Moradores de Itaara enfrentam filas e prejuízos com obras na BR-158

Colaborou: Rian Lacerda

Moradores de Itaara enfrentam filas e prejuízos com obras na BR-158

Foto: Vinicius Becker (Diário)

Em meio às tentativas do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) para reduzir o tempo de espera no sistema pare e siga da BR-158, a rotina em Itaara, na Região Central, segue marcada por congestionamentos, atrasos e prejuízos. As obras emergenciais na rodovia, principal ligação com Santa Maria, alteraram a dinâmica do município e se tornaram motivo de insatisfação entre moradores, trabalhadores e comerciantes.

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Mesmo com os ajustes recentes, os moradores afirmam que o tempo de espera ainda ultrapassa uma hora em determinados períodos do dia. A situação, que se prolonga desde o início das intervenções, levou à criação de uma mobilização comunitária que cobra soluções mais efetivas e maior transparência sobre o andamento da obra.

Iniciadas em março deste ano, as obras integram um projeto federal de recuperação dos danos provocados pelas chuvas de 2024 e têm como objetivo estabilizar o trecho da serra. O investimento ultrapassa R$ 173 milhões, abrangendo 14 quilômetros da rodovia – entre os km 310 e 324.


Reivindicações

Diante da falta de previsibilidade e de informações claras sobre os horários de bloqueio, os moradores decidiram se organizar. Foi criado um abaixo-assinado com uma série de reivindicações: redução imediata do tempo de espera no sistema pare e siga; divulgação dos horários de interrupção e liberação da via e fiscalização constante do Dnit e do Ministério Público Federal (MPF) para garantir o respeito aos usuários.
O documento, que já reúne mais de 650 assinaturas, foi encaminhado ao MPF na última sexta-feira e será entregue formalmente em audiência pública na Câmara de Vereadores de Itaara, marcada para o dia 29 de outubro, às 19h.

Para a reunião, a comunidade solicitou a presença de representantes do Dnit, MPF, Polícia Rodoviária Federal (PRF), prefeitura de Itaara e das empresas de transporte intermunicipal Lourenci e Jardim da Serra.
Na segunda-feira, o MPF respondeu à comunidade afirmando que a nova representação “repete o mesmo quadro fático já analisado” e reiterou a necessidade das obras, defendendo o sistema pare e siga como “fundamental para a execução em tempo hábil”.

A reportagem do Diário entrou em contato com o Ministério Público Federal, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.


Mobilização

Foto: Rian Lacerda (Diário)

A mobilização começou de forma espontânea, com a criação de um grupo de WhatsApp usado para divulgar informações sobre o funcionamento da rodovia. O grupo, que hoje reúne quase mil participantes, tornou-se um canal essencial de comunicação entre os moradores.

Entre eles está Juliane Gehm, 33 anos, mãe de um menino com deficiência que realiza tratamento diário em Santa Maria. Ela relata as dificuldades enfrentadas:
– Criamos o grupo porque não havia previsão dos horários. Todos os dias fico parada no carro por mais de uma hora, sem acesso a banheiro ou alimentação. É muito desgastante. Crianças pequenas também ficam presas no ônibus por longos períodos. É desumano – desabafa.

O professor universitário Josué Rigue, 39 anos, cobra mais clareza e diálogo por parte do Dnit e da empresa responsável pela obra:
O que a gente pede é uma devolutiva adequada. As respostas oficiais dizem que o tempo de espera é de 15 minutos, mas quem mora aqui sabe que isso não condiz com a realidade. Falta comunicação real com quem é afetado – pontua.


Impactos

O comércio de Itaara também sofre os reflexos diretos dos congestionamentos. A empresária Cleri Maria Barato, 38 anos, conta que o movimento em seu estabelecimento caiu drasticamente desde o início das obras. 


Foto: Rian Lacerda (Diário)


– Meus clientes de Santa Maria não sobem mais. Ninguém quer perder uma hora e meia parado na estrada. Antes, vinham comprar, passear, fazer turismo em Itaara. Agora, simplesmente desistiram – lamenta.
Segundo ela, as vendas caíram cerca de 70%, e o mesmo cenário se repete em restaurantes, lojas e outros serviços.


O militar aposentado Denilson Londero, 50 anos, também morador do município, reforça a preocupação:
– Muitos empresários estão à beira de fechar as portas. Sem movimento, não há como manter o negócio. São pequenos empreendedores que não têm estrutura financeira para aguentar meses de prejuízo. E, quando fecharem, não tem volta – alerta.


A comunidade reforça que não é contrária à obra, reconhecendo sua importância para a segurança e o desenvolvimento da região. O que pedem é melhor planejamento, comunicação e respeito à rotina de quem depende da estrada diariamente.
Enquanto aguardam um retorno efetivo das autoridades, os moradores seguem mobilizados – entre mensagens em grupos de WhatsApp, assinaturas digitais e protestos silenciosos nas longas filas que se formam todos os dias na BR-158.

O que diz o Dnit

Em nota, o Dnit informou que, como medida emergencial para reduzir o tempo de espera, encurtou na segunda-feira a distância entre os pontos do sistema pare e siga no trecho entre Santa Maria e Itaara.
Entretanto, ontem, os bloqueios voltaram a operar em maior extensão devido à necessidade de reparos na pista. Segundo o órgão, a medida visa aproveitar o período de tempo seco para concluir os serviços de pavimentação antes da previsão de chuva no fim de semana.
O Departamento também informou que a liberação total do tráfego poderá ocorrer nas próximas semanas, ainda sem data definida. Já as obras de contenção e duplicação devem ser concluídas no primeiro semestre de 2026.

Campanha

Por meio de nota, a prefeitura de Itaara informou que vem solicitando constantemente ao Dnit medidas que amenizem o tempo de espera no sistema pare e siga. Sobre o abaixo-assinado e outras mobilizações populares,o Executivo afirmou respeitar o direito da comunidade de se manifestar e reivindicar melhorias, destacando que continuará acompanhando as obras e cobrando soluções que reduzam o impacto sobre a população local.


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Vitória Sarturi

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