Foto: Vitória Sarturi (Diário)
Após o incêndio de grandes proporções que atingiu o Colégio Marista Santa Maria na noite de sexta-feira (26), o Corpo de Bombeiros Militar detalhou, na manhã deste sábado (27), as ações de combate às chamas durante uma coletiva de imprensa no Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp). Estiveram presentes o prefeito Rodrigo Decimo (PSDB), o comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul (CBMRS), coronel Julimar Fortes Pinheiro, além de representantes das forças de segurança e da Defesa Civil.
Também participaram da coletiva o secretário da Defesa Civil, Édson Júnior; o delegado regional da Polícia Civil, Sandro Meinerz; o subcomandante do 4º Batalhão de Bombeiros Militares, major Mateus Scremin; o secretário de Segurança e Ordem Pública de Santa Maria, Getúlio de Vargas, e o secretário adjunto de Segurança e Ordem Pública, Sandro Nunes.
A ocorrência mobilizou equipes do Corpo de Bombeiros de Santa Maria e de municípios da Região Central por cerca de três horas. A operação contou ainda com o apoio da Brigada Militar, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), Defesa Civil, Corsan e demais forças de segurança. O fogo foi controlado por volta das 22h30min, e não houve registro de feridos.
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O que disse o comandante-geral do CBMRS
De acordo com o comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul (CBMRS), coronel Julimar Fortes Pinheiro, o incêndio apresentou uma indicação de propagação vertical, atingindo a estrutura de quatro andares do colégio. Segundo ele, a estratégia adotada foi de isolamento do fogo, e as ações foram consideradas exitosas dentro dos equipamentos disponíveis no município.
O coronel informou que cerca de 70 bombeiros militares atuaram na ocorrência, com o emprego de cinco caminhões de combate a incêndio, além da mobilização de equipes de Santa Maria e também de outras cidades da Região Central. Conforme Pinheiro, apesar de o contingente regular ser menor, bombeiros que estavam de folga foram mobilizados para reforçar o atendimento. A prioridade foi o salvamento de pessoas, com a realização inicial de buscas primárias, seguidas pelas ações de combate ao incêndio. Não houve vítimas.
Sobre a ausência de autoescada mecânica (Magirus) em Santa Maria, o comandante-geral explicou que o município não possui o equipamento, mas que há previsão no planejamento estratégico, embora ainda sem data definida. Atualmente, apenas Porto Alegre e Caxias do Sul contam com autoescadas mecânicas. Pinheiro afirmou que a falta do equipamento não trouxe prejuízo à operação, ressaltando que o caminhão de combate a incêndio é o recurso mais importante, com custo aproximado de R$ 2 milhões, enquanto uma Magirus pode chegar a R$ 11 milhões. Segundo ele, a prioridade do Estado é garantir que todos os quartéis tenham caminhões com no máximo 10 anos de uso, processo que está em andamento.
O coronel também afirmou que o Corpo de Bombeiros não trabalha com hipóteses e que as apurações seguem um trabalho técnico, que demanda tempo e perícia. As perícias já começaram na manhã deste sábado (27), com a participação do diretor geral do Instituto-Geral de Perícias (IGP), e devem se estender por mais alguns dias para apurar corretamente as causas do incêndio e eventuais necessidades de melhorias. Ele reforçou ainda que não se pode vincular automaticamente incêndios a tragédias passadas, como a da Boate Kiss.
Em relação à estrutura do prédio, o comandante geral esclareceu que essa avaliação não compete ao Corpo de Bombeiros. Segundo ele, engenheiros da Rede Marista já foram acionados e devem se manifestar oficialmente.
70 bombeiros militares atuaram no combate ao incêndio
O subcomandante do 4º Batalhão de Bombeiros Militar, major Mateus Scremin, destacou que a organização inicial do cenário foi um desafio, especialmente no início da ocorrência. Conforme o major, após esse momento inicial, foi definido de que forma cada órgão público poderia contribuir para a operação.
Scremin informou que os 70 bombeiros militares atuaram em sistema de revezamento, devido à exaustão física, o que exigiu uma logística específica de gerenciamento do efetivo. Ele afirmou ainda que foram utilizados sistemas complementares, como o hidrante da Rua Doutor Bozzano, e que houve frentes de ataque nas três ruas que cercam o colégio, que permaneceram ativas durante toda a ocorrência, garantindo maior celeridade e evitando que o fogo se alastrasse. O major também confirmou que o Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndios (PPCI) do Colégio Marista Santa Maria está em dia.
Avanço progressivo
Em entrevista exclusiva ao Diário de Santa Maria, ao vivo, pela Rádio CDN, o coronel Julimar Fortes Pinheiro também falou sobre o controle de evacuação de escolas no Rio Grande do Sul. Segundo ele, ao longo do ano, o Corpo de Bombeiros mantém contato com instituições das redes pública e privada, para que as escolas regularizem seus alvarás e, na sequência, sejam realizados exercícios teóricos e práticos de evacuação.
Na avaliação do comandante-geral, a percepção de defasagem de equipamentos no Corpo de Bombeiros é mais ampla do que a realidade atual. Ele destacou que o momento é positivo em relação aos investimentos, com avanço progressivo na aquisição de equipamentos e o incremento de 400 novos soldados, que estão finalizando o concurso público para atuar em todo o Rio Grande do Sul. Atualmente, o Estado conta com cerca de 3 mil bombeiros militares, e o ingresso dos novos efetivos representará um acréscimo de aproximadamente um terço no efetivo, previsto para o próximo ano, além de melhorias logísticas importantes na atual gestão estadual.
O coronel informou ainda que as reuniões em Santa Maria foram encerradas na parte da manhã, com checagens finais em andamento, e que, no período da tarde, ele já seguirá para outras missões.