com a palavra

Professor e psicólogo relembra sua trajetória e o uso da tecnologia aliada à profissão

da redação

Fotos: Arquivo Pessoal/ Palestra sobre elaboração de perdas, no Santuário de Schoenstatt, em 2016, a convite da professora Carmen Andrade 

Ele não é santa-mariense, mas veio para cá na metade da década de 1980, depois de ter sido aprovado em um concurso público na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Depois de 32 anos de serviço público, o psicólogo, especialista em clínica médica, mestre em Saúde Mental e doutor em Políticas Sociais, Caio Cesar Piffero Gomes, 61 anos, dedica o seu tempo livre depois da aposentadoria para aprofundar os conhecimentos.

Pai de Cema Cardona Gomes e de Cíntia Pavão Gomes, é casado com a professora Sílvia Maria de Oliveira Pavão, há mais de 30 anos. Admirador do mundo globalizado, usa a tecnologia como aliada da profissão. 

Diário de Santa Maria - Onde o senhor nasceu?
Caio Cesar Piffero Gomes - Nasci em Casca, uma cidade aqui do Rio Grande do Sul que fica entre Guaporé e Marau. Mas saí de lá muito pequeno, tinha uns cinco ou seis anos. Minha mãe era professora do Estado e meu pai era empreendedor, estava sempre na estrada, então a gente se mudava bastante. Moramos em Itaqui, em Santo Ângelo, Passo Fundo e, depois, em Pelotas, onde me formei psicólogo. Sou o irmão do meio, de cinco, e o mais velho dos homens.

Diário - E o que o senhor lembra da infância, dessa época de andanças por aí?  
Caio - Era bom viajar. Saíamos de madrugada em Kombi, aquelas que juntavam os bancos, era muito divertido. No entanto, ficam as marcas de quem tem poucos vínculos antigos. Meus maiores contatos são com pessoas daqui mesmo.

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Diário - Onde o senhor estudou? Como escolheu a psicologia? 
Caio - Chegamos em Pelotas no início dos anos 1970. Eu estudava na Escola Santa Margarida e tinha um colega, com quem fiz o segundo grau. Éramos muito unidos. Um dia, ele veio com uma conversa de brincar de terapeuta, mas nós não tínhamos a menor noção do que era. Aí, resolvemos fazer Psicologia. Eu entrei um ano antes, porque ele acabou repetindo de ano, e por conta disso acabei me formando antes. Me formei pela Universidade Católica de Pelotas (UCPel), em 1982. Quando eu saí, nos primeiros três meses, ainda montando o consultório, cheguei a atender os clientes em uma praça pública, em frente à UCPel. Depois que ficou pronto, eu fazia palestras e cursos. Na época, era muito forte a área de psicanálise em Pelotas. Era muito bom.

Diário - E como veio parar em Santa Maria?  

Caio - Vim para cá em 1984, depois que passei no concurso para a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Aqui não tinha curso de Psicologia, estranhei essa distância do conhecimento, das pesquisas. Éramos em cinco psicólogos, só na universidade. No início, foi muito difícil. Eu fazia duas especializações. Quando fui chamado, tive que interromper uma, mas mantive a outra. Então, todo o final de semana eu retornava a Pelotas, o que eu achava ótimo, para reencontrar o pessoal e fazer esse processo de desgrude aos poucos. Quando entrei na UFSM, era psicólogo dos servidores e professores. A gente fazia esse atendimento de suporte de adaptação do trabalho e alguns projetos. Me aposentei em julho de 2016,
pela Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas.

Diário - E o senhor chegou a clinicar?  
Caio - Paralelamente ao serviço público, eu tinha uma clínica, que durou cerca de 10 anos, em que tinha fisioterapeuta, psiquiatra, fonoaudiólogo, educador especial e psicólogo, para atender cerca de 100 crianças da rede municipal e estadual com problemas de aprendizagem. Depois, passei a trabalhar sozinho em consultório. Hoje me dedico full time à clínica. Ainda atendo pacientes, mas gosto mesmo é de estudar. Ano passado, fui a congressos e apresentei vários trabalhos.

Diário - E o que mais lhe chama atenção nos estudos?  
Caio - Fiz especialização em Psicologia Clínica e mestrado em Saúde e Comportamento em Pelotas, na UCPel. Realizei o doutorado em São Leopoldo, na Unisinos, em Ciências Sociais, políticas públicas e práticas sociais. Em Santiago de Compostela, na Espanha, realizei parte de um doutorado em Psicologia Clínica, mas não pude terminar. Eu nunca fui muito enquadrado em um padrão. Uso a psicanálise como fundamentação da minha prática, mas nunca achei que ela respondesse todas as questões humanas. Então, me voltei para a área comportamental, das relações humanas. Quando começou a ter o movimento de globalização, me interessei muito sobre o tema e minha compreensão sobre o ser humano se abriu. Hoje, meu foco é estudar como as inovações tecnológicas afetam o sujeito.

Diário - O que gosta de fazer nas horas vagas?  

Caio - Gosto de estudar, de ler... Não tenho muita paciência com livros chatos. Gosto de livros que mexem comigo. Faço muitos vídeos, coloco no Facebook. Quando me aposentei, recebi convite para dar aulas, mas não me vejo mais dentro de uma instituição. Hoje minha busca é a psicoterapia online. Quero entender melhor e estudar mais. E reservo um tempo para fazer academia. Trabalho com a hipótese de chegar aos 120 anos. Acredito que, se a gente atualiza os aspectos mentais, andamos mais fácil. O que te mantém vivo é quando tu interages com a sociedade, entendendo o processo político, social, econômico. Quando a gente vive esses momentos, e de certa forma contribuímos, a gente está vivo. Quanto mais tu distancias o corpo da mente, mais tu envelheces. E a gente vai se identificando com a velhice. Quanto mais a gente agregar corpo e mente, a tendência é que a gente vá mais longe.

Em 2017, em frente ao muro da Universidade de Córdoba

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