VÍDEO: A nova vida de Claudio: como a solidariedade mudou o destino do catador e seus cães

Dois meses atrás, a imagem de Claudio Ferraz dos Santos, 37 anos, circulando pelas ruas de Santa Maria com seu carrinho de reciclagem e 16 cães vestidos com roupinha, comovia e despertava a curiosidade. A reportagem do Diário, publicada em 14 de junho, e um vídeo que já soma quase 1 milhão de visualizações nas redes sociais, contaram sua história de superação. O que aconteceu depois foi uma reviravolta impulsionada por uma onda de solidariedade que, com cerca de R$ 30 mil em doações, proporcionou segurança para os animais e um novo horizonte para o reciclador, a esposa e os dois filhos.

A família continua vivendo no mesmo local, no Bairro Urlândia, mas a realidade, agora, é outra. Com o dinheiro arrecadado, eles compraram dois terrenos – um ao lado e outro atrás da atual casa.

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A primeira prioridade

A primeira atitude de Ferraz ao receber as doações não foi pensar em si, mas naqueles que o acompanham todos os dias. Com os primeiros R$ 6 mil que conseguiu arrecadar, ele construiu um abrigo coberto para os cães, que antes ficavam expostos ao tempo.

– A primeira coisa que eu fiz foi a casa deles. Agora, não pegam mais chuva – conta.

Com a compra dos terrenos vizinhos, a família de animais também cresceu. Um porco, galinhas e patos agora se juntam aos atuais 14 cães.

– O pessoal me ajudou. Foram os R$ 12 mil que estavam na vaquinha, que nós tiramos e compramos esse terreno daqui. E mais o outro do Pix que entrou, mais uns R$ 12 mil, nós fomos e compramos o terreno de cá – explica Santos.

O sonho adiado

A decisão de investir todo o dinheiro na segurança da família e no bem-estar dos animais, no entanto, significou adiar um sonho antigo: a viagem para que Andressa, 24 anos, e os filhos, Rick, 6 anos, e Tainá, 4 anos, pudessem finalmente conhecer a mãe e a avó dela, que vivem na Bahia e que ela não vê há mais de uma década.

– Não deu tempo de viajar. Não deu para apresentar o Rick e a Tainá para minha mãe, e isso machuca demais. Eu perdi minha mãe logo quando eu era bebezinha e, agora, só tenho minha avó que me criou. Eu não quero perder ela antes dela conhecer os bisnetos – desabafa Andressa, que no último dia 26 de julho completou 10 anos de união com Santos sem nunca ter conhecido a sogra.

A família da Bahia acompanhou a repercussão da reportagem pela internet e, segundo Ferraz, ficou feliz com a mudança de vida do casal.

– Eles gostaram, porque nós éramos, pode-se dizer, moradores de rua. E como nós levantamos e trabalhamos na fé de Deus, eles estão todos alegres lá com nossas conquistas. Só que não podem vir até nós, nós que podemos ir até eles – comenta o reciclador.

O trabalho e a luta continuam

Apesar da conquista da terra própria, a rotina de trabalho não parou. Santos continua saindo diariamente com sua carrocinha de reciclagem, para garantir o sustento da família. As doações de alimentos e ração, que foram intensas no início, diminuíram.

– Agora, não vou mentir para você, pararam. Eu ainda tenho um pouco de alimento, mas merenda para as crianças é bem difícil, principalmente quando eles pedem e a gente não tem – conta Andressa.

A prioridade do casal, agora, é reformar a casa onde moram, que está com a estrutura precária. Com as chuvas e ventos fortes das últimas semanas, o forro de PVC da cozinha caiu, e as paredes úmidas e as frestas preocupam a família.

A família de quatro patas continua crescendo. A nova integrante é Pandinha, uma filhote que se juntou ao grupo e, assim como os outros, já circula com sua própria roupinha, símbolo do cuidado que se tornou a marca registrada da família.

Como ajudar

A vaquinha online [neste link] para ajudar a família de Claudio dos Santos e seus animais continua aberta. As doações também podem ser feitas diretamente para o casal pelo pix (55) 999773429.

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