Grupo de Pesquisa da UFSM participa de filme sobre Lupicínio Rodrigues

Bernardo Abbad

Grupo de Pesquisa da UFSM participa de filme sobre Lupicínio Rodrigues
Foto: Divulgação

No dia 15 de dezembro, ocorre a estreia do filme sobre um dos nomes mais célebres da cultura do Rio Grande do Sul e do Brasil. “Lupicínio Rodrigues: Confissões de Um Sofredor”, com direção de Alfredo Manevy e realizado numa coprodução Plural Filmes e Canal Curta!, será apresentado para convidados às 19h, na Cinemateca Capitólio. Entre as histórias da vida de Lupicínio, retratadas no filme, está a discriminação racial, que sofreu em Porto Alegre. Foi num bar, vazio, onde o  compositor estava com um amigo e deixou de ser atendido por causa da cor de sua pele. Mas, para além desse episódio, o filme se propõe a levantar questões de fundo relacionadas com o racismo. Para esse propósito, a equipe do filme contou com o Grupo de Estudos sobre o Pós-Abolição (GEPA), da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

O grupo atuou na assessoria histórica do filme com uma equipe de nove pesquisadores/historiadores gaúchos que possuem uma abordagem crítica sobre a história da escravidão e liberdade no Estado. O GEPA foi convidado a participar do evento de lançamento do filme, mas não possui os recursos financeiros suficientes para a viagem. Apesar da doação de 2 professores, somado ao caixa do GEPA e o apoio do SINASEFESM, ainda faltam mais de R$350. Interessados podem ajudar, doando qualquer valor através do PIX: gepa.ufsm@gmail.com

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O documentário, que é o primeiro longa do diretor, resgata o legado musical e evidencia a contribuição artística e o contexto histórico/social do grande compositor, cujas músicas de sucesso ultrapassam gerações e foram interpretadas por alguns dos maiores nomes da Música Popular Brasileira. Lupi teve influências do Samba e do Tango, mas, versátil, passeou por diversos outros estilos em suas composições.

A professora e doutoranda em História Franciele Rocha de Oliveira, membro do GEPA, conta que foi procurada pela equipe da Plural Filmes, primeiramente em função do Clube União Familiar que, até o momento, é o Clube Social Negro mais antigo de Santa Maria, fundado em 1896.

– O Lupicínio falava da presença dele no Clube União e teria sido o lugar onde conheceu seu primeiro amor, a Iná Soares. Então os roteiristas e diretores consideraram que Santa Maria era um lugar muito importante, pois sempre aparecia na narrativa e nas biografias e estudos da história do Lupicínio. Inclusive, ele diz em uma crônica que Santa Maria é “o local que despertou seu coração”. Então, são muitos indícios da importância que a cidade teve na vida dele, nos anos 30.

Conforme Gabrielle de Souza Oliveira, professora, historiadora e mestranda em Educação na UFPel, os membros do GEPA foram dividindo as tarefas, criando grupos de trabalho e definindo às fontes as quais cada um/a ia se dedicar. Também realizavam reuniões periódicas com a equipe do filme para apresentar o que estávamos descobrindo e reunindo.

– Mas confesso que só tive a dimensão do projeto grandioso em que estávamos trabalhando quando, em outubro de 2021, fomos até Porto Alegre participar de um momento de apresentação de parte da pesquisa à família de Lupicínio, justamente a parte que reconstruiu a genealogia do músico e demarcou a ancestralidade africana do mesmo. Naquele mês, a produtora também veio à Santa Maria e participamos de mais gravações, agora com um dos filhos de ex-dirigentes do União – Seu Marcos cantou canções do músico e relembrou de Lupi tomando mate com seu pai, de quem era muito amigo – e nos espaços/territórios negros de Santa Maria, onde ficava localizado o União e a Vila Brasil (onde o cantor morou). Foi somente nesse momento que pensei: estamos fazendo História ajudando a recontar essa parte da história da vida do grande Lupicínio Rodrigues.

Para o GEPA, receber o convite para assessorar a Plural Filmes na produção deste filme representou, sobretudo, reconhecimento. Guilherme Vargas Pedroso, historiador formado pela UFSM, membro do GEPA e atualmente mestrando em História na UFRGS, expõe que os resultados da pesquisa introduzidos na produção do filme evidenciou, para além da vida de Lupicínio, a história de outros negros e negras do Sul do Brasil.

– Sujeitos como Lupicínio Rodrigues ainda não foram devidamente reconhecidos no nosso país. No caso de Santa Maria, a “cidade cultura”, ainda reina a cultura do evento, onde sujeitos negros não foram publica e institucionalmente reconhecidos como importantes figuras que por aqui passaram e deixaram seu legado. Santa Maria, como eu e meus colegas observamos ao longo da pesquisa, significou um local de angústias e amores na vida do Lupi. A vida e a trajetória dele pelas terras do coração do Estado demonstra uma outra história das pessoas negras, aquelas pelas quais nós lutamos para que se multipliquem: a de talento, de amor, e de sucesso. E por isso, é de extrema importância – finaliza Guilherme.

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