Vinicius Becker (Diário)
Uma cratera aberta há, pelo menos uma semana, preocupa moradores do Bairro Carolina, na zona norte de Santa Maria. A erosão, provocada pelas fortes chuvas recentes e pelo acúmulo de lixo, comprometeu o acesso a uma das travessas da região e tem gerado insegurança entre os moradores, que reclamam do descaso do poder público.
Relatos de descaso

Segundo alguns moradores, o problema começou com pequenos deslizamentos e, após as enchentes do último mês, a estrutura cedeu de vez. No local, passa um pequeno riacho, o que agrava a situação durante períodos de chuva forte. O lixo acumulado impressiona e pode ter sido responsável pelo colapso da via.
– Tinha como passar ali. Agora, nem isso mais. Caiu tudo de vez. Antes, a gente ainda conseguia sair por ali, mas agora, só pela rua de cima – conta Fábio Pereira, 37 anos, mecânico e morador da região.
Ele explica que há bueiros na rua, mas que a vazão da água não é suficiente.
– Se chover forte, alaga tudo. E, se precisar sair rápido, não tem por onde – acrescenta ele.
Moradora há 25 anos no local, Clecia Corrêa, 71 anos, afirma que o problema vem se agravando com o tempo. Ela relata que, com o rompimento da rede de água após o deslizamento, também ficaram sem abastecimento por dias.

– O cano ficou fora da terra e quebrou. A gente ficou sem água. Aqui, já é sempre difícil e, quando acontece isso, ninguém aparece – queixa-se.
Até agora, a prefeitura não esteve no local. Clecia relata que uma visita isolada foi feita por um assessor que se apresentou como ligado a um membro da Assembleia Legislativa, mas não houve retorno ou encaminhamento para solução. A deputada estadual Luciana Genro (PSol) enviou ofício ao Executivo municipal sobre a situação envolvendo o local depois que sua assessoria esteve na travessa.
O que diz a prefeitura
Em resposta, a prefeitura informa, por meio de ofício, à deputada que se trata de uma ocupação irregular e que não há previsão de regularizar a área, “pois o local não permite a implementação das infraestruturas mais básicas.” Quanto ao lixo, o Executivo informa que o caminhão fazia a coleta, mas deixou de prestar o serviço há três anos depois que um dos moradores construiu um “muro irregular”, inviabilizando o acesso do veículo. Para amenizar os danos ambientais e o impacto à saúde, a prefeitura frisa que instalou dois contêineres nas redondezas.
Ao Diário, a Secretaria de Infraestrutura e Mobilidade reforçou que o local, entre as ruas Ernesto Beck e Tomás Antônio Gonzaga, trata-se de uma ocupação irregular e não recebeu, ainda, regularização fundiária. Segundo a pasta, a área é de abrangência do governo federal – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) – e da Rumo. Frisou que o lugar é uma antiga travessia de águas: “O ponto que apresentou o problema é uma antiga travessia de águas pluviais da antiga linha férrea de metalon (estrutura de ferro que foi constituída a galeria), ocorrendo assim a obstrução de uma sanga dentro de área privada”.