Operação Mendax

Mais de 100 pessoas são investigadas em fraude milionária no INSS

Lizie Antonello

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A notícia de que havia um grupo composto por contadores, despachantes e advogados em Santa Maria que conseguia benefícios junto ao INSS e ao Ministério do Trabalho e Emprego atraiu muita gente a participar de uma fraude que vem lesando os cofres públicos em milhões nos últimos anos.

Desde que foi deflagrada pela Polícia Federal, em outubro do ano passado, a Operação Mendax (mentira, em latim) já chegou a 115 suspeitos de envolvimento no esquema, entre operadores e beneficiários. Os nomes não foram divulgados pela polícia. O cálculo inicial é de um rombo de cerca de R$ 5 milhões. Na quarta-feira, a operação chegou à terceira fase. As investigações estão longe de terminar, em uma rede que parece não ter fim.

– O fraudador juntava dados reais com dados fictícios da pessoa que queria se aposentar, por exemplo. É quase impossível que a pessoa (beneficiário) não soubesse – diz o delegado da PF, Rafael França, acrescentando que, em alguns casos, os beneficiários eram integrantes de uma mesma família.

Para conseguir o benefício, o fraudador inseria dados do cliente como empregado em empresas fantasmas ou que estavam desativadas há anos. Depois, eram protocolados requerimentos com documentos falsos no INSS. Por isso, há a suspeita de participação também de servidores da agência da Previdência em Santa Maria. Após a concessão do benefício, era negociado o pagamento ao fraudador.

– Muitas vezes, eram recolhidos impostos atrasados para aparentar legalidade nos vínculos falsos. Mas, com o decorrer do tempo, o beneficiário recuperava o dinheiro e passava a lucrar com isso. Era um serviço criminoso a granel. A rede é bem maior do que apuramos até agora – explica o delegado.



O grupo era organizado

Cada integrante do grupo tinha uma função específica – captação de pessoas, inserção de dados falsos, emissão de guias, abordagem de servidores do INSS – e trabalhava em rede.

– Tinha um grupo tentando ludibriar o INSS todos os dias. Muitos servidores eram enganados. Se não conseguisse, voltava outro dia com novos dados – diz França.

A PF identificou pelo menos quatro integrantes do núcleo do grupo criminoso (operadores da fraude) e 56 empresas de fachada. A maioria dos proprietários também participava do esquema, mas alguns desconheciam a fraude.

A operação tem um inquérito principal e já conta com mais de 30 inquéritos específicos – uma para cada envolvido. O número deve passar de cem. Os envolvidos devem ser indiciados por estelionato (de benefícios efetivados ou de tentativas) e formação de grupo criminoso.

Para o delegado, um dos objetivos da operação Mendax, de "estancar o pagamento de benefícios fraudulentos", já foi alcançado. De outubro para cá, a investigação impediu que fossem pagos mais de R$ 3 milhões em benefícios fraudulentos.



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