os réus

Quase sempre quietos, réus acompanham depoimentos desde o começo do julgamento do caso Kiss

Jaiana Garcia

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Fotos: Pedro Piegas / Montagem: Wander Schlottfeldt

Os réus do Caso Kiss não são obrigados a acompanhar os depoimentos das testemunhas no plenário do Foro Central de Porto Alegre ao lado dos advogados. Embora seja um direito deles, garantido pela Constituição Federal, não é um dever. Apenas a presença dos advogados de defesa é obrigatória. No caso deste júri, por conta das medidas restritivas da pandemia, apenas três defensores podem ficar na bancada do plenário. Porém, os quatro réus optaram por também estarem presentes. Em alguns momentos, se retiram rapidamente do salão do júri e retornam em seguida. Nos intervalos, muita vezes, permanecem no local, fazem lanche e conversam entre si. Ao longo dos depoimentos, eles manifestam - ou não - diversas reações. No primeiro dia de julgamento, um dos acusados pela incêndio que matou 242 pessoas e deixou 636 feridos a partir da madrugada de 27 de janeiro de 2013, chegou a passar mal e precisou de atendimento médico. 

AO VIVO: familiares passam mal ao ver cenas fortes da madrugada do incêndio

OS RÉUS
Luciano Bonilha Leão, 43 anos, é o que mais interage com a imprensa e o único que está sentado em uma posição diferente dos demais réus. Todos sentam do lado direito dos três advogados, ele senta em frente à mesa de advogados, de costas para o público e em alguns momentos gira a cadeira para onde imprensa e familiares estão sentados. Os advogados, em diversos momentos, o acolhem, confortam e oferecem água. Ele é o réu mais próximo da plateia e nos intervalos conversa com tranquilidade com os jornalistas, sem blindagem da defesa. Parece confiante da inocência, e repete com frequência a frase "estou há nove anos lutando pela minha verdade". 

Mauro Hoffmann, 55 anos, não esboça nenhuma expressão. Nesta sexta-feira, quando um dos advogados falou que seria a última a pergunta a ser feita, ele riu. Na maioria do tempo fica sem interagir com os advogados e demais réus. Pela pouca expressividade, de máscara, não é possível ver se ele está falando ou não quando se aproxima das pessoas. Em poucos momentos, foi visto conversando com Elissandro Spohr, com que tinha sociedade na boate Kiss, em uma "rodinha" com os advogados. Durante os depoimentos das vítimas sobreviventes, ele mantém a cabeça baixa na maioria do tempo. Quando percebe câmeras gravando em sua direção, evita ser fotografado ou filmado. No primeiro dia, nos intervalos, saía do plenário. Nos dois últimos dias, circula com mais naturalidade.

Marcelo de Jesus dos Santos, 41 anos, também manifesta pouca expressão. Nesta sexta-feira, ao ouvir o depoimento do empresário da construção civil e juiz aposentado Pedro Bortoluzzi, de quem foi funcionário (Marcelo é músico e azulejista), ele chorou pela primeira vez em plenário. Aparenta tranquilidade e serenidade. Observa atento às perguntas e respostas. Não evita o olho no olho com as testemunhas durante os depoimentos. Ele conversa pouco com as advogadas, porém elas falam muito com ele. Nos intervalos, às vezes, coloca o óculos de grau e mexe no celular. 

Elissandro Spohr, 38 anos, é o que, aparentemente, está mais abatido. Com olheiras, em alguns momentos, baixa a cabeça, apoia os cotovelos na mesa e coloca as duas mãos ao lado do rosto. Durante os depoimentos, quando algo é relatado pelas testemunhas, ele balança a cabeça em concordância. Em outros relatos, discorda com a cabeça e fala com os advogados, que fazem anotações. É o que mais se comunica com a defesa. Nesta sexta-feira, saiu para almoçar com os advogados e assessoria pela porta principal do salão do júri, por onde familiares, sobreviventes e jornalistas circulam. 

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