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'Saímos do pior momento da pandemia, mas situação não é confortável', alerta pesquisador

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Depois de enfrentar o pico da Covid-19 em março deste ano e uma segunda elevação no final de maio, os indicadores da pandemia, finalmente, apontam uma tendência de queda, segundo análise da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O declínio de casos graves e mortes por coronavírus fez o governo do Estado retirar o alerta que estava na região pelo Sistema 3 As após seis semanas. Com isso, os municípios poderão adotar medidas menos restritivas. No entanto, Marcelo Gomes, especialista da Fiocruz, alerta que situação ainda não é confortável.


O boletim do InfoGripe, divulgado semanalmente pela fundação, coloca a macrorregião Centro-Oeste, da qual Santa Maria faz parte, com tendência de estabilização a curto prazo (três semanas). Mas, a longo prazo (seis semanas), a probabilidade de queda de indicadores é superior a 95%.

_ Felizmente, há essa redução, mas o que ainda preocupa muito é que, mesmo com essa queda, o patamar em termo de números de novos casos semanais ainda está em nível extremamente alto. O número observado continua acima do que a gente observou nos piores momentos do ano passado. O simples fato de estarmos em queda não nos coloca em uma situação de tranquilidade _ explica Gomes, que também é coordenador do projeto Infogripe e é pesquisador em saúde pública na Fiocruz.

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Fonte: Fiocruz 

Os principais dados analisados pela Fiocruz são de casos graves e mortes com sintomas de síndrome respiratória aguda grave (SRAG). Parte da incidência da doença ocorre em razão da contaminação por coronavírus. Para se ter uma ideia, o recorde de mortes por Covid-19 em 2020 aconteceu em dezembro, com 39 casos. Janeiro e fevereiro deste ano tiveram 51 e 52 óbitos, respectivamente. Março teve um aumento expressivo, chegando a 151 mortes, e abril teve 153. Maio reduziu para 118. Em junho, houve nova queda, para 83 óbitos. Apesar dessa melhora, o índice ainda não chegou a um patamar anterior ao pico, conforme analisou Gomes.

Ainda segundo o pesquisador, a macrorregião Centro-Oeste está, atualmente, com uma média de 10 a 15 internações por síndrome respiratória a cada 100 mil habitantes por semana. A partir de 10 internações, considera-se que é um patamar elevado. O índice baixo seria uma ou duas internações para cada 100 mil habitantes. No pico, em março, chegou-se a 30 internações semanais na região.

_ No inverno passado, não chegamos a 10 internações por síndrome respiratória aguda grave, isso que o período de frio no Sul sempre ocasionou um aumento dessas internações. Fomos chegar a 10 internações na macrorregião apenas em dezembro. Então, isso, mais uma vez, mostra que a redução é boa, saímos do pior momento da pandemia, mas situação ainda não é confortável _ analisa Gomes.

Apesar da queda dos indicadores de casos graves e de óbitos, que está relacionada com o avanço da vacinação, o contágio e a transmissão do vírus segue em níveis elevados. Neste quesito, todo o Rio Grande do Sul está em área de risco, conforme a Fiocruz.

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Fonte: Fiocruz

MÉDIA MÓVEL DE CASOS EM DECLÍNIO
Outro indicador da pandemia, a média móvel de novos casos também aponta um declínio da curva epidemiológica, conforme análise do Observatório de Dados da Covid da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

A pandemia teve quatro picos até agora (como mostra o gráfico abaixo): o primeiro em setembro, o segundo em dezembro, o terceiro em março e o quarto entre o final de maio e início de junho. Após o último pico, houve uma redução de casos, seguida por um período de estabilização e, agora, queda. Mas, fica visível também que, apesar da redução, o patamar ainda não chegou a um nível anterior ao pico de março.

Abaixo, é possível conferir o avanço da média móvel em Santa Maria por dia e por semana.

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  • O gráfico mostra a variação da média móvel diária de novos casos. A média móvel de cada dia é calculada com a soma dos casos dos últimos sete dias, dividida por sete.
  • É possível observar alguns picos, o maior deles em março, com 217 casos em um dia. Depois, houve duas quedas e duas novas elevações.
  • De março até agora, a menor média diária de casos foi 107, no final de junho, número semelhante do que a grande maioria das médias antes do pico. Ou seja, nosso melhor momento da pandemia neste ano é semelhante aos piores momentos do ano passado
  • A queda abrupta no fim do gráfico não deve ser considerada, por conta do atraso no registro dos dados. Números mais fidedignos podem ser observados apenas após 14 dias, conforme especialistas. Ainda assim, é possível observar que há uma tendência de queda atualmente

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  • Este é o gráfico das médias móveis e número de casos por semana epidemiológica. Segundo especialistas, é uma forma mais fidedigna de retratar a variação dos números da pandemia, pois exclui variações aleatórias.
  • Cada barra representa o número de casos confirmados por semana em 2021. A linha vermelha representa a média móvel, calculada a partir da soma dos casos das duas semanas anteriores, dividido por dois.
  • As duas últimas barras representam as duas últimas semanas. Como há um atraso no registro de novos casos, os números dessas semanas devem aumentar.
  • Mais uma vez, fica visível o pico da doença na cidade, na 11ª semana do ano, em março. Depois, houve uma queda, seguida por uma estabilização e, na sequência, outro aumento entre o final de maio e início de junho, na 21ª semana do ano. Já agora, mais uma vez, é possível observar uma queda no atual momento da pandemia. Mas, os dados da 25ª semana continuam maiores do que os da 1ª a 7ª semana, antes do pico de março 

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