Rodeio Internacional do Conesul realiza, pela primeira vez, duelo de prendas; 80 mulheres e meninas participaram e 17 foram premiadas

No último dia do 28º Rodeio Internacional do Conesul, o público ainda era grande e nas arquibancadas quase não haviam espaços vazios. A atenção era para a cancha, com os competidores que passavam por lá e realizavam as armadas. Ao longo dos quatro dias de evento, que começou na quinta e terminou neste domingo, 1.290 competidores participaram do torneio e cerca de 40 mil pessoas acompanharam o rodeio na Estância do Minuano.

De acordo com o presidente da Estância do Minuano, Bruno Fernandes, além da importância cultural das atividades desenvolvidas por meio do Conesul, o rodeio também movimentou cerca de R$ 3 milhões para a economia da cidade.

– Nós estamos muito felizes com a receptividade que a comunidade teve com a Estância do Minuano, que vieram participar. A felicidade de todo mundo é o grande prêmio para a gente. A gente manter as tradições, ver as crianças competindo, ter o contato com o cavalo, com as nossas origens é o que nos move – comenta Bruno.

A edição deste ano do Rodeio Internacional do Conesul teve novidades pois contou com uma competição exclusiva para as mulheres: a categoria laço prenda. Essa é a primeira vez, em mais de 30 anos de existência do torneio, que elas conseguiram espaço e reconhecimento não apenas com o troféu, mas também com uma premiação em dinheiro.

Elas já vinham ganhando destaque com os duelos de prendas em outras competições pelo estado. A ideia de trazer uma categoria feminina para o Rodeio Internacional do Conesul surgiu a partir de uma sugestão da estudante de medicina, Mariana Henn, de 21 anos.

– Eu sou de São Gabriel e lá sempre tive contato com o duelo de prendas. A gente anda por boa parte do centro-sul do estado e participa do duelo de prendas. Vim para Santa Maria por causa dos estudos e acabei me associando à Estância do Minuano. Eu e meu pai conversamos com o presidente e demos a ideia de fazer o duelo porque como que um rodeio tão grande como o Conesul não ia ter um duelo (feminino)? Ele levou para o conselho, que aprovou e, nós saímos em busca de toda a organização e premiação do duelo. Foi um privilégio poder organizar o primeiro duelo de prendas, que nunca teve no Conesul, e foi uma experiência incrível estar a frente disso – relata Mariana.

No total, 80 mulheres e meninas se inscreveram para participar e 17 delas foram premiadas em diferentes modalidades: força A, valendo R$ 2.400; força B, com o prêmio de R$ 1.600; e para a C, o prêmio de R$ 1.000. Além disso, também houve uma premiação extra em cada uma dessas forças para as mulheres e meninas que competiram com cavalos da raça quarto de milha.

Uma das competidoras mais novas que participou do duelo de prendas foi Martina Lago Rossato, 7 anos, da Cabanha Três Figueiras, do Distrito de Santa Flora. O apreço de Martina pelas tradições e pela prática veio de casa, da sua família:

– Eu comecei a laçar com 5 anos, quem me ensinou a lançar foi meu pai. Ele sempre me incentivou muito. É muito legal, eu adoro laçar. Eu estou me sentindo muito feliz (por ter ganhado a competição) – conta Martina.

Martina competiu na modalidade quarto de milha, com a sua égua, apelidada de Nanica. Além disso, ela participou da abertura do duelo de prendas, tocando um berrante, que, segundo os pais, ela aprendeu a tocar sozinha.

Outra competidora que também participou e ganhou na modalidade quarto de milha foi a médica veterinária Roberta Ferrari, 35 anos, do CTG Júlio de Castilhos. Ela, que laça desde os 17 anos, comemorou a criação da categoria laço prenda no Rodeio Internacional do Conesul:

– O Conesul é um rodeio importante, com grande número de laçadores, então, ter o duelo de prendas foi muito incentivador. No meu caso, a minha premiação foi extra, que era laçando com os cavalos quarto de milha, que é uma paixão para mim desde pequena. Ter isso foi muito importante, viemos com orgulho, vontade, fazendo o que a gente gosta.

Já na força A, com as competidoras com nível de laço maior, foram quatro vencedoras. Duas delas, Eduarda Lima, 22 anos, e Manuela Machado, 21 anos, além da aptidão pelos rodeios, participam frequentemente juntas das competições e cultivam uma amizade que se intensifica nos torneios.

– Eu laço desde os meus cinco anos. Sempre tive o incentivo dos meus pais, tanto para laçar quanto para estar nesse meio. Graças a Deus, consegui chegar aqui com as gurias e ganhar. Nós somos muito amigas, sempre que conseguimos, lançamos juntas. Para mim, isso é gratificante demais. Hoje, eu me arrepiei a hora que entrou 80 prendas nessa pista para laçar, acho que isso foi muito lindo, abrilhantou muito mais a festa – menciona Eduarda, que representou o CTG Galpão de Estância, de Tupã.

Manuela também compartilha esse sentimento e está muito feliz com a criação de uma categoria que além do troféu, oferece a premiação em dinheiro:

– Eu comecei (a laçar) com 14 anos. Sempre tive o incentivo do meu pai, da minha mãe e de toda minha família. Sempre foi nosso sonho vir no Conesul laçar por dinheiro, então, agora, só agradeço, isso é gratificante e às gurias que participaram do rodeio com nós – cita Manuela, que é de São Gabriel e laçou pelo CTG Tarumã.