Julho está acabando, mas a conscientização sobre as hepatites virais segue em Santa Maria. A condição, que afeta principalmente o fígado, é causada pelos vírus A, B, C, D e E, podendo apresentar ou não sintomas como fadiga, mal-estar, febre, dores musculares, enjoo, vômitos, dor abdominal, urina escura, fezes claras e icterícia (pele e olhos amarelados).
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Alertar sobre os riscos dessa doença é uma das missões da enfermeira e coordenadora da Política de HIV/Aids, ISTs e hepatites virais de Santa Maria, Márcia Rodrigues. Dados da Secretaria Municipal da Saúde apontam que sete casos de Hepatite B e 35 de Hepatite C foram registrados na cidade entre janeiro e junho de 2025. Esse número é menor do que o índice do ano passado, quando 84 casos de hepatites virais foram contabilizados na cidade, sendo a maior parte (68 diagnósticos) do tipo C.
Segundo Márcia, Santa Maria segue a tendência nacional, na qual “a Hepatite C tem maior prevalência na faixa etária de pessoas com 40 anos ou mais, além de populações específicas”. Considerando o atual cenário, a campanha Julho Amarelo na cidade focou na sensibilização e conscientização sobre os riscos de hepatites virais em salões de manicure e pedicure, barbearias e estúdios de tatuagem e perfurocortantes. A programação também contou com a colagem de cartazes informativos em locais parceiros e a realização de um evento na última quinta-feira (24), na Praça Saldanha Marinho.
– As hepatites virais podem provocar doenças graves, como cirrose hepática, insuficiência hepática e câncer de fígado. Muitas vezes, essas infecções evoluem de forma silenciosa, sem sintomas aparentes, o que aumenta o risco de diagnóstico tardio. Os sinais merecem atenção. A população deve estar especialmente atenta às formas de transmissão e buscar a prevenção por meio de vacinas (disponíveis para os tipos A e B), uso de preservativos e testagens regulares para Hepatites B e C, disponíveis na rede pública de saúde – orienta Márcia.

Transmissão
As hepatites virais são infecções no fígado causadas por vírus dos tipos A, B, C, D ou E. Veja como cada uma é transmitida:
- Hepatite A é transmitida por via fecal-oral e está relacionada a baixos níveis de saneamento básico e à água contaminada, tendo causado preocupação no Estado em decorrência das enchentes
- Hepatite B é transmitida pelo sangue e por fluidos corporais contaminados e está associada a infecções sexualmente transmissíveis
- Hepatite C é transmitida pelo sangue e por fluidos corporais contaminados. A unidades de saúde disponibilizam teste rápidos
- A Hepatite D só ocorre em indivíduos que já têm a hepatite B, por isso a vacina contra essa última é a melhor forma de proteção
- Hepatite E é transmitida principalmente pela água e por alimentos contaminados, exigindo cuidados simples, como consumir água tratada e alimentos bem cozidos
Assistência
Localizado na Rua Silva Jardim, o Serviço de Assistência Especializada (SAE) e Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) Casa Treze de Maio é referência em acolhimento, tratamento, distribuição de insumos e testagens rápidas para HIV, Sífilis, Hepatites B e C. Ao Diário, a psicóloga responsável pelo local, Danieli Brum de Souza, falou sobre as etapas que antecedem o tratamento às hepatites virais:
– No caso das hepatites virais, os testes rápidos servem para a triagem apenas, porque precisamos de um outro exame que analisa a carga viral e não é realizada em Santa Maria. Então, fazemos a coleta e enviamos a amostra para o Laboratório Central do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. É a partir disso que conseguimos fechar o diagnóstico e, depois, encaminhar para o médico fazer a indicação de tratamento.
Considerando a rotina do local, a psicóloga elenca dois fatores como essenciais para garantir maior qualidade de vida aos pacientes: o acolhimento e a informação.
– Muitas pessoas desconhecem o que é, de fato, a infecção e acreditam que pode trazer um risco de morte eminente. Mas, na maioria dos casos, o tratamento é bastante efetivo e a pessoa consegue ter uma vida normal. Realizamos aqui mesmo os tratamentos para as hepatites B e C. No caso da C, hoje, a medicação garante 95% de chance de cura nos casos. Já a B é uma doença crônica e precisa de acompanhamento para o resto da vida – afirma Danieli.

No local, também se encontra a Unidade de Dispensação de Medicamentos (UDM). Conforme a responsável pelo setor, a farmacêutica Taionara Copetti, o espaço possibilita que o usuário saia do local com o tratamento e os medicamentos necessários.
– Desde 2021, a medicação para hepatites é mais acessível. Antes, o medicamento demorava um ano para ser entregue via decisão judicial. Hoje, o paciente passa pela avaliação do médico infectologista, que determinará qual é o protocolo de tratamento a ser seguido e o período de duração. No caso da Hepatite C, o tratamento pode ser feito em oito, 12 ou 24 semanas. Já o tratamento da Hepatite B, por ser uma doença crônica, ocorre por um período prolongado. Na UDM, fazemos o primeiro atendimento, explicamos como funciona o medicamento e os cuidados no manuseio. A retirada ocorre de forma gratuita e pode ser feita todos os meses até o final do tratamento, quando o paciente deve passar pela reavaliação do médico – relembra a profissional.

SAE/CTA Casa Treze de Maio
- Horário de funcionamento – De segunda a sexta-feira, das 7h30min às 11h30min e das 13h às 16h30min
- Horário para testagem rápida de HIV, Sifílis, Hepatites B e C – De segunda a sexta-feira, das 7h30min às 10h30min e das 13h às 15h30min, com exceção das quarta-feiras quando ocorre reunião de equipe
- Endereço – Rua Silva Jardim, 1.280, Bairro Nossa Senhora do Rosário
- Contatos – (55) 3174-1594 opção 6 ou e-mail [email protected]
Unidade de dispensação de medicamentos (UDM)
- Horário de atendimento – De segunda a sexta-feira, das 7h30min às 11h30min e das 13h às 15h30min (exceto às quartas-feiras, quando o atendimento ocorre das 7h30min às 9h30min e das 13h às 16h30min)