Governo federal deve relicitar ferrovias do Sul e avalia dividir em lotes a partir de 2026

O governo federal confirmou que deve desistir da ideia de renovar o contrato da concessão das ferrovias da Região Sul do Brasil com a Rumo Logística para fazer uma licitação e escolher novas concessionárias para assumir os trilhos e o serviço de transporte ferroviário, já que o contrato vence em 2027. Além disso, segundo reportagem do jornal Valor Econômico, o Ministério dos Transportes confirmou que o edital deve ser lançado em 2026, já com um novo modelo de operação que pode dividir as ferrovias no três Estados em lotes menores, a fim de atrair mais investidores. Atualmente, a Rumo administra as ferrovias do Sul. Porém, aqui no Estado, devido aos deslizamentos na enchente de 2024, três importantes ligações ferroviárias estão bloqueadas, e só está em operação o trecho Cruz Alta-Santa Maria-Rio Grande.


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Em entrevista ao Valor, o secretário-executivo do ministério, George Santoro, afirmou que a tendência atual será realizar a licitação em três lotes. O principal trecho, e que deve ser o mais rentável, deve partir de São Paulo e atender o porto de Paranaguá (PR), chegando até o porto de São Francisco do Sul (SC). Nos outros dois lotes, é possível que esteja a malha que passa por Santa Maria. O segundo lote estudado deve prever o trajeto ligando o porto de São Francisco do Sul ao porto de Rio Grande. Já o terceiro lote deve ligar Porto Alegre a Uruguaiana, fazendo conexão com a Argentina.


Lotes com Santa Maria

A coluna falou na sexta com a assessoria do Ministério dos Transportes, em Brasília, que disse que nenhum diretor poderá falar agora. A pasta ficou de responder nos próximos dias os questionamentos enviados pelo Diário, para tentar detalhar quais seriam os trechos exatos de cada lote de concessão, quais passarão realmente por Santa Maria e o que está previsto para reconstruir as ferrovias destruídas pela enchente. Atualmente, estão inoperantes os trechos entre Santa Maria e Porto Alegre, da Região Metropolitana a Santa Catarina e da Capital gaúcha até Passo Fundo. Como o custo para reconstrução estaria na faixa de R$ 5 bilhões e o contrato termina em 2027, a Rumo informou decidiu não reconstruir nada.


Ainda há muitas dúvidas e incertezas. No caso do lote 2, que ligaria os portos de São Francisco do Sul (SC) e Rio Grande, a dúvida é se o governo vai prever o trajeto com a ferrovia atual, que passa hoje por Santa Maria, ou projetará a construção de um novo trecho ligando Porto Alegre a Rio Grande de forma direta. No caso do outro lote, entre Porto Alegre e Uruguaiana, é mais provável que passe por Santa Maria, mas fica a dúvida se haveria volume de cargas suficiente para manter a operação rentável e eficiente. E também quais outros trechos do Estado estariam nesse lote de concessão. Além disso, o governo vai prever a reconstrução e reativação de milhares de quilômetros que foram desativados no Estado desde a privatização da Rede Ferroviária Federal (RFFSA), em 1997?


Outras dúvidas

A União bancará a reconstrução dos trechos destruídos pela enchente ou vai exigir que a nova concessionária faça essas obras? E será mesmo em traçados novos, para tornar a ferrovia mais rápida e competitiva?

 
Atualmente, dos 7.223 km de ferrovias da Malha Sul, 60% estão desativados – sendo que boa parte dos trilhos já foi até furtada. No Rio Grande do Sul, dos 3.823 km entregues pela RFFSA em 1997, somente 921 km ainda estão em operação. No Paraná, dos 2 mil km de trilhos, a grande maioria segue operando, justamente por ter os trechos mais rentáveis a Rumo, devido ao grande transporte de grãos (soja e milho) e outros produtos, como celulose, fertilizantes e açúcar. Já em Santa Catarina, de 1.300 km de trilhos, quase tudo está desativado.

 
Ainda há mais dúvidas do que certezas. O certo é que o Estado teve uma grave perda de competitividade logística com a quase total desativação das ferrovias após a privatização e agravada pela enchente de 2024. O transporte por trem chega a ser até 30% mais barato do que o rodoviário e é bem menos poluente. Se houvesse mais trens, reduziria o número de mortos e feridos nas rodovias, além gerar uma grande economia na manutenção das estradas, que sofrem com o desgaste dos caminhões e carretas.

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