Na noite da última quinta-feira (24) foi avistada uma imensa e brilhante bola de fogo cruzando os céus dos estados do Sul do Brasil. O fenômeno foi capturado por várias câmeras da Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros (Bramon) nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Leitores do Diário também realizaram filmagens do objeto, visualmente similar a um cometa, na noite de quinta.
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O diretor-executivo do Bate-Papo Astronômico, Fabricio Colvero, explica que a imensa bola de fogo é na verdade lixo espacial. Segundo Colvero, a principal hipótese é que o fenômeno foi causado pela reentrada do estágio superior de um foguete Soyuz SL-4 R/B lançado em 22 de agosto de 2023, por volta de 22 horas (hora de Brasília) no Cazaquistão. A Bramon está apurando as informações para confirmar a identidade e origem do objeto.
Reentrada de lixo espacial na atmosfera
O diretor afirma que a reentrada de lixo espacial na atmosfera é cada vez mais comum devido à grande quantidade de objetos em órbita. O que não é comum é a reentrada desses objetos em áreas populadas. Na maioria das vezes, explica Colvero, o lixo espacial é controlado e direcionado para reentrar sobre o oceano.
A estação do Bate-Papo Astronômico, localizada no Santa Maria Tecnoparque, foi montada em 2021 e até então não tinha registrado reentrada de lixo espacial:
— Aqui na nossa região é o primeiro registro de reentrada de lixo espacial — explica Fabricio Colvero.
Ele considera que esse seja um dos fenômenos mais esperados pelas estações de monitoramento por serem fenômenos bonitos em decorrência da lentidão e fragmentação dos objetos. E segundo Colvero, o objeto avistado na noite de quinta-feira (24) é “bem grande”, aproximadamente do tamanho de um ônibus. Sua rota e tamanho exato ainda estão sendo calculados, mas a hipótese principal é que o objeto não foi destruído por completo a tempo de alcançar a superfície da Terra e seus fragmentos tenham se deslocado para o nordeste do estado do Rio Grande do Sul.
Colvero explica que, no caso de um corpo de foguete, é bem provável que tenham restado peças que são feitas para resistir ao calor, como por exemplo a tubeira do motor - peça de metal feita para resistir altas temperaturas, equivale em função ao escapamento de um carro:
— Essa peça geralmente não desintegra, ela geralmente chega à superfície da Terra, e pode causar um grande estrago em uma área habitada — afirma o astrônomo.
O vídeo foi captado pela câmera da estação do Bate-Papo Astronômico, que integra a rede da Bramon.