ciência

Observatório fará expedição em busca de meteoritos entre Jari e Santa Maria

Marcos Fonseca

Fotos: Bramon (Divulgação)
Risco laranja mostra região entre Jari e Santa Maria onde se acredita haver fragmentos do bólido que caiu em 6 de junho e espalhou ao menos 300 quilos de rochas

O meteorito que caiu no Estado na noite de 6 de junho pode ter deixado uma fortuna espalhada pelo solo da região. Segundo estimativa da Brazilian Meteor Observation Network (Bramon), uma rede de observação de meteoros do Brasil, cerca de 300 quilos de fragmentos podem ter caído entre Jari e Santa Maria.  

Essas estruturas vindas do espaço têm grande valor científico. Conforme divulgado nesta semana pelo astrônomo Marcelo Zurita, diretor da Bramon, cada grama de fragmento vale entre R$ 19 e R$ 38. Dessa forma, é possível estimar que um tesouro entre R$ 5 milhões e R$ 11 milhões tenha se esparramado em propriedades situadas no caminho do meteorito (veja na imagem ao lado).

Mas, calma! É muito difícil encontrar toda essa quantidade de pequenas rochas espaciais. Contudo, é possível sair à cata de fragmentos e, com sorte, encontrar alguma partícula que possa interessar a institutos de pesquisa, museus e colecionadores. É isso que fará um grupo do Observatório Cosmos, de Itaara. Neste fim de semana, algumas pessoas devem fazer uma expedição para tentar encontrar vestígios do meteorito na região.

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O grupo é liderado pelo diretor do Observatório, Hernán Mostajo. Ele diz que pode haver fragmentos até bem pesados.

- Acredito que há possibilidade de encontrar, mas quando, não se sabe - afirma.

O Observatório pode ajudar a identificar um meteorito e tem interesse na compra dessas rochas pelo seu valor científico. Mostajo destaca que o Cosmos tem uma das maiores coleções do gênero no país, e trabalha para ampliar seu acervo a fim de ser útil aos estudos. No local, já há exemplares que caíram em Marrocos, Estados Unidos, Rússia e Brasil. Grande parte foi doada à instituição de Itaara.

VALOR CIENTÍFICO
O interesse dos pesquisadores e colecionadores é pelas informações que o material espacial possa trazer consigo, ajudando a explicar o processo de formação do sistema solar ou até mesmo do surgimento da vida na Terra.  

- O preço é muito relativo. Conforme a composição do meteorito, ele pode valer milhões. Mas, mais do que o valor monetário, está o valor científico - diz Mostajo.

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A Bramon acredita que o objeto que gerou o meteoro tinha mais de 3 toneladas. Dessa massa, cerca de 10% resistiu à passagem atmosférica e atingiu o solo entre Jari, São Pedro do Sul e Santa Maria. Quando atinge a Terra, os restos do meteoro são chamados de meteoritos e podem ter tamanhos variados. 


CAÇA AO TESOURO ESPACIAL
Dicas da Bramon para quem se aventurar a procurar meteoritos na região:

Onde pode haver fragmentos

  • No solo de propriedades rurais de Jari, São Pedro do Sul, Santa Maria e arredores

Como identificar  

  • Densidade: meteoritos são normalmente mais densos que rochas terrestres. Os rochosos em geral são mais pesados que uma rocha comum, e os metálicos, muito mais pesados
  • Crosta de fusão: a parte externa de um meteorito é escura e tem aspecto fosco devido ao intenso calor a que esteve exposto (foto)
  • Magnetismo: quase todos os meteoritos são atraídos por ímãs, pois geralmente possuem ferro e níquel em sua composição
  • Interior: a maioria apresenta interior claro com cor semelhante ao cimento, sem bolhas e aparentando ser composto de pequenas esferas em diferentes tons de cinza. Nos metálicos, o interior se assemelha ao aço inox
  • Remaglitos: meteoritos metálicos podem possuir remaglitos, que são depressões semelhantes a marcas de dedo. Sua crosta de fusão é mais brilhante que os meteoritos rochosos 

Fique atento 

  • Não entre em propriedade particular sem a autorização expressa do proprietário
  • Leve um GPS ou um celular carregado com algum aplicativo de localização
  • Leve água para beber e use protetor solar
  • Prenda um ímã forte na ponta de um cabo de vassoura. É um dispositivo muito útil e permite que você possa inspecionar o solo em busca de rochas que são atraídas pelo ímã. Envolva-o com plástico para facilitar a retirada dos fragmentos que aderirem a ele

O que fazer se achar um 

  • Filme, fotografe e grave um relato informando data, hora e local onde foi encontrado. Se possível, faça isso antes mesmo de retirá-lo do solo
  • Registre no GPS ou no aplicativo de GPS do celular as coordenadas de onde ele foi encontrado. Além de valorizar a peça, pode ajudar a refinar a área de busca de novos fragmentos. Se não tiver como fazer isso na hora, marque bem o local onde encontrou para poder fazer isso mais tarde
  • Não lave. Mantenha a peça longe de água. Limpe apenas com um pincel e guarde em um recipiente livre de umidade
  • Depois de limpa, tire boas fotos de todos os lados da peça. Coloque-a próximo a uma régua, uma moeda ou algum objeto que permita dar uma ideia de tamanho
  • Envie fotos, vídeos e os dados registrados para uma análise preliminar da Bramon ([email protected]) ou do Observatório Cosmos de Itaara, pelo WhatsApp (55) 99179-0096
  • Caso tenha encontrado o meteorito em uma propriedade privada, informe o proprietário. Legalmente, ele é o dono do material 

A quem enviar

  • Somente o Museu Nacional do Rio de Janeiro pode analisar certificar o material
  • O Observatório Cosmos também tem interesse na compra de meteoritos

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