Primeiras da tropa: Santa Maria inicia processo seletivo para o serviço militar feminino

Em Santa Maria, mais de 200 jovens marcham rumo a um marco histórico. Pela primeira vez, as mulheres têm a oportunidade de ingressar como soldados nas Forças Armadas. O processo seletivo, para incorporação a partir de 2026, ocorre desde segunda-feira (1º) no município. São 255 nomes na disputa por 39 vagas no Exército e 20 previstas para a Base Aérea. 

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A seleção ocorre no 3° Grupo de Artilharia de Campanha Autopropulsado, o Regimento Mallet. No local, as candidatas passam por um processo similar ao dos homens que se alistam no serviço militar. O primeiro passo é a conferência de dados e o encaminhamento para avaliação médica e odontológica. Após, são direcionadas ao posto de testes. É o momento de avaliar visão, pressão e força. São verificados, também, o peso e as medições.

Quem passa pela inspeção inicial, realiza uma entrevista. Após essa etapa, são avaliadas como aptas ou dispensadas. Conforme o major Luís Umberto Silva Rodrigues Filho, presidente da comissão de seleção das Forças Armadas em Santa Maria, as jovens aprovadas passarão por uma seleção complementar em fevereiro. A partir dela, passarão para a fase de formação e incorporação – que, normalmente, ocorre em março de cada ano.

O major também reforça a importância do contato inicial com as Forças Armadas:

– Elas vão ter a oportunidade, agora, de ingressar no Exército e na Aeronáutica, aqui em Santa Maria. Vão adquirir um conhecimento mais aprofundado sobre a carreira militar. Isso vai abrir horizontes para que elas ingressem e, talvez, se tornem militares de carreira no futuro. 

Os dados

• Mulheres alistadas em Santa Maria: 255
• Mulheres alistadas em Porto Alegre: 518
• Homens alistados em Santa Maria: 1.768
• Total de alistamentos no Estado (homens e mulheres): 71.676

Fonte: 3ª Divisão de Exército

O serviço militar Inicial feminino

As organizações militares que irão receber o primeiro contingente serão o Colégio Militar de Santa Maria, o Hospital Militar e a Base Administrativa da Guarnição. Outras 20 vagas também estão previstas para a  Base Aérea.

O serviço tem a duração de aproximadamente 12 meses, prorrogáveis anualmente, podendo chegar a até oito anos, caso haja acordo mútuo. Durante a incorporação, elas terão acesso a benefícios como remuneração, auxílio-alimentação, licença maternidade e contagem de tempo para aposentadoria.

Em 2027, de acordo com a 3ª Divisão de Exército (DE), o número de vagas destinadas às meninas será maior. Serão 116 vagas em seis quartéis – quase três vezes mais que em 2026. 

Cidades contempladas

• Rio Grande do Sul: Canoas, Porto Alegre e Santa Maria.
• Outros Estados: Águas Lindas de Goiás (GO), Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Campo Grande (MS), Cidade Ocidental (GO), Corumbá (MS), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Formosa (GO), Fortaleza (CE), Guaratinguetá (SP), Juiz de Fora (MG), Ladário (MS), Lagoa Santa (MG), Luziânia (GO), Manaus (AM), Novo Gama (GO), Pirassununga (SP), Planaltina (GO), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), Santo Antônio do Descoberto (GO), São Paulo (SP) e Valparaíso de Goiás (GO).

“Para mim, é só o começo”

Na família de Thays Fortes Lamberty, 17 anos, ingressar no Exército sempre foi uma escolha comum, mas nunca para as mulheres. Quando a possibilidade do alistamento voluntário foi anunciado, viu uma oportunidade nova de crescimento. A jovem finalizou a seleção na tarde de quinta-feira (4). Apta para seguir no processo, agora, ele irá esperar pela seleção complementar em fevereiro do próximo ano.

– Achei importante me alistar porque é uma coisa nova, que traz conhecimentos diferentes. É mais uma experiência para adquirir aprendizado – enfatizou a candidata.

Em relação à seleção, apesar do nervosismo inicial, Thays conta que foi um processo tranquilo. Sem titubear, também afirmou que a expectativa é pela aprovação. Mas, se o resultado não for o esperado, está ciente de que há outras formas de ingressar na carreira.

– O major falou que nunca é tarde. Tem provas como a da ESA (Escola de Sargentos das Armas) e outras possibilidades de ingresso. Se eu sair, quero voltar com uma faculdade e atuar como profissional dentro do Exército. Mesmo que não dê certo agora, esse primeiro contato foi muito importante. Para mim, é só o começo – finaliza  a jovem.

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