obra de R$ 48 milhões, prevista para ser concluída a médio prazo - explicou José Epstein.


Foto: Charles Guerra (Diário)

DOCUMENTO
Outra recomendação, a partir de agora, a Corsan terá que monitorar a água de captação dos sistemas do rio Ibicuí-Mirim (barragem Saturnino de Brito, em São Martinho da Serra), mensalmente, e do rio Vacacaí-Mirim (barragem do DNOS, em Santa Maria) e da Estação de Tratamento de água (ETA, em Santa Maria), a cada 15 dias durante um ano, por meio de coleta de amostras e exames laboratoriais específicos para o protozoário toxoplasma gondii. As inspeções sanitárias dos reservatórios deverão ser rotineiras e acompanhadas pelo Vigiagua Municipal.  

De acordo com o superintendente de Vigilância em Saúde de Santa Maria, Alexandre Streb, isso não era feito antes do surto.

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- Isso, a gente não fazia. Agora, vai ser atribuição da prefeitura também fazer parte dessa fiscalização. A gente só fazia o monitoramento nos pontos de água que a Vigilância determinava, para verificar como é que estava chegando essa água para a população, mas não como ela estava saindo. Avaliávamos que isso era suficiente, mas, diante dessas suspeitas, já não é mais suficiente essa água chegar somente com o teste bacteriológico - diz Streb.  

FRAGILIDADE
Ainda segundo o superintendente, a Corsan age em conformidade aos parâmetros previstos em lei, mas a metodologia aplicada - como análise da água já misturada na ETA - foi considerada uma fragilidade pelos técnicos do Vigiagua do Ministério da Saúde, que pediram, então, para que esse monitoramento seja distinto.  

- A negligência com relação à toxoplasmose é internacional. A questão é: os padrões estabelecidos são suficientes? Acreditamos que não, e vamos ter que fazer mais do que o previsto - comentou Streb.

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Conforme o superintendente regional da Corsan, José Epstein, a companhia já estabeleceu um calendário de monitoramento das barragens, da água de recirculação e do lodo. Ele diz que a coleta de amostras começam em setembro.  

- O Laboratório de Parasitologia e Zoonoses e Saúde Pública da Universidade Estadual de Londrina (UEL) vão nos dar esse suporte pelos próximos 12 meses, para fazer as análises solicitadas - afirmou Epstein.

RECOMENDAÇÕES DO MINISTÉRIO DA SAÚDE

Compete à Vigilância em Saúde:

  • As inspeções sanitárias nos reservatórios, por parte do Vigiagua Municipal, devem ser rotineiras, tanto como forma de acompanhamento das melhorias preconizadas quanto pela competência conjunta da companhia e do setor de saúde na garantia da qualidade da água de distribuição e circulação
  • Para diminuir os riscos devido ao abastecimento de água por outras fontes, foi recomendado que o Vigiagua Municipal faça cadastramento ou atualização dos cadastros das soluções alternativas para o consumo de água nas áreas desabastecidas pela Corsan (de acordo com o superintendente da Vigilância em Saúde, esse mapeamento já está sendo feito com o levantamento nos distritos);
  • Encaminhar à Corsan informações sobre surtos e agravos à saúde relacionados à qualidade da água para consumo humano

Compete à Corsan:

  • Monitorar a água de captação da barragem do DNOS para os parâmetros toxoplasma gondii, giárdia e cryptosporidium a cada 15 dias, por 12 meses;
  • Monitorar a água de captação da barragem Saturnino de Brito para os parâmetros toxoplasma gondii, giárdia e cryptosporidium a cada 30 dias, por 12 meses;
  • Monitorar a água de recirculação, retrolavagem e filtros na Estação de Tratamento de Água (ETA) para os parâmetros toxoplasma gondii, giárdia e cryptosporidium a cada 15 dias, por 12 meses;
  • Enviar para o Vigiagua, com antecedência mínima de 30 dias, o cronograma de limpeza dos reservatórios e comunicar qualquer alteração desse cronograma;
  • Comunicar o Vigiagua e a população sobre interrupções do fornecimento de água e o prazo previsto para normalização;
  • Comunicar o Vigiagua de anormalidades e serviços de intermitência;
  • Comunicar o população sobre problemas de contaminação na água, orientando sobre a eventual necessidade de esvaziar e lavar os reservatório domiciliares

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