Diário Explica: o quadro de dengue no Estado já pode ser classificado como epidemia?

Da atualização de quinta (8) para sexta-feira (9), houve um aumento de 14 casos confirmados de dengue em Santa Maria. Este aumento se deve a diversos fatores. No Rio Grande do Sul, são 3.193 apenas em 2024. No Estado, já foram registrados três óbitos. Os fatos acendem alerta para um quadro de epidemia em todo o país. Para falar sobre o assunto, esteve ao vivo no Bom Dia, Cidade! (93.5 FM) desta sexta o médico infectologista Alexandre Schwarzbold. 


Para classificar casos como pandemias, endemias ou epidemias deve-se levar em conta a frequência e escalas da doença. É o que explica o médico. 


– Para qualificar como uma epidemia, a gente tem que ver, de modo permanente nessa época do ano, muitas cidades e muitos casos no Estado ao mesmo tempo. Hoje, a gente tem o mosquito da Aedes praticamente em todos os municípios do Rio Grande do Sul. E nesse sentido, a gente já pode qualificar como epidemia, dado que o país já vive isso. O RS era um dos poucos Estados a não registrar casos de dengue. E hoje não, é uma realidade que o Estado já vive. Acho que sim, podemos qualificar cada vez mais como uma epidemia. 


Clima propício para a dengue

São diversos os fatores que podem ter agravado os casos de dengue no Estado. Um deles tem a ver com a questão climática. O ano de 2023 foi marcado por períodos de chuvas intensas. E o acúmulo de água intercalado com ondas de calor podem ser propícios para aumentos de focos de mosquito Aedes aegypti: 


– É um conjunto de fatores. O primeiro é a questão climática. Não é novidade que neste ano a meteorologia previa isso, a gente viveu sob o fenômeno do El Niño e como tal tivemos um período de chuva muito mais intenso do que em outros verões, associado, claro, a estes picos de calor. Intercalar frio e calor é algo que, do ponto de vista climático, facilita a proliferação do mosquito.   


Como prevenir e os problemas enfrentados 


Vistorias em residências e bairros das cidades de todo o país são realizadas pelas Superintendências de Vigilância em Saúde. Em Santa Maria, as pulverizações com inseticidas são uma das estratégias adotadas para o combate ao mosquito. Para Schwarzbold, dificuldades na prevenção junto das mudanças climáticas tendem a aumentar os casos: 


– Acredito que muitos municípios não fazem um preparo de monitoramento de prevenção da proliferação do mosquito. Acho que são estratégias insuficientes. Então, se você junta questões climáticas, que potencializa a proliferação do mosquito, com políticas públicas que são mais precárias, se torna uma combinação perversa nessa época do ano. 



O médico infectologista alerta também para atenção da população de forma individual, pois muitos dos casos registrados com focos do mosquito são em residências. Em viagens, evitar deixar água parada e lixos acumulados. Ao retornar, é preciso limpar pátios, sacadas e outros locais que possam servir para proliferação do mosquito, que tem um ciclo de reprodução em torno de uma semana: 


– É importante que a população tenha essa percepção. É muito difícil depender completamente do poder público, quando a gente tem o número de agentes limitados. É uma realidade do país e em Santa Maria isso não é diferente. É fundamental que cada pessoa auxilie os agentes e tenha consciência dos cuidados em casa. Há uma chance maior de proliferação e transmissão. O ciclo de reprodução do mosquito dura em média uma semana. Então, quem volta de viagem e de passeios precisa fazer essa limpeza.    


Demais cuidados

Atenção aos sintomas. O médico pontua que a dengue tem sintomas parecidos com outras doenças. O sinal principal é a febre associada a outro sintoma, como, por exemplo, febre e dor muscular, náuseas, vômitos e dores musculares e dor no fundo do olho. Alguns medicamentos também são contraindicados pelos médicos, como a aspirina, anti-inflamatórios não esteroides e remédios para dores nas articulações. Ainda não há um tratamento específico para a dengue. 


Vacina 

Em maio de 2023, a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) começou a receber voluntários para os testes de duas vacinas da dengue. Segundo Schwarzbold, os testes estão em fase final. Na quinta-feira (8), o Ministério da Saúde iniciou a distribuição das doses da vacina contra a dengue. O lote começou a ser destinado a crianças de 10 a 11 anos. A previsão é que 521 municípios sejam contemplados com as doses. O RS não está na lista. 


Casos em Santa Maria

Dados de 9 de fevereiro de 2024

  • Nº de notificações – 159
  • Casos confirmados – 35
  • Em investigação – 100
  • Casos inconclusivos – 0
  • Descartados – 24
  • Óbitos – 0  No Estado - já foram registrados 3 óbitos

Denúncias de possíveis focos do mosquito podem ser feitas para a superintendência de Vigilância em Saúde pelo telefone (55) 3921-7159 e/ou WhatsApp no (55) 7400-5525.

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Letícia Almansa Klusener

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