Meio ambiente

O futuro da Terra está em nossas mãos?

Silvana Silva

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Caro leitor, esta reportagem é um convite para refletirmos.
Feche os olhos e pense no seu lar. Seja qual for o tamanho, tipo de construção ou localização, ele é seu porto seguro. E onde vive sua família e animais de estimação. Dele, você cuida, limpa, planeja melhorias, enfeita.

Agora, imagine outro lar, aquele que é a casa de todos: humanos, animais, plantas e microrganismos. Nutrimos por ele o mesmo carinho, afeto e sentimento de pertencimento que temos pela nossa casa?

O planeta Terra é o lar de todos, onde 1,2 milhões de espécies de seres vivos deveriam conviver em harmonia Um estudo publicado na revista científica PLoS Biology, em 2011, estimou que o mundo tem 8,7 milhões de espécies de seres vivos - a maioria delas ainda não identificada. A grande maioria são animais terrestres, com números menores de fungos, plantas e protozoários. Do total de espécies, apenas 1,2 milhões já foram descritas pela ciência.

É neste planeta que moram plantas, algas e cianobactérias que fornecem o ar que respiramos (fotossíntese). É em seu solo que germinam os grãos e crescem as raízes e os frutos que nos alimentam. É dele que extraímos energia natural para o transporte e aquecimento.

Nós - os Homo sapiens - somos apenas uma das milhares de espécies vivas da Terra, um ecossistema que precisa da diversidade de todos os seus "filhos" para se manter saudável, renovar -se e fornecer às gerações futuras a mesma riqueza natural que dispomos hoje.

style="width: 100%;" data-filename="retriever">Foto: Pixabay

DIA 22 DE ABRIL
Se considerarmos essas variáveis, veremos que o Planeta Terra está pedindo socorro. A situação é tão grave que a Organização das Nações Unidas (ONU), instituiu o 22 de abril como o Dia Mundial da Terra, uma data para alertar o mundo sobre o perigo que corremos.

Ao longo dos séculos, nós, humanos, adotamos uma postura egoísta e de superioridade em relação aos nossos irmãos (os demais seres vivos) e ao lar que habitamos. Hoje, sabemos que os recursos naturais têm fim se não tiverem tempo e condições de se regenerar.

HISTÓRIA DO DIA
O alerta para a gravidade do estado de saúde do planeta Terra já soava em sociedades mais desenvolvidas há mais de 50 anos.
Em 22 de abril de 1970, uma grande manifestação organizada pelo senador norte-americano Gaylord Nelson levou milhares de pessoas às ruas dos Estados Unidos (foto abaixo) para protestar contra os impactos negativos da ação do homem no ambiente após 150 anos da Revolução Industrial, movimento iniciado na Inglaterra em meados do século XVIII, que se espalhou pelo mundo provocando extremas mudanças na forma da sociedade: surgimento das indústrias, a grande oferta de mercadorias, o uso desenfreado de recursos naturais e o aumento do consumo.

style="width: 100%;" data-filename="retriever">Mas foi só 40 anos depois do protesto e de acordos de cooperação entre países que a ONU reconheceu o 22 de abril como o Dia Mundial da Terra. Em 2020, a ONU reafirmou os perigos advindos da mudança climática e instituiu duas medidas urgentes:

1) Queda da taxa anual de 7,6% de emissões de dióxido de carbono no ar.
2) Manter aquecimento global abaixo 1.5°C

NO BRASIL

style="width: 50%; float: right;" data-filename="retriever">A formação da consciência ecológica para além dos bancos acadêmicos engatinha a passos lentos no Brasil. Em 1992, sediamos a ECO-92 (foto ao lado), um evento que congregou a Conferência da ONU para o Meio Ambiente e Desenvolvimento e outros paralelos.

Centenas de líderes de países de todo o mundo se reuniram no Rio de Janeiro para debater ações e soluções para os problemas que afetam o nosso planeta. O evento é considerado um marco no país, mas sabemos que a formação de uma consciência ecológica coletiva depende de muitos fatores e vai demorar anos. Desigualdades sociais e educacionais, desinformação e interesses econômicos são grandes inimigos da Terra. E essas são variáveis que temos de sobra no Brasil.

O QUE EU POSSO FAZER PARA AJUDAR O PLANETA?

  • Informe-se sobre boas práticas ambientais (veja indicações de livros, filmes e sites que tratam da temática logo abaixo)
  • Informe-se sobre a cadeia produtiva do produto que irá comprar. Sites de empresas e rótulos contém algumas informações que podem lhe ajudar
  • Escolha produtos com certificação ambiental, selo que atesta que o produto e/ou empresa possui diferencial produtivo de maior qualidade ambiental. Há diferentes certificações, que dependem de cada setor produtivo
  • Reduza o consumo de energia. Desligue aparelhos não utilizados, não deixe-os em stand by (o consumo de luz aumenta em média 10% no mês), tome banhos curtos, desligue a luz ao sair do ambiente.
  • Prefira alimentos orgânicos. Eles não utilizam agrotóxicos, ajudam o ambiente e sua saúde.
  • Gaste menos água. Para isso, reaproveite a água da máquina de lavar para limpeza de calçadas, casas, carros; diminua o tempo de banho, feche a torneira ao escovar os dentes e lavar a louça.
  • Poupe combustível e ajude o ar. Quando possível, deixe o carro em casa. Eles são responsáveis por emitir grande quantidade de compostos que poluem o ar.
  • Separe seu lixo. Reaproveite o lixo orgânico por meio de composteiras. Destine o lixo reciclável para coleta seletiva ou venda para empresas que compram esse tipo de material. O lixo que sobrar, destine à coleta normal.
  • Valorize o mercado local. Compre produtos feitos na sua cidade. Além de minimizar impactos ambientais como o transporte, valoriza produtores rurais, empresas e indústrias locais (veja abaixo dois guias com contatos de feirantes de Santa Maria e Estado). 

PARA SABER MAIS 
LIVRO

DOCUMENTÁRIOS

  • Seremos história - Produzido pelo ator Leonardo Di Caprio, filme traz entrevistas como ex-presidentes americanos Barack Obama e Bill Clinton e o Papa Francisco. Disponível no youtube
  • Uma verdade inconveniente - Vencedor do Oscar de melhor documentário, o filme acompanha Al Gore, ex-candidato à presidência dos EUA, no circuito de palestras para conscientizar sobre os perigos do aquecimento global.
  • Ilha das flores _ Um tomate é plantado, colhido, transportado e vendido num supermercado, mas apodrece e acaba no lixo. O cineasta gaúcho Jorge Furtado segue a vida de um tomate para tratar de um problema que afeta a todos: o destino do nosso lixo. Disponível no youtube

SITES

SUSTENTABILIDADE
Para pensarmos em como ajudar o nosso planeta, precisamos entender o que significa uma palavra: sustentabilidade (é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da nossa geração, sem comprometer a capacidade de fornecer alimento, energia, transporte para as futuras gerações. É o desenvolvimento que não se esgota.

Afinal, o que é ser sustentável? Consumir de forma sustentável? Desenvolvimento sustentável? Tornar um processo, um produto ou uma empresa sustentável?

A palavra está tão na moda que parece que a entendemos. Mas, quando colocamos o conceito em ações e resultados práticos, não é tão simples assim. Sustentabilidade passa por informação, consumo consciente e equilíbrio com as necessidades econômicas, dizem profissionais ouvidas nesta reportagem.

Para isso, é importante conhecer e pensar sobre a cadeia produtiva do que consumimos. Saber como foi feito, como chegou até nós. E, assim, ter o poder de escolher produtos.Para entender essa ideia na prática, vamos analisar dois alimentos que estão na mesa do brasileiro todos os dias e pensar: qual o impacto do processo produtivo do arroz e do feijão no nosso planeta?

CADEIA PRODUTIVA DO ARROZ E DO FEIJÃO

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  • Lavoura - O local foi transformado pela ação do homem. A área natural virou agrícola. O ideal é equilibrar os cuidados com o ecossistema e a necessidade de produção de comida no mundo
  • Máquinas - Para plantar e colher, utiliza-se equipamentos e veículos (trator, colheitadeira etc). As máquinas são movidas a combustível (diesel e gasolina)
  • Insumos - Não existe plantio sem semente e produtos para combater pragas e fungos. A maioria das lavouras de alto rendimento utiliza-se de defensivos químicos e não orgânicos.
  • Armazenagem - Após colheita, os grãos são transportados para silos. Energia, água e maquinários são utilizados nesse processo.
  • Indústria - Os grãos são vendidos para indústrias. Elas usam energia e máquinas para separar, limpar, secar e embalar os produtos em plásticos ou papel.
  • Transporte - É usado para levar os grãos da lavoura para o silo. Dali, à indústria e, depois, aos mercados. O combustível (diesel e gasolina) provem de um recurso natural finito: o petróleo

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INFORMAÇÃO
Depois de observarmos o que envolve a produção do arroz e do feijão, uma pergunta surge: para sabermos se o produto que consumimos é sustentável, precisamos conhecer sua cadeia produtiva. Mas como ter acesso às informações?
Especialistas são taxativos: sem informação, não há como formar uma consciência ecológica e, consequentemente, o consumidor perde o poder de escolher.

"No Brasil, não temos acesso a informações de forma coletiva e transparente. E nós precisamos de informação para que possamos escolher e adotar práticas mais sustentáveis Em alguns países da Europa, nos mercados, junto do preço das frutas ou das verduras, há o local onde elas foram produzidas, por exemplo. E o consumidor pode optar por aquele produto que foi produzido mais próximo de sua cidade, reduzindo assim o impacto com o transporte."
Andressa Silveira

"Olhe para qualquer criança e pergunte: porque eu deveria me importar com o futuro de pessoas que eu não conheço e do qual eu não farei parte? Ao meu ver esta pergunta carrega, na sua essência, as premissas do desenvolvimento sustentável. Os 17 ODS da Agenda 2030 nos mostram um difícil caminho a ser trilhado em uma sociedade em que economia e ambiente não estão de mãos dadas. Dependendo da resposta que dermos a esta pergunta as futuras gerações talvez poderão suprir as suas necessidades como fazemos hoje. Qual é a sua resposta?"
Marilise Hrügel

ESPECIALISTAS OUVIDOS NESTA REPORTAGEM

  • Andressa Silveira, engenheira agrônoma, doutora em Ciência do Solo, professora do Departamento de Engenharia Sanitária Ambiental da UFSM
  • Marilise Mendonça Krügel, bióloga, doutora em Zoologia, professora do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFSM
  • Luís Fernando Oliveira, agrônomo e assistente técnico regional da Emater Santa Maria

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