Imagine uma cozinha lotada com pessoas de diferentes áreas como estudantes, empresários, advogados, fotógrafos e cozinheiros, porém motivados por um desejo em comum: fazer o bem.
Imaginou? Pois esse é o Soparceiro, um projeto que produz e distribui comida para moradores de rua em situação de vulnerabilidade social. Idealizado e coordenado pela fotógrafa Alessandra Barcelos, 35 anos, o Soparceiro conta com 20 voluntários e beneficia cerca de 130 pessoas, todas as segundas-feiras, às 19h, na Rua Alberto Pasqualini, antiga 24 horas.
– A ideia surgiu um dia, quando eu estava em casa, tomando uma sopa, e comecei a pensar nas pessoas que não têm condições de fazer o mesmo – lembra Alessandra.
A coordenadora conta que, em seguida, imaginou-se cozinhando em casa e saindo de carro para distribuir sopa às pessoas. Após isso, resolveu convidar alguns amigos para ajudá-la a investir no projeto. Entre eles, estava o músico e cozinheiro Joca Farias, 50 anos.
– Sempre tive amor pela gastronomia. Então, um dia, estava no mercado e recebi uma ligação da Ale explicando a proposta. Topei na hora – conta Farias.
Dois dias depois de uma reunião com todos os participantes, um dos voluntários conseguiu o apoio de um restaurante, que forneceu a cozinha, de forma voluntária. Para divulgar o projeto, Alessandra criou um grupo em uma rede social.
– Em duas semanas, o grupo já tinha cerca de 700 pessoas, e recebemos muitas doações de alimentos – comenta Alessandra .
Hoje, o grupo conta com cerca de 2 mil integrantes, que ajudam o projeto por meio de doações de alimentos, marmitas e colheres descartáveis. Alessandra comenta que o trabalho é feito com amor e gratidão.
Os voluntários do Soparceiro são divididos em duas equipes: produção e distribuição. Por conta da chegada do calor, os pratos começaram a variar. Além da sopa, também são servidos massa, arroz com linguiça e arroz com galinha. Responsável por “pilotar o fogão”, Farias comenta que a motivação é sempre pensar que está ajudando o próximo. Além disso, Alessandra conta que os voluntários acabam criando um vínculo com as pessoas beneficiadas:
– A gente não serve a comida e dá tchau. Eles se sentem à vontade com a gente para conversar, contar e partilhar emoções.
Ela acrescenta, ainda, que algumas pessoas agradecem pela comida e dizem que aquela é a única refeição “decente” que fazem ao longo da semana.
– Algumas pessoas relatam que comem dos restos do lixo – lamenta a coordenadora.
Para o futuro, os voluntários do Soparceiro compartilham o mesmo sonho: ampliar o projeto. Alessandra diz que a vontade é criar uma ONG e conseguir uma sede própria.
Como ajudar?
A cada semana, são divulgados no grupo Soparceiro, no Facebook, os alimentos necessários para a próxima semana. O grupo é aberto, e as doações podem ser realizadas nos locais abaixo:
- Café Cristal (Rua Alberto Pasqualini, 139)
- OAB (Alameda Buenos Aires, 323)
- Imobiliária Saul Souza (Rua Conde de Porto Alegre, 465, entre Bozano e Venâncio)
- Lojas Gaiger (Rua do Acampamento, 352)
- Ponto de Cinema (Rua Angelo Uglione, 1.567)
- Loja Entrelinhas (Rua Roque Calage, 68)
(Colaborou Renata Teixeira)