crimes virtuais

Golpes pela internet aumentam até 500% durante a pandemia

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data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Pedro Piegas (Diário)
Confirmação em duas etapas é uma das maneiras que impede que golpistas clonem rede social. Durante parte da pandemia, alguns crime tiveram aumento de 500%

A frase do delegado regional da Polícia Civil (PC), Sandro Meinerz, já diz como foi o ano de 2020 para os criminosos, as vítimas e, também, para polícia. Os golpes pela internet disparam em Santa Maria no ano da pandemia. Alguns deles tiveram um aumento de 500% de julho a novembro deste ano na cidade, conforme números da polícia obtidos com exclusividade pela reportagem do Bei.  

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"2020 foi o ano do estelionato virtual". A frase do delegado regional da Polícia Civil, Sandro Meinerz, resume qual foi o crime mais comum no ano que passou. Os golpes pela internet dispararam em Santa Maria no ano da pandemia. Alguns tiveram aumento de 500% de julho para novembro. 

Um golpe que vem sendo aplicado em larga escala pelos estelionatários é o da clonagem do WhatsApp. Uma das táticas mais comuns dos criminosos é se passar por pesquisador do Sistema Único de Saúde (SUS) ou do Ministério da Saúde e pedir informações sobre a Covid-19. Em dezembro, o golpista usou um número de celular com DDD 11 (de São Paulo) para tentar enganar um morador de Santa Maria.

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Com voz tranquila e sotaque paulista, o golpista pediu ao santa-mariense, de 51 anos, para responder a perguntas sobre a doença. Na boa intenção de ajudar, a vítima não se negou a participar. Mas desconfiou ao responder a apenas quatro indagações simples, como se o entrevistado teve sintomas da Covid-19 ou se alguém do bairro confirmou a doença. A conversa durou menos de um minuto.

Ao final, o falso pesquisador enviou uma mensagem de texto que, na verdade, continha os seis números do código de segurança do WhatsApp, e pediu para que a vítima os fornecesse para confirmar a participação na suposta pesquisa. Ao perceber a má-fé, a vítima desligou sem passar o código. 

Com o roubo do perfil na rede social, os golpistas aproveitam para pedir dinheiro a conhecidos da vítima no WhatsApp, passando-se pela própria pessoa. O Ministério da Saúde reforça que não está fazendo pesquisa sobre o coronavírus por telefone.  

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VINÍCOLA
Já uma jornalista de 30 anos não teve a mesma sorte. Após receber uma mensagem da página de uma vinícola que curtia, ela forneceu o código de acesso do seu WhatsApp sem perceber. Segundo ela, a suposta mensagem da vinícola oferecia um voucher de 50% desconto para compras no site da empresa. A mensagem teria vindo pelo Instagram. Os golpistas pediram o WhatsApp, o telefone, e o nome completo para cadastro. Em seguida, enviaram uma mensagem com um código. Assim que a vítima forneceu o número, os criminosos clonam seu WhatsApp.  

- Chegou o código de verificação e eu dei para eles. Assim que eu forneci o código, caiu meu WhatsApp. Eu não liguei uma coisa na outra. Eles foram muito rápidos. Em questão de minutos, recebi várias ligações. Tive que fazer um boletim de ocorrência e ir na empresa telefônica para cancelar a minha linha. Parecia uma coisa inofensiva e acabou dando todo esse transtorno - conta a jornalista. 

Conforme a vítima, os criminosos enviaram várias mensagens para diversos contatos da sua agenda pedindo dinheiro. 

- Uma pessoa acabou depositando R$ 1,8 mil. Ficou uma situação muito chata - revela. 

A maioria das pessoas que receberam a mensagem desconfiou ao perceber que a conta para depósito era de um nome desconhecido, e não da jornalista. 


MAIS DE 920 CASOS NO ANO
De julho a novembro de 2020, 928 ocorrências envolvendo golpes pela internet foram registradas pela Polícia Civil de Santa Maria. Incluíam da clonagem do WhatsApp ao golpe dos nudes. Alguns crimes que tiveram alta significativa foram golpe do bilhete premiado, falso sequestro e cartão clonado, que aumentaram 500% em apenas cinco meses, conforme os registros da polícia.

Em julho, apenas duas ocorrências haviam sido registradas sobre essa modalidade. Já em novembro, o número passou para 12. Conforme o delegado, a pandemia teve uma ligação muito forte com esse aumento significativo nos crimes envolvendo a internet.

- 2020 foi o ano do estelionato. O estelionato virtual. O fato do distanciamento social fez com que o estelionato se amplificasse violentamente. As pessoas mais em casa, mais tempo nas redes sociais, mais tempo na internet, acabaram se tornando mais vulneráveis aos estelionatos. Esse que é o detalhe. Acabaram com isso, abrindo uma janela de oportunidades para os estelionatários - diz.

De acordo com Meinerz, os golpistas se reinventaram e criaram novas modalidades.

- Eles foram muito criativos nesse período. Eles se aproveitaram desse distanciamento, do tempo que as pessoas estavam na internet, para criar novas modalidades - diz.

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PROCON 
O delegado ainda explica que muitas pessoas nem sequer pesquisam sobre os sites em que navegam e fazem compras na internet. Outra maneira de verificar se sites são confiáveis é o portal do Procon, que tem uma lista dos sites que não são recomendados ou no Reclame Aqui.  

- Tenho que me certificar da natureza daquele site, do risco que eu estou correndo ao fazer uma compra. Se não conheço a empresa, tenho que me certificar se o site é o da empresa mesmo. Por que existem inúmeros sites falsos. As pessoas nos procuram (polícia) e falam que fizeram a compra, pagaram, esperaram a encomenda chegar e quando ela não chega, é que elas vão pesquisar sobre o site e acabam descobrindo que foram enganadas - informa Meinerz.

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O delegado regional diz conferir o CNPJ, ver o telefone e o e-mail são detalhes básicos que evitam cair em golpes. O CNPJ, por exemplo, pode ter um número diferente. O nome da empresa pode ter uma letra diferente, como se fosse um erro de grafia, para enganar as pessoas.

Outro crime que também teve um aumento, foi o golpe do boleto falso, que aumentou mais de 100% nesses cinco meses. Dos sete registros em julho, passamos para 18 ocorrências registradas em novembro. Ao todo, nesses cinco meses foram 60 pessoas que procuraram a polícia para fazer o registro de ocorrência.

data-filename="retriever" style="width: 100%;">
Maurício Barbosa (Bei)
De julho a novembro foram registradas 928 ocorrências na Delegacia de Polícia de Pronto-Atendimento envolvendo algum tipo de golpe 

Confira neste link uma lista dos sites que não são recomendados pelo Procon de São Paulo ou na página do Reclame Aqui

DICAS PARA EVITAR OS GOLPISTAS 

  • Nunca fornecer a senha das redes sociais
  • Nunca fornecer o código de verificação do WhatsApp
  • Suspeitar sempre que receber cupons de desconto de sites ou lojas
  • Ao receber cupons de desconto, entre em contato pelo site da empresa
  • Pesquise sites antes de efetuar compras. Confira o nome, o endereço do site e o CNPJ da empresa. Consulte a listas de sites não confiáveis nas páginas do Reclame Aqui ou do Procon
  • Jamais clique em links suspeitos enviados em conversas nas redes sociais
  • No WhatsApp, habilite a função: "Confirmação em duas etapas", para criar uma senha no aplicativo. Em caso de clonagem, o acesso será mais difícil 

MEGA OPERAÇÃO PARA PRENDER QUADRILHA EM SÃO PAULO
A Polícia Civil de Santa Maria montou uma megaoperação para cumprir 54 mandados de busca e apreensão e também 23 mandados de prisão em São Paulo no início do mês de dezembro. A ação reuniu 18 policiais de Santa Maria, seis de Pelotas, onde também eram aplicados golpes, e 148 agentes da Polícia Civil de São Paulo. A Operação Alcateia, como foi batizada, visava desarticular uma quadrilha responsável por aplicar o golpe do cartão em pelo menos sete Estados. A investigação apontou 43 pessoas que atuariam nos golpes.

Ao todo, 13 investigados de aplicar o golpe em Santa Maria e dois de participar do golpe em Pelotas foram presos. No primeiro dia da operação, a Polícia Civil fechou duas centrais telefônicas clandestinas que funcionavam em São Paulo e eram usadas para entrar em contato com as vítimas e aplicar o golpe.

Conforme a delegada Débora Dias, responsável pela investigação, a organização criminosa do "golpe do motoboy", que vai até a casa da vítimas buscar os cartões, causou um prejuízo de cerca de R$ 550 mil. Em Santa Maria, segundo a polícia, de janeiro até dezembro deste ano, 67 vítimas do golpe foram identificadas.

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