infecção intestinal

Água não foi a origem do surto de infecção, afirma secretário de Saúde

18.389

Em entrevista ao Diário, no início da tarde desta quarta-feira, o secretário municipal de Saúde, Francisco Harrisson, descartou a água como fonte de infecção do surto. Segundo ele, a principal suspeita é de que a contaminação tenha se dado através dos alimentos, ou, ainda, por meio de contaminação fecal-oral. 

- Não é que foi encontrado em alimentos, mas, na maioria das vezes, é. Alguém poderia estar com a bactéria e contaminou outro - explica o secretário.

Exames apontam as bactérias que causaram a morte de crianças em surto de infecção

Além de Murilo e Antônia, a prima da menina, a pequena Maria Júlia Souza do Nascimento, 3 anos, também foi contaminada pela bactéria Campylobacter jejuni. Segundo a mãe, Carla Maria Valin Souza, 19 anos, ela apresentou os primeiros sintomas no dia 26 de dezembro e chegou a ser atendida duas vezes no Pronto-Atendimento (PA) Municipal, o PA do Patronato. Como os sintomas persistiram, a menina foi internada e chegou a ser encaminhada para o Hospital Casa de Saúde, no dia 31 de dezembro, onde ficou em isolamento até o dia 3 de janeiro, quando recebeu alta hospitalar. Maria Júlia não estuda na mesma escola, mas teve contato com Antônia um dia antes dela viajar com a família,.

- A gente acompanhou tudo o que a família da Antônia passou, e estávamos apavorados. Passamos a noite de Ano Novo com ela no hospital - comenta Carla.

Segundo Harrisson, no caso de Murilo, o agente bacteriano identificado foi a Escherichia coli. Essa bactéria já faz parte da flora intestinal humana, mas o tipo encontrado em uma das amostras produz uma toxina que é mais patogênica e, frequentemente, encontrada na carne bovina, podendo levar a óbito.

Já a segunda bactéria identificada, presente nos exames das duas meninas, foi a Campylobacter jejuni. Ela pode ser encontrada na carne de aves, e é mais difícil de a cultura ser desenvolvida, o que dificultou a testagem das amostras coletadas.

ESSA É A PRIMEIRA VEZ QUE O ESTADO REGISTRA ESSE TIPO DE SURTO
De acordo com Harrison, o surto de infecção intestinal ocasionado por essas bactérias - Escherichia coli e Campylobacter jejuni - não havia sido registrado até agora no Estado. 

Até agora, foram 41 casos de infecção intestinal, seis internações e dois óbitos. O último caso registrado teve início de sintomas em 8 de janeiro, e o surto será monitorado por 30 dias até que não se registrem casos novos.

A Vigilância em Saúde do município terá de ser notificada caso qualquer pessoa dê entrada em unidade de saúde pública ou privada com vômito, diarreia e/ou dores abdominais e que tenha algum tipo de relação com a Escola de Educação Infantil do Sesi . O telefone para contato é o (55) 3921-7154 e (55) 99167-4185 ou ao no número 150, o Disque Vigilância da SES/RS.

MP abre procedimento para apurar mortes por infecção em Santa Maria

VOLTA ÀS AULAS
Na noite de terça-feira, uma reunião de portas fechadas entre representantes da prefeitura, do governo do Estado, da escola do Sesi e de pais de alunos discutiu se a escola do Sesi terá aulas ou não a partir de fevereiro - as duas crianças que morreram estudavam na instituição. 

De acordo com informações da assessoria de comunicação da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), responsável pelo serviço do Sesi, a superintendência ainda está discutindo a respeito, mas só terá uma resposta concreta na próxima semana.

Em conversa com o Diário, alguns pais questionaram a possibilidade de ser feita uma higienização antes das aulas começarem. A prefeitura respondeu informando que serão feitas novas coletas de água na escola devido à necessidade de análise específica para as bactérias identificadas. Além disso, a Vigilância em Saúde recomenda a desinfecção geral da escola.

MEDIDAS DE CONTROLE
A prevenção de novos casos segue as medidas gerais de prevenção de doenças de transmissão hídrica e alimentar: 

  • Lavar bem as mãos com sabonete e ou sabão antes do preparo dos alimentos, sempre que interromper a atividade de preparo, e após
  • Lavar bem as mãos após uso do banheiro e troca de fraldas
  • Lavar frequentemente as mãos das crianças com sabonete ou sabão, sobretudo após o uso do banheiro
  • Manter os alimentos refrigerados, abaixo de 5°C, ou aquecidos acima de 70°C
  • Consumir somente água potável ou tratada
  • Consumir alimentos crus como vegetais folhosos, frutas e legumes, somente após a lavagem mecânica retirando todas as sujidades, seguida do uso de solução clorada 
  • Consumir alimentos de origem animal (carnes, ovos, leite, mel etc.) somente com registro no órgão sanitário competente
  • Não consumir leite e seus derivados crus, não pasteurizados
  • Utilizar utensílios (tábuas, talheres e recipientes) diferentes para produtos crus e cozidos
  • Não ingerir carnes cruas ou mal cozidas (abaixo de 70°C)
  • Manipuladores que apresentarem sintomas gastrointestinais não devem manusear alimentos 

Fonte: Secretaria Estadual de Saúde (SES) e Secretaria Municipal de Saúde (SMS)

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Anterior

Com queda nas doações de sangue, Hemocentro Regional abre neste sábado

Próximo

População deve procurar unidades para receber a vacina pentavalente a partir de segunda

Saúde