Foto: Charles Guerra (Arquivo/Diário)
No próximo domingo (21), o país destaca em seu calendário o Dia Nacional de Conscientização da Doença de Alzheimer, data voltada para alertar sobre a importância do diagnóstico precoce e da rede de apoio aos pacientes e cuidadores. Em entrevista ao programa Bom Dia, Cidade, da rádio CDN, a professora da UFSM e coordenadora do Projeto Pacto e do Grupo de Apoio a Cuidadores da Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz RS) em Santa Maria, Kayla Araujo Ximenes Aguiar Palma, destacou que o envelhecimento da população tem relação direta com o aumento de casos
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A doença de Alzheimer, a forma mais comum de demência. Cerca de 8,5% das pessoas com mais de 60 anos, convivem hoje com algum tipo de demência, o que representa entre 2,7 e 2,9 milhões de brasileiros. Esse número pode chegar a 5,6 milhões até 2050, conforme projeções do Relatório Nacional sobre as Demências.
— Conforme aumenta a população idosa, cresce também a prevalência de casos de demência. A doença de Alzheimer é uma das mais conhecidas, mas é importante esclarecer que nem todo esquecimento está associado à demência — explica Kayla.
Futuro
A preocupação, indica a especialista, é com o acesso a serviços e profissionais especializados que possam atender essa parcela da população que cresceu e crescerá ainda mais. O serviço de atenção à saúde do idoso deve sentir diretamente os impactos. E, de maneira geral, a sociedade cotidianamente.
– Esse público vai estar presente dentro do ônibus, na praça, no banco, no supermercado, nas ruas. Eles não vão estar isolados. São pessoas que vão estar precisando de um suporte muito grande – aponta. Kayla.
Como reconhecer
Os sinais da doença são relacionados a esquecimentos constantes e a deterioração nas funções cognitivas como memória, atenção, concentração, raciocínio, julgamento, quando começam a atrapalhar as atividades básicas do dia a dia. Em termos técnicos, seria um transtorno neurodegenerativo progressivo, ligado ao acúmulo de fragmentos de proteínas tóxicas no sistema nervoso central, que levam à perda de neurônios em regiões como o hipocampo (responsável pela memória) e o córtex cerebral, essencial para a linguagem, o pensamento abstrato e o reconhecimento de estímulos.
– Vou dar um exemplo. Minha mãe sempre foi à padaria comprar o pão. E um dia, ela foi à padaria e na volta ela se perdeu. Não voltava, demorou para chegar em casa. Então, são funções cognitivas que estão sendo prejudicadas e são eventos mais constantes. É um esquecimento que prejudica a realização das atividades diárias, cotidianas que esse sujeito tem. Isso já é um alerta. Não se trata da pessoa estar idosa. Sinais como repetir a mesma informação várias vezes. Dar uma recado e, depois de 20 minutos, ela não lembrar mais. Isso é um alerta. Não é um esquecimento convencional que nós todos temos, como esquecer um guarda-chuva ou um compromisso que a gente tinha agendado há dois meses. É um esquecimento mais constante, prejudica, principalmente, as atividades cotidianas – retrata a especialista.
Embora a causa ainda seja desconhecida, há indícios de que fatores genéticos estejam relacionados ao desenvolvimento da doença.
Detalhes
- Ao observar sinais, procure atendimento médico;
- Até o momento, não foi encontrada causa específica;
- Doenças e lesões relacionadas a funções cognitivas podem levar ao declínio cognitivo;
- Importante diagnósticar cedo;
- O diagnóstico é feito com neurologistas, a partir de exames diversos;
- Crescimento de casos é uma realidade mundial.
Hábitos que podem ajudar na prevenção
Embora a causa exata da doença ainda não seja conhecida, a professora ressalta que fatores de proteção ao longo da vida podem retardar o surgimento dos sintomas. Entre eles estão:
- Prática regular de atividade física;
- Alimentação saudável;
- Controle de doenças como hipertensão e diabetes;
- Evitar o uso de álcool, tabaco e drogas;
- Manter a mente ativa, com estímulos cognitivos;
- Preservação da vida social e de hábitos que reduzam o estresse.
Impacto nas famílias
Além dos desafios médicos, a doença traz forte impacto emocional, físico e financeiro para familiares e cuidadores. Muitas vezes, esses responsáveis não têm preparo para lidar com a progressão da doença. Para apoiar esse público, o Projeto Pacto (Programa de Apoio a Cuidadores da UFSM) e a Abraz RS – núcleo Santa Maria oferecem encontros gratuitos. Eles acontecem de forma online todas as terças-feiras, às 20h, e também em atendimentos presenciais junto ao ambulatório de geriatria da universidade.
— Nosso objetivo é orientar sobre cuidados básicos, prevenção de riscos, estimulação cognitiva e também cuidar do próprio cuidador, que precisa de suporte para evitar sobrecarga física e emocional — destaca Kayla.
Como participar
Interessados podem procurar os canais do projeto nas redes sociais:
- Instagram:@pacto_ufsm
- Facebook:Abraz Santa Maria
Veja na íntegra