Foto: Vinicius Becker (Diário)
O TDAH apareceu pela primeira vez no Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) no final da década de 1980. Desde então, o tema tem passado por revisões, considerando aspectos econômicos, políticos e sociais.
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Segundo a psicóloga e especialista em terapia cognitivo comportamental e terapia sistêmica, Rita Rosa, a busca pelo diagnóstico na infância é o mais recomendado.
– O manual diz, que para diagnosticarmos o TDAH, ele precisa aparecer antes dos 12 anos, porque é esperado que, quando a criança for para a escola, tenha mais foco, tente ficar mais tempo sentada e tenha mais organização. Às vezes, aquela criança, que até os 7 anos não apareceu um problema, indo para a escola, talvez, vá aparecer e muitas são encaminhadas (para a busca por um diagnóstico) pelas escolas – relata ela.
Neste processo, a psicóloga destaca a escuta assertiva e atenta como essencial:
– Dentro da psicologia, se é uma criança, vamos precisar ouvir os pais ou responsáveis. E também, se ela já está em idade escolar, à escola, porque traz muitas coisas bem pertinentes. Temos algumas ferramentas que usamos dentro da psicologia como escalas validadas e testes, além da escuta assertiva e atenta das pessoas que convivem com a criança. Hoje, percebemos que quando o diagnóstico vem na infância é muito mais fácil. Imagine uma pessoa com o transtorno que cresceu sem o tratamento. Ela, muitas vezes, pode ser vista como irresponsável e preguiçosa, quando na verdade ela tem uma dificuldade.
Ainda conforme Rita, os três tipos de TDAH (veja ao lado) podem se apresentar de formas diferentes entre meninos e meninas, o que exige ainda mais observação da rede de apoio.
– Para nós, mulheres, é sempre a mais difícil, porque o TDAH na infância passa batido, porque há uma maior predominância do tipo desatento entre as mulheres. Já os homens, são mais o tipo desatento ou hiperativo, o que não passa despercebido na sala de aula.Eu já tive muitas pacientes mulheres que vieram a descobrir o TDAH na vida adulta e tiveram prejuízos muito grandes até essa descoberta – afirmou a especialista.
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Os impactos do TDAH ao longo da vida são inúmeros, mas na medida em que o tema é discutido, novas formas de lidar com o transtorno são encontradas. Ao Diário, Rita fez um alerta sobre adversidades que podem ser desencadeadas pela condição:
– Normalmente, quando o TDAH não é tratado e diagnosticado, ele pode gerar outros tipos de conflitos. Por conta da impulsividade e irritabilidade, o paciente pode, às vezes, não conseguir manter relações sociais ou até mesmo, comprar coisas que não precisa, desenvolvendo ansiedade, depressão e outros transtornos.
O tratamento para o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) não é fácil e rápido, mas é fundamental, visto que se trata de uma condição sem cura.
– O cérebro da pessoa com TDAH tem um déficit de neurotransmissores, como dopamina e noradrenalina. A dopamina é responsável pela motivação, a recompensa e o aprendizado. Já a noradrenalina está ligada à questão do foco. Por conta disso, são recomendadas medicações que vão estabilizar esse padrão e fazer com que as pessoas consigam ter mais foco, disposição e organização. Além disso, o paciente provavelmente precisará de um tratamento combinado, que é o medicamentoso com a terapia, porque só a terapia não o fará desenvolver as habilidades necessárias – ressalta a psicóloga.
Veja quais são os tipos de TDAH
TDAH predominantemente desatento
- Os indivíduos apresentam dificuldades significativas em manter a atenção, completar tarefas, seguir instruções e organizar atividades
- Podem ser facilmente distraídos por estímulos externos, ter dificuldade em prestar atenção a detalhes, cometer erros por descuido e perder objetos frequentemente
- Em muitos casos, a falta de atenção pode levar a problemas na escola, no trabalho e em outras áreas da vida, sendo confundida com preguiça ou falta de interesse
TDAH predominantemente hiperativo/impulsivo
- É caracterizado por níveis elevados de inquietação, agitação, fala excessiva e impulsividade
- Indivíduos com este tipo de TDAH podem ter dificuldade em esperar sua vez, interromper conversas e agir sem pensar nas consequências
- A impulsividade pode levar a comportamentos arriscados e dificuldades em regular as emoções
TDAH combinado
- Este tipo combina sintomas de desatenção e hiperatividade/impulsividade
- Indivíduos com TDAH combinado podem apresentar dificuldades em se concentrar, mas também podem ser inquietos e impulsivos
- Este tipo de TDAH é frequentemente associado a maiores prejuízos no funcionamento geral do indivíduo, que pode apresentar oscilações entre períodos de desatenção e hiperfoco ao longo da vida