PLURAL: Lia Pires, Solange e Bolsonaro

Redação do Diário

A coluna Plural desta quinta-feira (26) traz o texto de Noemy Bastos Aramburú sobre o tema Direito e Sociedade. Os textos da Plural são publicados diariamente na edição impressa do Diário de Santa Maria. A Plural conta com 24 colunistas.

Noemy Bastos AramburúAdvogada, administradora judicial e palestrante

Nunca em toda a história tivemos um presidente tão atacado, evidentemente, celular e internet não vêm de longa data, porém, mesmo assim não há como se negar tal evidência. Tiro o chapéu para o presidente Bolsonaro, pela paciência de Jó que tem mostrado, pois tudo o que fala é interpretado de modo diverso e negativo. Imagino qual seria a defesa do famoso Dr. Lia Pires, se fosse contratado para defendê-lo em uma dessas frívolas acusações?

Sem dúvida, o maior causídico de júri de todos os tempos, acharia um modo peculiar, porém simples, de defendê-lo. Quando fiz Ajuris, um professor de Direito Penal contou na sala de aula, que nos anos 70, o causídico defendeu um sapateiro acusado de matar o vizinho com uma espingarda calibre 12. O homem, toda vez que passava em frente à sapataria do réu lhe dizia um palavrão.

Certo dia, cansado de receber as ofensas, perdeu a cabeça, e matou o homem. Em sua defesa, Lia Pires adotou a seguinte estratégia no júri – Começou sua fala assim: “Excelentíssimo senhor juiz, presidente destes trabalhos… Repetiu a frase quatro vezes, ao se preparar para iniciar a frase pela quinta vez, o juiz o interrompeu, de modo áspero. Lia Pires reage com voz calma, suave e segura, dizendo: ‘– Veja bem, excelência – eu o elogiei quatro vezes e o senhor ficou irritado. Imagine se, como o meu cliente, o senhor ouvisse um palavrão todo dia’.” Assim, absolveu o réu.

Uma famosa revista comparou Bolsonaro à dona Solange, e usou para fundamentar a comparação, uma foto de uma ficha datada de 18.10.1982 do Ministério da Justiça, Departamento de Polícia Federal, Divisão de Censura de Diversões Públicas, que censurava o filme Dona Flor e Seus Dois Maridos.

A imprensa e seus desafetos usaram parte da fala do presidente, com conotação de modo totalmente distorcido, ele disse que, por se tratar de dinheiro público, o governo está promovendo mudanças no apoio a projetos culturais pela Caixa e pelo Banco do Brasil. Segue dizendo que não está censurando a arte, não está perseguindo ninguém, mas que o Brasil mudou, agora, o dinheiro público é utilizado para preservação de valores e do respeito. Aliás, o tema já foi alvo de várias decisões judiciais, umas a favor outras contra o desrespeito dos valores cristãos. Em 2017, na comarca de Jundiaí, a peça que retrata Jesus Cristo como um transexual, teve o seguinte despacho em liminar: “não pode ser tolerado é o desrespeito a uma crença, a uma religião, enfim, a uma figura venerada no mundo inteiro”.

O homem com a falsa intimidade e a equivocada “amizade” das redes, não consegue visualizar a linha de respeito que separa as pessoas entre si, não consegue perceber que não se pode dizer tudo o que se pensa do outro, que nossos gostos e ideologias não podem ser impostas ao outro, lutamos para ter igualdade, mas queremos impor nossa vontade ao outro. Queremos ser aceitas como mulher, queremos ser aceitos com nossa ideologia partidária e opção sexual, mas não aceitamos que o presidente exerça seu mandado. Só seremos respeitados se respeitarmos o outrem.

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