20 pessoas são indiciadas por desvio de mais de R$ 3 milhões por meio de ONG de Santa Maria

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Foto: Polícia Civil
Inquérito surgiu a partir de denúncia anônima. Uma grande quantidade de documentos e equipamentos eletrônicos foi aprendida pela polícia para as investigações

Um inquérito da Polícia Civil resultou no indiciamento de 20 pessoas em Santa Maria. O grupo estaria envolvido no desvio de mais de R$ 3 milhões, recursos oriundos de doações para a Casa Maria, instituição filantrópica que auxilia pessoas em tratamento contra o câncer em Santa Maria. As 20 pessoas foram indiciadas pelos crimes de estelionato, apropriação indébita, furto, falsidade ideológica e associação criminosa.

A investigação, que teve origem em uma denúncia anônima na Polícia Civil, apontou um rombo entre os registros da ONG e os registros da contabilidade. Também foi constatada a existência de contratação fraudulenta de familiares, pagamento de contas pessoais, plano de saúde, locação de carros para uso pessoal e viagens de férias.

ENTENDA A INVESTIGAÇÃO
As investigações começaram em janeiro de 2019 e culminaram na operação Casa das Ilusões, em 30 de setembro de 2020, quando foram apreendidos computadores e documentos que pertenceriam à organização não governamental (ONG), com sede em Camobi. Houve o afastamento dos gestores, funcionários e membros das diretorias; bloqueio e sequestro de bens móveis e imóveis; quebras de sigilos, cumprimento de buscas e apreensões.

Casa Maria suspende arrecadação de doações por mensageiros

A Casa Maria arrecadava, segundo a investigação, cerca de R$ 4,3 milhões por ano de doações da comunidade. Indícios demonstrariam que os valores arrecadados seriam desviados pelos gestores para uso particular, como a compra de uma casa avaliada em R$ 1,5 milhão.

O casal André Oliveira e Sheila Aparecida de Oliveira, que administravam a Casa Maria na época, passou a ser investigado e teve os bens indisponibilizados pela Justiça. Nos dias das investigações, objetos adquiridos pela ONG foram apreendidos em poder dos investigados.

Ao Bei, o delegado regional de Santa Maria, Sandro Meinerz, responsável pelas investigações, informou sobre a complexidade da investigação, que chegou a uma quantia de quase 33 mil documentos.

-Foi uma investigação extensa e complexa. A pandemia nos impôs uma série de dificuldades pra dar celeridade. Além disso, o enorme volume de documentos oriundos das quebras de sigilo bancário, fiscal e telefônico dos investigados, bem como da apreensão na ONG, exigiu bastante tempo para análise e registro - considera. A previsão inicial era concluir o inquérito em fevereiro desse ano.

Inquérito sobre desvios de recursos para ONG deve ser concluído até fevereiro

O QUE DIZ A DEFESA

O escritório responsável pela defesa do casal André e Sheila emitiu uma nota nesta terça-feira alegando surpresa pela conclusão do inquérito ter se tornado público antes mesmo de a defesa ter acesso. A nota também faz críticas à postura da investigação, e afirma que o escritório está seguro da inocência de seus clientes.

Leia abaixo a nota na íntegra

"Tomamos conhecimento hoje de manhã, pouco antes dos primeiros contatos da imprensa, da finalização do inquérito policial decorrente da Operação Casa das Ilusões. Causou-nos imensa surpresa o fato de as conclusões da polícia terem se tornado públicas antes mesmo que pudéssemos ter acesso a elas. Isso depois de meses de insistência por parte da defesa para que as investigações fossem encerradas, considerando-se que tramitavam há mais de três anos.

Essa mesma polícia que vinha insistentemente descumprindo determinações judiciais para finalizar seu trabalho, agora, tem pressa em apresentá-lo aos jornalistas antes mesmo de cumprir mais uma determinação judicial. Vamos examinar cuidadosamente os detalhes da investigação para nos pronunciarmos acerca do resultado dela. Mas estamos, como há três anos, seguros da inocência de nossos clientes que, enfim, poderá restar comprovada.

Escritório Cipriani, Seligman de Menezes e Puerari, que representa os donos da Casa Maria."