Até hoje gera controvérsia o que disse Jesus a respeito do rico e da riqueza. Disse Ele: “Em verdade vos digo que é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus”. O menos avisado poderá pensar que no “céu” não existem almas de quem foi rico enquanto “vivo” na Terra. Na verdade, tudo é uma questão de interpretação. O que Jesus quis dizer é que a riqueza é um forte componente para apagar do coração do homem a fraternidade, a humildade e outros sentimentos similares que contribuem para o crescimento desse mesmo homem enquanto espírito em evolução.
A riqueza e a humildade existem, mas, normalmente, onde há uma não há a outra. São como óleo e água. No caso da riqueza, esta só conviverá paralelamente à humildade quando por meio das múltiplas encarnações o espírito se tiver conscientizado e aprendido que o dinheiro e as facilidades que ele proporciona não lhe são concedidos para o seu gozo exclusivo, e, sim, para amenizar o sofrimento, de forma responsável, daqueles que estão na mesma jornada, mas em condição oposta a sua. Isto é, necessitando de ajuda, até porque o rico, tanto quanto o pobre, não é uma questão de ser, e, sim, de estar.
Enquanto a riqueza é uma prova de dominação e poder, a pobreza é uma prova de paciência e resignação. Ambas são apenas algumas das muitas etapas que temos de cumprir na caminhada evolutiva do espírito aprendiz. Por isso, o nascimento em berço de ouro não significa um privilégio para uns poucos. Claro que não. Se assim fosse, o Criador estaria utilizando-se da prática do protecionismo e discriminação, muito ao gosto e largamente utilizada entre nós seres ainda muito imperfeitos, mas absurdamente incompatível com a perfeição de Deus.
Conservar ou multiplicar os bens na visão humana é mais natural do que com eles minorar as necessidades dos semelhantes, pois, para tanto, é necessário dividir, e dividir é sinônimo de repartir e repartir com desprendimento no estado evolutivo em que nos encontramos neste mundo escola, salvo raras exceções, ainda é uma ação muito difícil de ser aceita e praticada com naturalidade ainda que, na contabilidade da vida, a ação de dividir, neste caso, signifique, verdadeiramente, somar.
Tudo o que nos é concedido tem como propósito a nossa melhora, o nosso crescimento e não o “engordamento” puro e simples dos bens terrenos e transitórios. Não haveria justiça se fosse concedia a “sorte” da riqueza a uns e o “azar” da pobreza a outros. Nada nos é dado por acaso. Tudo tem um fim, um objetivo. Cabe a nós, no entanto, decifrar os enigmas dos porquês. No momento em que conseguirmos descobri-los, descobriremos, também, o verdadeiro sentido da vida. Querer ficar ricos, todos queremos. Resta saber se estamos preparados para esta que é uma das provas mais difíceis da nossa caminhada evolutiva. Por falar nisso, você se acha preparado para passar pelo buraco da agulha?