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Manter o isolamento ou abrir lojas? O que pensam empresários, médicos e população

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data-filename="retriever" style="width: 100%;">Fotos: Pedro Piegas e Renan Mattos (Diário)

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Após uma semana com grande parte da população confinada em casa e a mensagem do presidente Jair Bolsonaro de que o país não pode parar, cresceu o movimento empresarial pressionando pela reabertura gradual de empresas pelo país, inclusive em Santa Maria. Governadores de Mato Grosso e Rondônia já fizeram decretos liberando a reabertura, enquanto o de Santa Catarina permitirá que lojas reabram no dia 1º. No Estado, o governador Eduardo Leite (PSDB) editou novo decreto na sexta liberando lotéricas e templos religiosos, seguindo o decreto federal que havia definido pela reabertura desses locais. Contudo, uma liminar da Justiça Federal, na sexta-feira, voltou a proibir que lotéricas e igrejas voltem a abrir em todo o país. 

Mas, após uma semana, tanto Leite quanto o prefeito de Santa Maria, Jorge Pozzobom (PSDB), já estão recebendo reivindicações e pressões de entidades empresariais. Nesta segunda-feira, às 10h, o assunto será tratado por Pozzobom com as lideranças do empresariado local e dois médicos infectologistas. Pelo decreto assinado pelo prefeito de Santa Maria, desde o dia 21 o comércio está impedido de abrir na cidade. Farmácias e mercados, permanecem de portas abertas, respeitando regras de higienização. 


A PROPOSTA
O presidente do Sindicato dos Lojistas de Santa Maria (Sindilojas), Ademir José da Costa, diz que já foi definida a proposta para reabertura que será apresentada a Pozzobom e ao governador, via Fecomércio-RS. A ideia inicial é que todo o setor produtivo, não só os lojistas, possa voltar a funcionar na próxima quarta-feira, dia 1º de abril, ou no máximo na segunda-feira, dia 6. Porém, as entidades defendem que isso só seja feito com 50% do contingente de funcionários, deixando em casa os trabalhadores idosos ou de grupos de risco. Para os restaurantes, a proposta é abrir só ao meio-dia, com as mesmas medidas, enquanto à noite só permitir tele-entrega.

- Além disso, queremos abrir havendo um rigor forte na porta, com higiene das mãos com álcool gel na entrada e na saída, e entrando três a quatro pessoas por vez. Está funcionando bem nos supermercados e nas farmácias, dessa mesma forma. E não deve ter um grande movimento, porque acreditamos que só vai ir comprar quem realmente precisa de um produto. Até porque as pessoas ainda estarão com receio - diz Costa.

Ele afirma que, se a prefeitura não aceitar a proposta, tentará buscar o diálogo e descarta a possibilidade de confronto, como algumas lojistas estavam propondo, de tentar abrir na marra.

- Se continuar todo o setor produtivo fechado, vai faltar insumos, até embalagens para delivery, por exemplo. Vai ser muito pior se deixar quebrar 35% das empresas, pois daí vai faltar dinheiro pra manter a saúde pública e vai morrer gente - afirma o presidente do Sindilojas.

Várias entidades empresariais também estão muito preocupadas com a grave crise que está começando devido ao isolamento social (veja no quadro).

DECISÃO
Já Pozzobom garante que vai ouvir os pedidos dos empresários com toda a atenção, na segunda-feira, mas que a decisão final será tomada com responsabilidade, junto com médicos infectologistas.  

- Vamos avaliar tudo, a cada dia se avalia uma coisa. Aqui tem dois casos, em Bagé já tem nove. Eu não vou ser o prefeito de Milão, que agora disse: "Erramos". Lançou a campanha Milão Não Pode Parar e, um mês depois, morreram 4 mil pessoas lá. Vai ser dialogado. Todas as decisões para fechar comércio e construção civil, foi conversado antes com as entidades.

Questionado sobre que ações a prefeitura tomará caso empresas comecem a abrir na marra, sem aval do poder público, Pozzobom preferiu não comentar.

- Nós vamos conversar com todas as entidades, cada entidade vai falar. Por outro lado, tem outra coisa que ninguém perguntou: os empregados querem trabalhar? Ninguém falou com eles ainda. Eu escuto o que os motoristas e os cobradores de ônibus me falam, o que os trabalhadores dos supermercados me falam. Vão chegar e dizer: "Já falamos com os trabalhadores e vamos abrir a loja".

PROFISSIONAIS DA SAÚDE DEFENDEM ISOLAMENTO

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Nos últimos dias, um movimento que pede o chamado isolamento vertical tomou conta das redes sociais dos santa-marienses. Também em uma página da internet, o médico infectologista Fabio Lopes Pedro foi enfático ao concordar com as medidas de prevenção adotadas em Santa Maria até o momento e pediu calma às empresas e pessoas. "Não é hora de abertura de comércio", diz logo no começo do vídeo, publicado na última quinta-feira.

- Agora é o momento de isolamento e de distanciamento social. Se a gente libera a população para voltar imediatamente às suas atividades normais, isso vai gerar aglomerados e a infecção das pessoas se dará numa propagação muito rápida - explica o especialista.

Lopes Pedro ainda afirma que a flexibilização pode vir a ser adotada em breve, com o devido planejamento:

- As instituições terão, primeiro, de se organizar, de certa forma, para isso, determinando fluxos, limites, horários, proteção para os seus funcionários, entre outras medidas. Essa análise tem que ser feita localmente.

A manutenção do isolamento horizontal também é defendida pelo delegado do Conselho Regional de Medicina (Cremers), Jeferson Pires:

- Como médico, e vendo o panorama atual, eu acho que ainda não é o momento de abrir (o comércio).

A médica infectologista Jane Costa também afirma que ainda não é o momento de sairmos de casa e deixar a quarentena.

- Coronavírus é só mais uma doença. Talvez tenhamos no Brasil número de leitos de UTI por mil habitantes melhor que países de primeiro mundo, mas esses leitos não estão todos disponíveis para a Covid-19. É só uma doença, sim, mas em um sistema de saúde que já está deficitário. Vamos enxergar o óbvio! - alerta.

Já o presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) em Santa Maria, Walter Priesnitz, acredita que o isolamento vertical pode aumentar a defesa da população ao vírus, mas sem exposição excessiva.

Para a enfermeira e professora do curso de Enfermagem, Medicina e mestrado em Saúde Materno Infantil da Universidade Franciscana (UFN), Martha de Souza, o momento, agora, é de ouvir os especialistas referência no assunto na cidade e tirar como exemplo o que ocorreu na Itália após a flexibilização de medidas preventivas.

- Vamos acreditar nos profissionais de saúde, que estão lá na ponta, e nos representantes que estão anunciando a todo o momento a dificuldade que vamos ter de leitos quando aumentar os casos no pico. Ou seja, fique em casa - ressalta.

O QUE DIZEM EMPRESÁRIOS 

Paulo Comasseto - Vice-presidente de fiscalização do Conselho Regional de Contabilidade do Estado
"Temos observado a opinião da área de saúde, que tenta manter o isolamento social. Compreendemos esta posição porque se deve cuidar das vidas. O que nos intriga e nos deixa preocupados é não sabermos por quanto tempo será necessário o fechamento. No momento de decidir se vai abrir ou continuar sem atuar, é necessário pesar as consequências. Em Santa Maria, temos o decreto que obriga o fechamento de todos os estabelecimentos comerciais não essenciais. Em minha opinião, é necessário, quando vencer o decreto, se fazer uma reavaliação e, se possível, ir retomando as atividades de vagar. Neste retorno, podem trabalhar de 30 a 40% dos funcionários, entre os que não fizerem parte do grupo de risco do vírus. Não podemos ficar seis meses com as empresas fechadas. Para a volta gradual, será necessário controle pelos órgãos públicos, como limite de clientes por vez dentro dos estabelecimentos, como já está acontecendo com as farmácias e mercados, por exemplo. Já há demissões, mas acredito que os empresários estão aguardando para o que vai acontecer nos próximos dias. Porém, não tenho dúvida que o desemprego vai aumentar, pois, sem renda, não há como garantir todos os salários. Com a liberação do governo para postergação de alguns tributos, as empresas vão poder priorizar a pouca arrecadação para pagar salários, pois famílias dependem disto. Daqui há um tempo, vamos precisar orientar os empresários a buscar alternativas, como as linhas de credito. Muitos acordos vão ter que ser feitos, como prazo maior para pagamento de fornecedores. O governo está ajudando os autônomos, mas os funcionários dependem das empresas" 

Edmilson Gabardo - Diretor da Associação dos Transportadores Urbanos de Passageiros de Santa Maria (ATU)
"Estamos pagando para trabalhar, transportando 90% menos passageiros. A situação econômica está terrível, mas ainda seguimos a orientação dos profissionais da Saúde, que orientam o que e como deve ser feito. O mais importante é a vida. Ninguém estava preparado. Neste momento, não podemos colocar as pessoas a trabalharem novamente. Se um funcionário ficar doente, quem se responsabilizará? O empresário. Vamos ver como conseguiremos sobreviver a partir do dia 5, quando pagaremos os salários. Por enquanto, não realizamos demissões. Mas, com a situação continuando, precisaremos rever. Somos empregados dos municípios. Fazemos o que eles determinam."

Marli Rigo - Presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL)
"O empresariado já vinha sofrendo na economia, pois já não havia mais público nas lojas. Essa determinação de fechar o comércio foi uma atitude que achamos louvável e muito prudente. Penso que os impactos serão irreversíveis para muitos. Porém, Santa Maria já provou que é uma cidade empreendedora e que vamos recomeçar. As empresas estão em contato com os poderes pra ver como será a ajuda para os microempresários. Preocupação de todos é manter os empregos. Neste momento, vai ser complicado manter toda a equipe de antes. Será necessário haver nova cultura de compreensão. Comprar do comércio local vai ser a única maneira de manter os empregos e a saúde financeira da cidade. Neste momento, precisamos ser bairristas e unir forças. Vamos depender, também, de apoio do governo. Estamos nos mobilizando com o Fecomércio e outros órgãos para ajudarmos, de alguma forma, os microempresários"

Eduardo Stangherlin - Presidente do sindicato dos supermercadistas e empresas de gêneros alimentícios (Sindigêneros) e diretor dos Supermercados Stangherlin
"Há supermercados no Centro que tiveram 30% de queda nas vendas, enquanto outros, 15%, porque estão se mantendo pelas tele-entregas. Depende da localização do mercado, mas todo mundo perdeu. Todos estão fazendo restrição de atendimento. Eu, por exemplo, diminuí 70% a variedade da produção de padaria, porque não tem movimento na loja e a gente não vende. Salgadinhos, não frito nem asso mais. Hortifrúti, alguns produtos a gente nem está comprando mais porque não vende, só o básico. Alguns fornecedores, como farinha, já não entregaram e faltou, porque tem estoque menor. Alguma marca de pão, iogurte e frios já teve dificuldade porque estão demorando para entregar. Acredito que a falta vai se agravar se continuar por mais tempo, pois pessoal das indústrias também deve estar tendo problema na fabricação. Há laticínios pensando em parar. Nos mercados, teve redução de quadro de até 30% dos funcionários porque pessoas estão com sintomas leves gripais. Alguns já voltaram a trabalhar. Jovens aprendizes, o ministério mandou liberar todos, e a partir de segunda, liberou para poder voltar a trabalhar os que tiverem mais de 18 anos.

A gente se preocupa com todos e com tudo. Acho que pode ir voltando, mas cuidando as medidas de segurança, fazendo as limpezas. Digo isso porque acho que esse problema vai até agosto, vai vir o frio, a gripe e o tempo de resfriados. Cuida das pessoas que têm risco e os idosos, e que se volte a trabalhar com quem precisa trabalhar e tem saúde, porque o desemprego vai ser grande, a falta de recursos das pessoas vai bater na porta daqui a pouquinho. Voltar não só o comércio, mas também a construção civil, outros setores. Tem muito autônomo, os camelôs, vão viver do quê? Já tem gente sem dinheiro e vão só comprar só um pãozinho, guisadinho e o que tem dinheiro. E esse dinheiro vai acabar e não terão nem para comprar as coisas de primeira necessidade. Acho que vai piorar muito.

Muito interessantes as medidas do governo, financiar os salários por dois meses para as empresas já ajuda muito."

Rogério Reis - Presidente do Sindicato dos Comerciários
"Nossa primeira preocupação é com a saúde das pessoas. Há a orientação para não saírem de casa, mas, lamentavelmente muitos não estão ouvindo. Vemos isto, por exemplo, nos supermercados lotados. A população não está se protegendo. Nossa segunda preocupação é a manutenção das empresas para não haver desemprego. O Sindicato dos Comerciários e a CDL conquistaram férias coletivas para o comércio. Porém, depois do dia 5, quando as férias acabarem, não sabemos o que acontecerá. No momento, estamos trabalhando com a fiscalização para que tenham proteção para com os funcionários dos serviços essenciais, como máscaras e álcool gel. O primeiro cuidado é valorização da vida. Se a vida estiver protegida, não tem problema que o comércio volte. O problema é que a população não tem máscaras e álcool gel suficiente para saírem seguros. E as empresas também não estão preparadas para receber estes clientes. Primeiro, é necessário preparo, como a não lotação dos espaços, a partir do controle de quantidade de pessoas dentro dos estabelecimentos. Temos preocupação com o decreto. Vai ajudar, mas é uma antecipação do seguro desemprego, e se for desempregado depois, vai ter seguro? Não corresponde à realidade que estamos vivendo."

Luiz Fernando Pacheco - Presidente da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Santa Maria (Cacism)
"O desemprego é inevitável com todo esse período de fechamento dos negócios. Até agora, os governos só obrigaram o empresariado a fechar, o que é correto, mas não acenou com nenhuma ação de apoio, como o não pagamento de impostos ou, ao menos, prorrogação do prazo e parcelamento, além de fundo de garantia. Quando se faz um movimento desses é necessária uma contrapartida. Com a receita indo à zero, muitos negócios não vão sobreviver. Os empresários da cidade estão apreensivos, pois não enxergamos uma luz no fim do túnel, como um calendário com datas de retomada. Muito citamos as medidas de fechamento de comércio da Europa, contudo esquecemos que os governos vão ajudar os setores de produção na retomada. Uma volta gradual é a melhor saída.

Claudio Tavares - diretor comercial da Distribuidora de Combustíveis Santa Lucia
"Está preocupante o cenário. Se pegar os postos de Santa Maria, a gente está estimando queda de 80%. Atendemos região Central, Fronteira e Missões, e a queda está entre 70% e 80% também. Está complicado para receber valores a prazo, o pessoal pedindo para renegociar. E a situação vai ficar pior se não tiver um retorno da economia, com o comércio voltar a funcionar aos poucos, vamos ter uma crise gigante. Tem dois lados da moeda, hoje temos o pessoal estabilizado, o funcionário público, que não depende de venda, o salário deles vai estar ali, mas pessoal que depende da venda ou o autônomo, que depende dele mesmo, vai ser terrível. Todo diz está dizendo a mesma coisa, vai ter comida para vender, mas não vai ter quem compre. Algo precisa se feito. Tem de ter restrições, isolamento, mas tem de começar a andar a economia. Outro detalhe: bancos fechados: tem gente que deposita por dia R$ 30 mil, mas tá fazendo depósitos de R$ 500 em envelope. Os bancos poderiam atender pelo menos as empresas. Não está girando dinheiro no mercado. Os caminhoneiros na estrada, sem restaurante. Uma safra complicada, com quebra expressiva, e o pessoal descendo a Rio Grande carregado e voltando vazio. Não pode trazer uma areia ou outra carga, porque a construção civil está parada. Vai dar quebradeira se não tiver posição rápida sobre a economia. Os grandes grupos vão sobreviver, vão demitir a metade e o negócio vai andar.

Sobre essa ajuda do governo, o que acho complicado é chegar na ponta, o prazo para chegar isso aí. Até virar lei e começar na prática, vai levar dois meses. Daí, tem pessoas que não vão se enquadrar. Vai ter ajuda, mas é complicado. O que temos de fazer é voltar a girar a economia. Fui no mercado na quinta e, na saída, te corta o coração: um catador com carrinho cheio de recicláveis dizendo: "Não sou de pedir, mas está tudo fechado e não tenho para quem vender. Não consegui levar nada para casa para comer". Daí, pessoal ajudou e ele saiu chorando. Mas vejam o tamanho da proporção que essa quarentena está tendo. Nós temos casa, situação estabilizada, mas e esses que não têm?"

Ruy Giffoni - Administrador do Royal Plaza Shopping
"Não estou dizendo que não ter de ter quarentena. Enfoque tem de ser primeiro salvar vidas, mas o segundo deve ser salvar as empresas, senão vamos matar todas. Bolsonaro foi muito infeliz na maneira como ele falou, mas não podemos também deixar quebrar as empresas. A situação financeira é muito grave. As empresas já estavam vendendo hoje para pagar amanhã. Se continuar tudo fechado, vai ser uma quebradeira geral e desemprego em massa. Daí, vai ter danos muito mais sérios na saúde, vai ter mortes, suicídios. O ser humano aguenta isolamento por um tempo, mas não tanto.

O prefeito exagerou nas medidas. Tem de ter quarentena, mas precisa mostrar caminhos. Ir reabrindo aos poucos. Restringiu tanto os ônibus que a doméstica, a diarista não consegue ir trabalhar e está ficando sem ter dinheiro para comer, pessoal de limpeza não conseguir ir limpar os hospitais. Vai gerar uma catástrofe."

O QUE DIZEM OS MÉDICOS E ENFERMEIROS

Walter Priesnitz - presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul em Santa Maria
"Em princípio, o isolamento vertical visa fazer com que os mais jovens contraiam o vírus para espalhar a defesa para os mais idosos também. Lógico, isso nós deixando os idosos sempre em repouso. O pessoal com idade mais avançada deve se resguardar. Para os jovens, aumenta a defesa da população em geral com relação ao vírus. Lógico, não podemos deixar tudo livre, mas dentro de uma atividade razoável, sem exposição excessiva" 

Martha de Souza - enfermeira e professora do curso de Enfermagem, Medicina e mestrado em Saúde Materno Infantil da Universidade Franciscana (UFN)
"Acho que neste momento nós temos que escutar a voz da ciência e do mundo inteiro. Os lugares que fizeram flexibilização, tiveram de voltar atrás, como Itália e EUA. Vamos acreditar nos profissionais de saúde, que estão lá na ponta, no próprio SUS e nos representantes que estão anunciando a todo o momento a dificuldade que vamos ter de leitos quando aumentar os casos no pico. Ou seja, fique em casa. O risco é de aumentar a transmissão. O período de incubação desse vírus é de 1 a 16 dias, e a capacidade de transmissão é imensa. Não podemos pensar só no lucro no momento. Já há um movimento em Santa Maria ao boicote às lojas que abrirem antes da determinação dos profissionais de saúde. O presidente não tem um plano claro. É óbvio que ele está sofrendo uma pressão, mas em primeiro lugar ele tem de pensar na população, ele foi eleito para cuidar do povo" 

Jeferson Pires - delegado do Conselho Regional de Medicina em Santa Maria (Cremers)
" Como médico, e vendo o panorama atual, eu acho que ainda não é o momento de abrir (o comércio). A gente tem muitos poucos casos testados na nossa cidade e região. Acredito que ainda devemos manter o isolamento horizontal, pelo menos, até a gente conseguir dispor de mais quites de testes para termos uma amostragem maior e melhor das pessoas" 

Fabio Lopes Pedro - médico infectologista, doutor em Epidemiologia, professor de Medicina da UFSM e supervisor da Residência em Infectologia do Husm

Jane Costa - infectologista
 

Paula Martinez, médica infectologista que atuou durante o surto de toxoplasmose
"O que ele (Bolsonaro) disse tem seu fundamento, sim. Ele não foi didático, não teve jogo de cintura e chutou o balde. Causou mais pânico e confusão. As pessoas já estão psiquiatricamente abaladas, e a fala dele deixou a situação mais confusa. Ele teria de ter fala mais didática e dizer isso ao lado do ministro da Saúde (...) Se quebrar o isolamento de forma errada, é como se a gente não tivesse feito (...) Uma ideia poderia ser a liberação por faixas etárias. Se for liberar as crianças das escolas, teria de ver os professores e não colocar para dar aula que for de grupo de risco. Seria um planejamento difícil, mas seria o ideal. O presidente quis falar isso: não tem como o cara que vende cachorro-quente na esquina e tem 22 anos, em que a chance de ele complicar é pequena, seguir em isolamento (...) Como cidadão, todo mundo tem de ter essa preocupação e pensar naquele cara que vende cachorro-quente na esquina de noite para comer de dia, assim como me preocupo se o pai ou avô dele, se for exposto e precisar do respirador, vai ter. Todo mundo tem de se preocupar também com a economia. E os políticos têm de se preocupar com o sistema de saúde para ver se ele tem condições de suportar a situação. Não me sinto alienada só à Medicina" 


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