Kiss 10 anos

Tempo Perdido: simulação de fotos mostra como estariam as vítimas da Kiss dez anos após a tragédia

Neste mês, a tragédia na boate Kiss, que deixou 242 mortos e mais de 600 feridos, completa 10 anos. Ao longo deste período, marcado pela dor e pela saudade, sobreviventes, familiares e amigos das vítimas mantêm presente apenas na memória a lembrança daqueles que perderam a vida no dia 27 de janeiro de 2013.

Com o objetivo de fortalecer esse sentimento e oferecer conforto às famílias, o coletivo Kiss: que não se repita lançou a exposição Tempo Perdido. A iniciativa consiste em uma simulação com fotos que mostram como estariam oito vítimas, dez anos depois do incêndio. Essa progressão de tempo foi feita com recursos de inteligência artificial.

André Polga, integrante do coletivo, conta que um seguidor das redes sociais sugeriu o trabalho de um artista que, no ano passado, estava trabalhando com a progressão de tempo de vítimas de crimes conhecidos a nível nacional. A partir disso, passaram a considerar a simulação com as vítimas da Kiss.

- Debatemos muito em diversas reuniões sobre o impacto e a sensibilidade que esse projeto poderia trazer para as famílias. E também resgatamos muitos dos comentários que ouvíamos das mães das vítimas, principalmente na tenda da vigília: “como será que meu filho estaria hoje?”. Essa última lembrança foi a chave final para estruturarmos a Tempo Perdido - afirma André.

A simulação teve o consentimento das famílias das oito vítimas retratadas (sete de Santa Maria e uma de São Gabriel).

- O projeto foi recebido da forma mais emocionante e carinhosa possível. Quando liguei para as mães para contar e pedir autorização, eu conseguia sentir na voz o teor de emoção e ansiedade ao entender o projeto e aguardar a foto - relata André.

Todas as vítimas do projeto Tempo Perdido também terão suas histórias contadas na série Todo Dia a Mesma Noite, que será lançada pela Netflix no dia 25 de janeiro.

Exposição

As fotos já estão sendo publicadas nas redes sociais do coletivo desde o início deste mês (confira abaixo). A divulgação das imagens na íntegra vai ocorrer por meio de uma exposição, nos dias 26 e 27 de janeiro, na Praça Saldanha Marinho, durante o período da tarde.

No dia 27, a partir das 19h, o coletivo vai estar na Praça Saldanha para falar sobre a trajetória de trabalho e o projeto Tempo Perdido. Neste momento, vão revelar o artista responsável pelas simulações. Um ato simbólico de homenagem, com a entrega dos porta-retratos com a foto da progressão para as famílias escolhidas, também está previsto.

Vaquinha

A execução do projeto foi possível devido a uma vaquinha online realizada pelo coletivo. Entre novembro e dezembro de 2022, foram arrecadados cerca de R$ 3 mil, que serão utilizados para custear o pagamento do artista que fez a simulação, a produção das fotos para entrega aos familiares em uma caixa personalizada, as fotos impressas em banners para a exposição presencial, e adesivos do projetos que serão distribuídos no dia 27 de janeiro.

Tempo Perdido

Até o momento, foram divulgadas quatro fotos com a progressão das vítimas. Confira, a seguir, as fotos e histórias publicadas pelo coletivo Kiss: que não se repita.

Como estaria Letícia Vasconcellos?

Letícia Vasconcellos, na época com 36 anos, era funcionária da Kiss. O dia 27 de janeiro era seu último dia de trabalho na boate. Quando começou o incêndio, ela estava próxima à porta de saída. Porém, decidiu voltar para ajudar outras pessoas a saírem da boate e acabou inalando a fumaça tóxica. Letícia deixou a mãe Erci, o pai Renato, a irmã Vanessa e dois filhos.

Como estaria Lucas Dias de Oliveira?

Lucas, de 20 anos, era conhecido pelo apreço que tinha às tradições gaúchas. Na noite do dia 27 de janeiro, tinha ido à boate para comemorar o aniversário da namorada, Yasmin. “Amor, nunca me deixa, tá?”, foram as últimas palavras de Lucas para Yasmin, antes dele ir em direção ao banheiro e o incêndio começar. Lucas era filho único de Marise e Natalício.

Como estaria Thanise Correa Garcia?

Thanise tinha 18 anos e cursava Filosofia, em 2013. No dia 27, foi à boate para comemorar o aniversário de um amigo. Na semana da festa, ela e a mãe, Carine, haviam comprado a roupa e o sapato para a festa. Três horas antes do incêndio começar, Thanise conversou com a mãe, falando que estava se sentindo bonita com a roupa. Na época, Thanise deixou a mãe e uma irmã. O terceiro filho de Carine, que nasceu em 2018, recebeu o nome de Theo em homenagem à inicial da irmã Thanise.

Como estaria Augusto Cezar Neves?

Augusto, na época com 19 anos, cursava Ciências da Computação e gostava de tocar rock e gospel. “O último abraço que eu dei nele foi de noite quando ele saiu”, relatou a mãe, Maria Aparecida. Até hoje, os pais mantém o violão e a guitarra no quarto de Augusto.

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